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Inadimplência atinge maior patamar de 2025; Norte segue tendência de alta

Famílias de baixa renda e mulheres são as mais afetadas. Especialistas apontam causas e dão dicas para evitar o endividamento

Paula Almeida / Especial para O Liberal
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A inadimplência do consumidor no Brasil alcançou, em julho, o maior índice desde setembro de 2023, atingindo 30,2% da população, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O aumento foi de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior, impulsionado pelo crescimento do número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas, percentual que chegou a 12,7%, o mais alto desde dezembro de 2024.

O endividamento geral se manteve praticamente estável, em 78,5%, mas com uma mudança importante: os prazos de pagamento seguem diminuindo há sete meses consecutivos, com as dívidas de longo prazo (superiores a um ano) recuando para 31,5%. Por outro lado, compromissos de curto prazo aumentaram.

O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, avalia que o cenário exige atenção. “O aumento do número de famílias que já não conseguem pagar suas dívidas e a estagnação do endividamento indicam que os brasileiros estão no limite de sua capacidade de contrair novas dívidas. A redução dos prazos mostra um uso cada vez mais defensivo do crédito”.

Cenário no Norte

Na Região Norte, o Mapa da Inadimplência de junho de 2025, da Serasa, mostra que o problema também vem se agravando. As principais dívidas que levam os nortistas à inadimplência são com bancos e cartões de crédito (28.35%), contas básicas como água, luz e gás (utilities - 6.72%) e compras no varejo (17.81%).

Thiago Ramos, especialista da Serasa em educação financeira, lembra que a inadimplência é caracterizada pela negativação do nome em órgãos de proteção ao crédito e alerta para as múltiplas causas. “Assim como no restante do país, a inadimplência no Norte é resultado de fatores econômicos, como desemprego, taxa de juros e inflação, e sociais, como a falta de educação financeira. O primeiro passo para sair dessa situação é negociar os débitos e buscar alternativas de reorganização”.

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Causas e impactos

A economista e educadora financeira Laís Lima aponta que o cenário atual é resultado direto de um descompasso entre renda e despesas, agravado pelo aumento no custo de itens essenciais sem que os salários acompanhassem. "O uso excessivo de crédito rotativo e parcelamentos longos no cartão de crédito, com juros acima de 400% ao ano, é um dos principais vilões. Além disso, a falta de planejamento financeiro faz com que muitas famílias gastem mais do que ganham”, afirma.

Ela explica que a inadimplência não afeta apenas a vida financeira individual, mas tem reflexos em toda a economia. "Pessoas endividadas gastam menos em outros setores, desacelerando a economia e reduzindo o consumo. Isso impacta empresas, que vendem menos e lidam com atrasos e calotes, diminuindo a capacidade de investimento. É um ciclo: menos consumo leva a menos produção, menos empregos e mais insegurança financeira”.

Como evitar cair na inadimplência

Para reverter o quadro, Laís recomenda mudanças simples e práticas no dia a dia. 

“O ideal é fazer um planejamento mensal com prioridades, separando primeiro os gastos fixos essenciais, como moradia, alimentação e transporte, e acompanhando esses gastos semanalmente. Também é importante evitar crédito para consumo imediato. Se não for bem planejado, parcelar compras pode comprometer meses de orçamento”, orienta.

Ela reforça a necessidade de criar uma reserva de emergência equivalente a pelo menos três meses de despesas essenciais, mesmo que o valor guardado inicialmente seja pequeno. 

“R$ 50 por mês já é um passo. Comece com metas simples para curto, médio e longo prazo. Use o cartão de crédito apenas como meio de pagamento, não como extensão da renda, e identifique gatilhos que levam a compras por impulso, como promoções e redes sociais”.

Thiago Ramos, da Serasa, acrescenta que plataformas como o Serasa Limpa Nome permitem renegociar dívidas com mais de 600 milhões de ofertas disponíveis, enquanto iniciativas como o Serasa Ensina e o Portal Renda Extra oferecem conteúdo gratuito de educação financeira e oportunidades para geração de renda extra.

Apesar de a CNC projetar desaceleração no endividamento nos próximos meses, a previsão é que 2025 termine com índices ainda mais altos do que em 2024. Para especialistas, conter a escalada da inadimplência depende de ações combinadas: mais conscientização financeira por parte dos consumidores e políticas públicas voltadas para a estabilidade econômica e acesso ao crédito de forma responsável.

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