Frutas natalinas ficam mais caras em Belém e consumidores buscam alternativas para economizar
Segundo o Dieese, as frutas importadas, que costumam compor a ceia de Natal e Ano Novo, registraram reajustes que superam a inflação acumulada no período
Os preços das frutas mais consumidas nas festas de fim de ano estão mais altos em Belém, segundo levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) nesta quarta-feira (3/12). As frutas importadas, que costumam compor a ceia de Natal e Ano Novo, registraram reajustes que superam a inflação acumulada no período — de cerca de 4,6% — e, em alguns casos, ultrapassam 15%. A alta é atribuída a fatores como impactos climáticos na produção, custos de importação, origem do produto, estoque e flutuações cambiais. Diante desse cenário, consumidores têm buscado antecipar compras, pesquisar preços e até substituir itens tradicionalmente presentes na mesa das famílias.
Entre os produtos que mais encareceram nos últimos 12 meses estão a nectarina, que chega a R$ 25,90 o quilo, com aumento de 17,73%, e a pêra D'anjou, com reajuste de 10,35% e preço médio de R$ 17,27. As nozes com casca ficaram, em média, 8,97% mais caras, enquanto a pêra Red subiu 8,69%. Também tiveram alta a tâmara seca (7,95%), o damasco turco (7,92%), a ameixa fresca importada (6,27%), o kiwi (5,24%), as passas escuras (5,06%), a maçã verde (3,53%), a uva branca Itália (2,41%) e a maçã argentina (1,45%). Segundo o Dieese, a maioria das redes de supermercados da Região Metropolitana já reforçou a oferta de produtos típicos da época, mas os preços elevados devem impactar o orçamento das famílias.
Em um supermercado localizado na avenida Duque de Caxias, no bairro do Marco, a consumidora Meg Parente aproveitou o início de dezembro para adiantar as compras e evitar o corre-corre mais próximo do Natal. “Belém está inflamada. Eu sinto assim, a cidade parece que ainda está respirando os ares da COP 30”, disse, ao comentar o movimento intenso e a busca por tranquilidade no fim do ano. “Quanto antes eu fizer as compras melhor, tanto em termos de abastecimento quanto em termos de paz”, completou.
Meg afirma ter percebido aumentos “levemente para cima” em relação ao ano passado e diz sentir os efeitos econômicos recentes “na ponta do lápis”. Para a ceia, ela não abre mão da combinação de frutas com pratos salgados, como pêssego e abacaxi, acompanhando o tender e os fios de ovos. Mas há exceções: “O figo está muito caro. Eu disse: não, não vou levar figo este ano”, contou, explicando que pretende substituí-lo por outra fruta.
A movimentação também atraiu Raquel Silva e sua mãe, Lindalva Silva, que pesquisam preços tanto em supermercados quanto na Feira da Central de Abastecimento do Pará (Ceasa-PA). Raquel afirma ter encontrado valores mais acessíveis na Ceasa. “Vimos que lá está um preço muito bom”, disse, destacando que, por enquanto, a estratégia é observar e comparar. Para elas, algumas frutas são indispensáveis na ceia, apesar do preço elevado, como a castanha portuguesa e as nozes. Mas Raquel admite que, diante de valores mais altos, está disposta a fazer trocas: a manga, por exemplo, deve entrar na mesa como alternativa às frutas importadas mais caras.
Além dos reajustes, o Dieese chama atenção para a grande variação de preços entre um supermercado e outro, que pode superar 20%. A orientação é que o consumidor pesquise bastante e esteja atento às possíveis promoções que costumam surgir conforme a proximidade do Natal e Ano Novo. A entidade lembra também que outros produtos importados, como figo, pêssego e castanha portuguesa, continuam com valores elevados e devem pressionar ainda mais o custo da ceia.
INFO — Frutas pesquisadas pelo Dieese, com preço médio e reajuste
- Nectarina (kg): preço médio de R$ 25,90 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 22,00 em dezembro de 2024; variação de 17,73%.
- Pêra D'anjou (kg): preço médio de R$ 17,27 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 15,65 em dezembro de 2024; variação de 10,35%.
- Nozes com casca (kg): preço médio de R$ 53,83 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 49,40 em dezembro de 2024; variação de 8,97%.
- Pêra Red (kg): preço médio de R$ 21,63 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 19,90 em dezembro de 2024; variação de 8,69%.
- Tâmara seca La Violetera sem caroço (200g): preço médio de R$ 12,90 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 11,95 em dezembro de 2024; variação de 7,95%.
- Damasco seco turco La Violetera (200g): preço médio de R$ 28,60 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 26,50 em dezembro de 2024; variação de 7,92%.
- Ameixa fresca importada (kg): preço médio de R$ 30,17 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 28,39 em dezembro de 2024; variação de 6,27%.
- Kiwi (kg): preço médio de R$ 36,54 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 34,72 em dezembro de 2024; variação de 5,24%.
- Passas escuras sem semente (kg): preço médio de R$ 38,85 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 36,98 em dezembro de 2024; variação de 5,06%.
- Maçã verde (kg): preço médio de R$ 22,61 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 21,84 em dezembro de 2024; variação de 3,53%.
- Uva branca Itália com semente (500g): preço médio de R$ 15,29 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 14,93 em dezembro de 2024; variação de 2,41%.
- Maçã argentina (kg): preço médio de R$ 19,61 em dezembro de 2025; preço médio de R$ 19,33 em dezembro de 2024; variação de 1,45%.
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