‘FGTS Futuro’ pode ampliar acesso à moradia no Pará, avalia setor imobiliário

De acordo com especialistas, mercado de imóveis para a população de baixa renda no Pará é desafiador, devido aos altos preços e à oferta limitada

Gabriel da Mota
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Na última quarta-feira (27), a Caixa Econômica Federal anunciou que dará início, ainda em abril, às contratações de financiamentos habitacionais com o uso de créditos disponíveis nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A modalidade ‘FGTS Futuro’ será voltada a trabalhadores com renda de até R$ 2.640 que decidam comprar imóveis novos e usados pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). No Pará, o setor imobiliário avalia que o uso do recurso pode ampliar o acesso à casa própria a uma demanda considerável de pessoas. 

Natália Negrão, corretora de imóveis há 10 anos na região metropolitana de Belém, afirma que o mercado imobiliário para a população que se enquadra no FGTS Futuro apresenta desafios e oportunidades. “Por um lado, essa faixa geralmente encontra dificuldades para acessar moradias adequadas, devido aos altos preços dos imóveis. A oferta pode ser limitada, especialmente em áreas urbanas bem localizadas. Por outro lado, o Pará possui um mercado imobiliário diversificado, com opções que podem se adequar a diferentes perfis de compradores”, explica.

Especialista em gestão comercial para incorporadoras em lançamentos imobiliários, Natália diz que em algumas regiões menos desenvolvidas, é possível encontrar imóveis mais acessíveis financeiramente, porém, com menor infraestrutura. “O programa da Caixa pode estimular a demanda por imóveis, uma vez que os trabalhadores poderão utilizar parte de seus recursos no FGTS para aquisição da casa própria. Isso pode aquecer o mercado, especialmente para imóveis de menor valor, beneficiando a população com renda mais baixa”, destaca.

Além disso, a disponibilidade de recursos do FGTS Futuro para investimento em habitação pode estimular o desenvolvimento de novos empreendimentos imobiliários, aumentando a oferta de imóveis no mercado. Isso pode ser positivo para a economia local, gerando empregos e movimentando outros setores da construção civil. 

“É importante considerar, no entanto, que o possível aumento de demanda a partir da implementação desse benefício, se não for acompanhado por um aumento equivalente na oferta, pode levar a uma subida nos preços dos imóveis, tornando-os menos acessíveis para parte da população. Desde que bem monitorado, evitando distorções na oferta e no preço dos imóveis, este programa é bastante positivo para o desenvolvimento habitacional em nosso estado”, avalia Negrão.

Para a corretora Lanny Maciel, a ampliação de linhas de crédito para financiamento do MCMV vinha sendo aguardada no setor. “Teremos uma grande demanda, visto que essa modificação irá ampliar o atendimento de pessoas interessadas em adquirir seu imóvel próprio”, estima. Além disso, a especialista imobiliária destaca que o gerenciamento dos valores dos imóveis feitos pela Caixa irá tranquilizar os compradores. “Esperamos atingir o máximo de famílias que aguardavam por uma modificação do Programa Minha Casa Minha Vida”, finaliza.

Como funcionará a modalidade

Com previsão de vigorar em até duas semanas, o FGTS Futuro será acessível ao titular da conta vinculada do FGTS, que deverá autorizar a caução dos créditos disponíveis nas contas do fundo de garantia no momento da contratação do crédito habitacional, por um prazo de 120 meses. Essa autorização poderá ser realizada através do aplicativo FGTS, e só vale para novos contratos.

Durante o processo de contratação, o banco informará ao trabalhador a capacidade de pagamento para o financiamento habitacional, com e sem a utilização dos depósitos futuros. Caso o trabalhador opte pelo uso do FGTS Futuro, os valores serão bloqueados na conta vinculada até a quitação total do saldo devedor.

Em caso de demissão, o trabalhador não poderá sacar o saldo da conta comprometido com o financiamento do imóvel. Todo o excedente disponível na conta do FGTS será utilizado para reduzir a dívida, exceto a multa rescisória de 40% no caso de demissão, que é exclusiva do trabalhador. 

A opção pelo FGTS Futuro só pode ser feita no momento da contratação da operação, mas caso o cliente não opte inicialmente, poderá utilizar os recursos depositados em sua conta vinculada do FGTS posteriormente, conforme outras modalidades previstas em lei.

Procurada pela reportagem, a Caixa informou que ainda não possui dados sobre a quantidade de imóveis no Pará que devem ser ofertados por meio da nova modalidade, nem quantas famílias devem ser beneficiadas. 

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