Exportações do Pará em fevereiro registram queda de 10% em relação ao ano passado
Produtos minerais são maior parte dos exportados e também caem cerca de 50% com o principal comprador
Em fevereiro deste ano, o Pará registrou US$ 1.447.334.803 com exportações, valor, aproximadamente, 10,15% menor que o alcançado no mesmo período do ano passado, quando o estado obteve US$ 1.611.156.976. O valor exportado está US$ 163.822.173 abaixo do registrado no último ano. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), e, segundo eles, os produtos minerais, maior parcela entre os exportados, registraram cerca de 50% de queda na exportação para a China, principal destino das produções do estado.
Dentre as produções do estado, a venda de minérios segue sendo a mais expressiva, entretanto, também apresenta queda. Os produtos minerais saíram de US$ 1.244.223.299, em fevereiro de 2024, para US$ 834.814.697 até o mesmo mês deste ano, uma redução de aproximadamente 32%. Em valores, deixou-se de arrecadar cerca de US$ 409.408.602.
O município de Canaã dos Carajás, no sudeste do estado, fechou o último mês como o principal produtor de minérios, registrando sozinho o maior número de exportação, com US$ 366.215.511. Seguido por municípios como Parauapebas (US$ 248.837.379) e Marabá (US$ 153.052.243), também com a exportação de minérios, e Barcarena (US$ 320.704.343) com químicos e outros metais.
O principal destino dos produtos minerais exportados pelo Pará em 2024 foi o continente asiático, especialmente a China, que apenas em fevereiro representou US$ 811.473.661 do valor arrecadado com a mercadoria. A potência asiática também liderou o ranking no mesmo período deste ano, importando US$ 397.685.406, em comparação, o que resultou em uma redução de aproximadamente 50% no valor em dólares.
Na avaliação do internacionalista e coordenador de exportação Victor Brandão, os números refletem o cenário de “guerra comercial” instaurada entre o país e os Estados Unidos. Isso aconteceu após o presidente americano, Donald Trump, dobrar as tarifas de importação sobre produtos chineses, por exemplo. Com a sanção, o preço dos produtos chineses à base de alguns minérios sobre, o que afeta a balança comercial paraense, já que essa é a principal mercadoria exportado pelo estado ao país,
“Essas taxações impactam diretamente o setor siderúrgico chinês, criando incertezas quanto ao futuro e uma possível desaceleração da economia em 2025. Essas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China afetam diretamente as exportações de produtos minerais do Estado do Pará”, avalia.
Valores
Considerando as quantidades de minérios exportadas e os valores negociados, Brandão calcula uma diferença de 6,6% em quilograma exportado e 27,3% no valor em dólares, na comparação entre os meses iniciais deste ano e do anterior. “O preço das commodities, calculado em toneladas, também apresentou redução: em 2024, o valor médio negociado era de US$ 109, enquanto, em fevereiro de 2025, esse valor caiu para US$ 85”, explica.
Indústria
Na perspectiva da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) a redução nas exportações do estado também refletem um movimento comum no início de ano, quando “contratos estão sendo renovados ou revisados". A coordenadora do Centro Internacional de Negócios (CIN) e porta-voz da instituição Cassandra Lobato estima “que haja uma mudança nesse cenário a partir de abril ou maio”, deste ano.
Além da pressão internacional dos EUA, ela acrescenta a queda nas exportações de madeira. Segundo ela, “provocada por problemas internos como a demora na emissão de licenças de exportação e das licenças CITES – que são específicas para espécies como o Kumaru e Ipê”. A soma de burocracias e incertezas no exterior tornam o ambiente de negócios mais desafiador.
Apesar dos desafios, Lobato comemora alguns dados positivos da balança comercial paraenses nesse início de ano. “O Pará conseguiu avançar uma posição no ranking nacional da balança comercial. Fechamos o mês em terceiro lugar no saldo da balança e quinto entre os maiores estados exportadores do Brasil”, afirma. Para a porta-voz, a importância da economia do estado se mantém em meio ao cenário de pressões comerciais.
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