Entenda por que serviços e produtos da área de saúde custam mais caros para os paraenses
Economista Nélio Bordalo observa porque serviços de saúde no Pará, em geral, são mais caros em relação a outras regiões do país

A inflação vem perdendo fôlego desde março, deste ano, no país, influenciada pelo grupo de alimentos, com queda no preço de tomate (-13,52%) e arroz (-4%), por exemplo, no entanto, a boa nova ainda não é realidade em Belém. Das 16 cidades listadas pelo IBGE, na terça-feira (10), a capital paraense apresentou a segunda maior inflação (0,66%), atrás somente de Brasília (0,82%) e bem na frente da média brasileira (0,26%).
E, ainda, que os gastos com saúde e cuidados pessoais também tenham registrado queda (0,54%, ante 1,18%), entre maio e abril, respectivamente, a população mais velha segue enfrentando um impacto expressivo no bolso. Conforme o IBGE, neste mês de maio, houve o repasse de até 5,09% em medicamentos e há alta contínua dos planos de saúde (+0,57%).
No acumulado do ano (janeiro a maio), o IBGE aponta que Belém apresenta custos elevados com produtos e serviços de saúde, no comparativo do preço de itens na capital paraense com a média brasileira. Por exemplo, de janeiro a maio deste ano, a média de gasto do país com serviços de saúde, em geral, foi de 3,06%, em Belém, quase o dobro 5,20%.
No detalhamento dos gastos com saúde, ainda considerando, janeiro a maio, de uma lista de 18 itens, 8 aparecem com gastos superiores em Belém se comparados com a média nacional. No Brasil, o gasto com serviços médicos e dentários foi de 3,86%, em Belém, esse percentual atingiu quase o triplo 11,24%. Os gastos exclusivos com médicos também foram maiores em Belém (4,18%) no comparado com a média do país (15,58%). O serviço de dentista também foi mais caro em Belém (7,82%), no Brasil (3,66%).
Pará tem custos adicionais nos produtos de saúde, destaca economista Nélio Bordalo
A saúde é uma área cara no Brasil em muitos aspectos mas há particularidades no Pará, pondera o economista Nélio Bordalo, em Belém. ”No Pará, em função da distância dos grandes centros industriais, nós temos um custo adicional em medicamentos e insumos, por exemplo. Nós precisamos que eles sejam transportados pelas vias rodoviária ou hidroviária e isso encarece o preço final do produto que chega por causa do adicional do valor do frete, em média, de 15% sobre as mercadorias”, enfatiza o economista e e conselheiro do Conselho Regional de Economia dos Pará e Amapá (Corecon PA/AP).
Bordalo reitera um cenário estadual que impacta no preço dos produtos na área da saúde e em outros segmentos como no da alimentação, vestuário etc. “Nós não temos um parque industrial forte e enfrentamos os custos a logística”, diz ele, referindo-se a custos que incluem transporte, armazenagem, estoque e serviços administrativos, o que acaba incidindo em aumentos repassados ao consumidor final.
"É importante que os idosos conheçam sobre educação financeira até para que eles possam se planejar, uma estratégia é buscar atendimento no SUS, consultas e exames laboratoriais por serem serviços gratuitos, também vale checar a rede farmacêutica e de laboratórios que realiza promoções, fazem o cadastro de clientes em função da idade, e, claro, a pesquisa nas farmácias. Elas competem e, por vezes, é mais interessante comprar em uma rede que em outra”, orienta Nélio Bordalo.
Driblando a inflação
Taxista, Marco Castro, morador do Marco, em Belém: "Pouco adoeço, um remédio para uma gripe, uma tosse, é fácil comprar, mas há medicamentos caríssimos", diz ele. (Cláudio Pinheiro / O Liberal)
O taxista Marco Castro, 60 anos, também, mora no bairro do Marco, e, na noite da última quinta-feira (12), ele aguardava clientes em frente um supermercado na avenida Duque de Caxias. Ele disse ter boa saúde e evita a todo custo comprar medicamentos por causa do preço. “Pouco adoeço, um remédio para uma gripe, uma tosse, é fácil comprar, mas há medicamentos caríssimos, todos sabemos, plano de saúde”, disse Marco, contando que recorre às redes de farmácias populares quando tem necessidade. “Tenho três filhos adultos, mas ajudo, como posso, dois deles financeiramente, por isso, tento economizar ao máximo”, afirmou o trabalhador.
Moradora do bairro do Marco, a professora Ana Borges, de 61 anos, de fato, pesquisa na hora que precisa do setor de saúde. “Tudo é caro, os produtos de dermatologia são caros. Até um xarope para tosse é caro, então tem que sair procurando realmente. E, de preferência que tu não tenhas gastos nesse. Onde eu vou comprar? Ficar atento a isso. E tem o plano de saúde, que para a pessoa mais velha é mais caro. Eu faço pesquisa nas redes farmácias sim e também me informo sobre os especialistas da área da saúde”, ensinou Ana, que trabalha em uma escola particular.
Confira gastos com serviços de saúde no Brasil e em Belém, de janeiro a maio:
Brasil Belém
Serviços médicos e dentários 3,86% 11,24%
Médico 4,18% 12,58%
Dentista 3,66% 7,82%
Fralda descartável 2,53% 4,58%
Cuidados pessoais 3, 62% 5,49%
Higiene pessoal 3,62% 5,49%
Produto para cabelo 3,49% 5,35%
Exames de imagem 2,55% 4,66%
Gastos em maio comparados a abril deste ano:
Brasil Belém
Produtos farmacêuticos e óticos 0,62% 1,11%
Anti-inflamatório e antirreumático 0,54% 3,38%
Antigripal e antitussígeno 0,64% 1,46%
Antialérgico e broncodilatador 0,32% 1.10%
Gastroprotetor 0,94% 3,14%
Vitamina e fortificante 0,10% 2,95%
Oftalmológico 2,15% 4,06%
Antidiabético 0,93% 2,76%
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