Entenda o que pode mudar no Twitter com a compra por Elon Musk

Especialistas dizem que o bilionário pode enfrentar grandes desafios para concretizar medidas espinhosas que vem sinalizando nos últimos tempos

Luciana Carvalho
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Elon Musk, o homem mais rico do mundo, formalizou nesta segunda-feira (25) a compra de 100% do Twitter após algumas semanas de negociações, o que provocou diversas reações entre usuários e especialistas e levantou muitas especulações sobre como será “a era Musk” na rede social. As informações são do portal G1 Nacional.

De acordo com analistas ouvidos pelo G1, o bilionário enfrentará grandes desafios para concretizar medidas espinhosas que vem sinalizando nos últimos tempos, como atenuar a moderação de conteúdo, fazer alterações na verificação de perfis e abrir o algoritmo da plataforma. Por outro lado, os especialistas entendem que a ousadia de alguém como Musk poderá contribuir para fazer a rede crescer, se tornar mais rentável e esquentar a briga com rivais.

Veja o que esperar do Twitter na "era Elon Musk":

Moderação de conteúdo

A moderação de conteúdo é considerado um dos temas mais polêmicos envolvendo as redes sociais, e não existe consenso.

Há quem defenda que a tarefa de dizer quais posts ou contas ficam e quais são bloqueados ou banidos cabe às plataformas — já que são empresas privadas. Outros dizem que é preciso que a Justiça ou autoridades governamentais atuem junto dessas companhias.

E tem os que acreditam que derrubar posts ou perfis colocaria em risco a liberdade de expressão. Musk parece estar mais perto dessa última turma. "Na dúvida, deixe o discurso, deixe que exista", disse o empresário em entrevista para o canal de palestras TED. Mas Musk não deu exemplos do que deveria ser mantido ou proibido, na sua opinião, dentro das regras atuais da rede social.

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No comunicado da compra, ele ressaltou que "a liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento" e que o Twitter é "a praça da cidade digital onde assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos".

Para analistas, uma possível redução da moderação pode fazer o Twitter enfrentar problemas com a Justiça de diversos países e até mesmo perder muitos usuários.

Mudança na verificação de perfis

Uma eventual mudança no funcionamento do selo de verificação, sinalizada por Musk, tem sido vista como menos controvérsia pelos especialistas, ou seja, no novo conceito, esse selo seria usado para diferenciar perfis reais – pertencentes a uma pessoa – de robôs que propagam mensagens automáticas, discursos de ódio, fake news, etc.

Abertura de algoritmo

Para deixar o Twitter mais transparente, Musk também tem falado em tornar o seu algoritmo público.

De acordo com Nicolo Zingales, o professor de Direito e Regulação da Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), essa medida seria uma forma de responder às críticas das pessoas que se preocupam com a confiabilidade do Twitter.

Ainda não está claro como isso aconteceria, já que os algoritmos, que determinam o que os usuários veem no feed, são ferramentas fundamentais no negócio das redes sociais e guardados como um segredo industrial. Contudo, os especialistas ressaltam que mudanças como essas tendem a acontecer de forma lenta e gradual.

Desafios de crescimento

Apesar o bilionário ter dito que não queria comprar o Twitter para fazer dinheiro, o impacto da "era Musk" provavelmente irá além das políticas de uso da plataforma, segundo os especialistas consultados. O homem mais rico do mundo deverá tentar fazer a empresa crescer.

Apesar de ter 16 anos, o Twitter ainda é muito menor do que seus maiores concorrentes. De acordo com dado mais recente, divulgado em 2017, a rede tem 217 milhões de usuários diários e monetizáveis, ou seja, contas que estão aptas a visualizarem anúncios ou produtos pagos da empresa, como assinaturas. Bem aquém dos cerca de 2 bilhões do Facebook, por exemplo, o que também se reflete no faturamento.

Em 2021, o Twitter teve US$ 5 bilhões de receita, enquanto o Facebook superou os US$ 100 bilhões, aponta Pedro Waengertner, professor de negócios digitais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e fundador da aceleradora e investidora de startups ACE.

Para o professor, considerando o perfil arrojado do bilionário, a plataforma deverá aprender a trabalhar com mais produtos, trazendo inovações, conforme visto em outros negócios de Musk, como o robô humanoide da Tesla.

O economista Jason Vieira também espera que o empresário apresente um plano de negócios mais rentável para a rede social. Um dos caminhos para isso, segundo ele, é dar meios para que criadores de conteúdos tenham retornos financeiros, como acontece em outras redes. Além disso, Vieira acredita que a plataforma terá mais espaço para publicidade, outra forma de ser monetizada.

(Luciana Carvalho, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política.)

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