Estudantes movimentam mercado de aluguel em Belém com volta às aulas em julho
Com calendário alterado pela COP 30, procura por estúdios e kitnets cresce entre jovens vindos do interior
Sala, quarto, cozinha e banheiro. Essa é a descrição padrão de um apartamento compacto, modelo de moradia comum entre estudantes que vivem em Belém, vindos do interior ou de outros estados. Neste ano letivo atípico, marcado pela realização da COP30, o calendário escolar de 2025 foi alterado, com aulas em julho e recesso em novembro. A expectativa é de retorno às escolas e faculdades a partir do dia 15 de julho.
Apesar de sazonal, o público estudantil é considerado fiel pelo mercado imobiliário, que já realiza investimentos voltados a esse perfil, conforme explica Luísa Carneiro, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Pará (Creci-PA).
“Nós vemos hoje que as construtoras começaram a construir estúdios. Temos várias construtoras grandes que constroem apartamentos de 20, 28 e 30 metros quadrados”, diz Luísa Carneiro, referindo-se ao modelo de apartamento estúdio, com espaços integrados e metragem reduzida, tendência em grandes cidades.
Aluguel de estúdios varia de R$ 1 mil a R$ 4 mil
Em Belém, o valor do aluguel de um estúdio varia entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, com média de R$ 1.948. O preço depende de localização, tamanho, estado de conservação e se o imóvel é mobiliado. Sites de anúncios também listam kitnets e quarto-sala voltados a pessoas solteiras.
No bairro Carmelândia, por exemplo, há kitnet por R$ 800. Já próximo à Praça Batista Campos, um quarto mobiliado custa R$ 1.500, conforme levantamento feito pela reportagem na última sexta-feira (11).
‘Mercado imobiliário está aquecido’, diz Creci-PA
Para Luísa Carneiro, 2025 é um ano atípico. “O ano de 2025 está sendo um ano atípico por causa da realização da COP30. Nós não temos parâmetros quando se fala em termos de aluguel”, afirma.
Ela lembra que repúblicas estudantis já foram muito procuradas em Belém, sobretudo por estudantes do interior. Contudo, esse movimento diminuiu com a descentralização do ensino superior, por meio da criação de campi da UFPA e da Uepa em cidades do interior do estado.
Distância e custo são desafios na vida universitária
Sandro Lucas Freires, 23 anos, estudante de Psicologia, mora sozinho em uma kitnet no bairro do Souza, em Belém. Natural de Concórdia do Pará, ele escolheu a capital para cursar a graduação dos sonhos.
“Já trabalhei para ajudar nas despesas, mas parei por causa das dificuldades de conciliar com a faculdade. As distâncias entre casa, trabalho e faculdade eram grandes, e a rotina causava esgotamento físico e mental”, relata.
Sandro explica que, no início, teve dificuldade para encontrar um imóvel que coubesse no orçamento da família. “A maioria das casas tinha valor alto e não condizia com a qualidade. Minha mãe sempre foi a principal fiadora”, conta.
“Sempre tentei contribuir com o que posso. Quando trabalhava com carteira assinada, ajudava mais. Hoje faço trabalhos informais. Daqui a cinco anos, me vejo formado, trabalhando na minha área e, se tudo der certo, conhecendo muitos lugares pelo mundo”, projeta.
Auxílio moradia para estudantes da UFPA e Uepa
Estudantes em situação de vulnerabilidade social podem contar com auxílios moradia oferecidos por universidades públicas no Pará:
- UFPA – Oferece auxílio de R$ 700 e vagas em Casas de Estudantes Universitários nos campi de Belém, Altamira, Breves, Cametá e Tucuruí. A seleção é feita com base no Cadastro Geral de Assistência Estudantil.
- Uepa – Concede bolsas de R$ 500 para alunos de graduação presencial, com Renda Familiar Per Capita de até um salário mínimo. São ofertadas 522 bolsas por meio de edital e o bolsista deve manter matrícula ativa e realizar atividades complementares.
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