Empresários paraenses buscam estratégias contra quedas de venda de bicicletas

Depois da alta procura pelas bicicletas durante a pandemia de covid, mercado enfrenta retração

Kamila Murakami / Especial para O Liberal
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O mercado de bicicletas entrou em alta durante a pandemia de covid-19, que registrou o primeiro caso no Brasil em 2020. Com as academias fechadas, o público começou a buscar outras atividades para manter os cuidados com a saúde do corpo e da mente. Atividades ao ar livre como caminhadas, corridas e andar de bicicleta foram as que mais ganharam adeptos. Mas agora o mercado enfrenta retração no Brasil, e o mesmo ocorre no Pará, onde empresários buscam estratégias para contornar a crise no setor.

Agora, após ser decretado o fim da pandemia, o cenário de vendas das “magrelas” apresenta redução. A Associação Brasileira do Setor de Bicicletas - a Aliança Bike - analisa todos os anos as vendas do setor. De acordo com dados da entidade, no mundo pré-pandemia o varejo vendia entre 4 milhões e 4,5 milhões de bicicletas por ano no Brasil.

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Em 2020, enquanto o mundo enfrentava o coronavírus, o mercado de bikes chegou a atingir um crescimento de 50%, atingindo a marca de 6 milhões de veículos vendidos em um ano. No ano seguinte, as vendas continuaram em alta, com cerca de 5,8 milhões de saídas.

Já em 2022, o cenário começou a recuar. Naquele ano, houve uma queda de 35% em relação ao ano anterior. E em seguida, em 2023, uma nova redução de 15%. O total de vendas ficou em 3,2 milhões, abaixo do que era vendido antes da emergência sanitária.

Há 28 anos no mercado, Jorge Tapajós, proprietário da loja Bike Mania Belém, foi direto ao definir como está o mercado em Belém atualmente: “Horrível”, exclamou.

Empresário afirma nunca ter passado por nada parecido

Com quase três décadas de empreendimento no ramo, Jorge lembra que nunca passou por nada parecido. “Já passei por muitas dificuldades, mas essa com certeza foi a pior de todas. Nem quando comecei foi assim. O meu faturamento caiu em uns 70%”, lamenta ele.

O lojista destaca que, para tentar contornar a situação, se viu obrigado demitir funcionários da loja – que antes tinha 13 pessoas na equipe e atualmente conta apenas com seis –  e recorrer a empréstimos bancários para custear as despesas do empreendimento. Ainda segundo Jorge, uma outra alternativa para enfrentar a crise foi baixar o preço das mercadorias.

Tapajós cita que, entre os conhecidos que trabalham no ramo, a realidade não é diferente. “Não só eu como vários outros colegas estão sentindo a mesma coisa”, completa.

Empresário aposta na manutenção como diferencial

João Moraes é ciclista há mais de 10 anos. Ele conta que resolveu tornar a atividade em negócio há cerca de seis anos, quando abriu a loja Pé Duro Bike em parceria com a mãe. O empreendedor lembra que, em 2020, o negócio surpreendeu no faturamento, mas que agora, quatro anos depois, já sente os efeitos da redução.

“Eu percebi que a venda de bikes diminuiu bastante, porém em nossa loja conseguimos equilibrar com a prestação de serviço, que continua alta por conta da venda de muitas bikes na pandemia”, aponta.

João descreve que utiliza a manutenção dos equipamentos como um diferencial apresentado para atrair mais clientes e manter o rendimento da loja. “Hoje, as bikes que entraram no mercado precisam de manutenção. Assim, estamos conseguindo manter nosso faturamento e esperamos fechar um ano em crescimento, mas um crescimento não tão bom quanto na pandemia e logo após”, declara.

Ainda segundo o empreendedor, novas lojas surgiram com o aumento da procura pelo objeto, fato que pode ter contribuído para a disputa nas vendas. “Existe um outro ponto importante, que seria o aumento da concorrência, pois muitas lojas surgiram nos 3 últimos anos acirrando bastante a concorrência”, afirma.

Praticante: “O ciclismo mudou a minha vida"

O profissional de educação física Cléber Júnior, de 23 anos, conta que desde criança já gostava de andar de bicicleta. Porém, o hábito se tornou frequente de cinco anos pra cá, quando passou a praticar o exercício pelo menos três vezes por semana. Ele lembra que a vida já não é a mesma desde que começou a levar a sério sua história com o pedal.

“O ciclismo mudou minha vida não apenas no sentido da manutenção da minha saúde física, mas também no meu meio social, onde pude conhecer diversas pessoas maravilhosas, grupos, como por exemplo o Bike Culture Belém no qual faço parte”, declara.

O jovem diz ainda que a prática do exercício causa o bem-estar não apenas do corpo, mas da mente. “Me ajuda demais na manutenção da minha saúde mental, onde consigo tirar todo o meu estresse do dia a dia e, principalmente, os meus sintomas de ansiedade. Pedalar, para mim, não é apenas um esporte, mas é algo que já faz parte da minha vida”, acrescenta.

Cléber explica que o bolso pesa na hora da manutenção dos equipamentos. De acordo com o ciclista, o valor pode variar a cada mês. “Em média, por mês, entre 200 a 300 reais para fazer a manutenção da bike. Já em caso de troca de peças importantes o valor já é um pouco mais acima”, cita.

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