Em Belém, hotéis só têm 8% de vagas ocupadas para o Círio de Nazaré

Representantes do setor acreditam que retomada será lenta

Elisa Vaz

Até a última semana, apenas 8% das vagas nos meios de hospedagem em Belém haviam sido reservadas para o período do Círio de Nazaré. Nesta época, que geralmente traz o maior movimento do ano para a capital paraense, a lotação normal seria dez vezes maior, de 80%, segundo o Sindicato de Hotéis Restaurantes Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS-PA). Isso é um resultado da pandemia do novo coronavírus e seus impactos econômicos em vários setores, incluindo o turismo.

O estudo do sindicato também apontou que, se não houvessem as restrições contra a covid-19, todos os meios de hospedagem localizados ao longo do percurso da procissão de domingo já não teriam mais quartos disponíveis para a temporada de Círio. “Na perspectiva mais otimista, o índice de ocupação de leitos durante a quadra nazarena deve alcançar 25% da capacidade – isso considerando a vinda de pessoas de outros estados para pagar promessas à Nossa Senhora de Nazaré”, mostra a pesquisa.

A entidade espera, mesmo com as restrições, um grande movimento de turistas em Belém, principalmente vindos do interior do Estado, mas acredita que a maior parte do público deverá ficar hospedado nas casas de familiares e amigos.

Em um hotel na capital, a procura por reservas tem aumentado, porém, não se compara aos anos anteriores. Segundo o empresário Antonio Sampaio Neto, houve muito cancelamento nos últimos meses. "Foi passada uma série de informações inconstantes. Quando a Diretoria da Festa anunciou que não haveria Círio, houve um grande número de cancelamentos, até porque as reservas são feitas até um ano antes. Isso desestabilizou os hotéis, que já estavam sofrendo com movimento baixo", comenta.

Antonio lembra, no entanto, que ainda havia esperança para o setor, já que a festa aconteceria de forma diferente. Além disso, os promesseiros ainda devem vir à capital, segundo o empresário, e isso poderá incrementar o número de reservas em hotéis. "Anunciaram os fogos da Sé, algumas pessoas quiseram vir para assistir. Semana passada, cancelaram isso, então mais reservas também foram canceladas. Ficamos nessa instabilidade, e os hotéis são os que mais têm sofrido", lamenta Antonio. Mesmo assim, em seu estabelecimento não houve casos da covid-19, nem demissões, nem suspensão de atividades na pandemia. 

Ele ainda disse que, nesta época, no ano passado, muitos estabelecimentos não tinham mais vaga. Para o futuro, o empresário acredita na recuperação, já que "há uma demanda reprimida". "Não dá mais tempo de se recuperar para o Círio, mas acredito em uma melhora mais adiante", pontuou.

Alimentação

Já os estabelecimentos de alimentação devem alcançar bons índices de faturamento durante a quadra nazarena, principalmente no segundo fim de semana de outubro, mesmo com a capacidade reduzida – atualmente, até 70%. O número inclui os restaurantes, bares, lanchonetes, docerias e outros. Segundo o SHRBS, a procura por reservas de mesas para o almoço do Círio este ano já é, em média, 40% maior que a registrada no mesmo período do ano passado. “Ocorre que, em outros anos, em virtude da demanda espontânea, quase todos os estabelecimentos que trabalham com alimentos não disponibilizam reservas neste dia”, diz o levantamento.

Para os integrantes do sindicato, os prejuízos para o turismo na capital paraense são incalculáveis, e os impactos negativos causados pela pandemia só devem ser contornados a partir do ano que vem. “Já se sabia que o Círio de Nazaré não poderia ser realizado no formato tradicional, e o evento é o que mais alavanca o turismo na capital paraense. Ainda estamos enfrentando a pandemia e não se sabe ao certo como a população vai ser comportar”, informa a entidade.

Quanto ao emprego e renda, com os estabelecimentos funcionando com capacidade reduzida, o índice de contratação de mão de obra para a temporada de Círio será inexpressivo ou quase nulo.

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