Efeito cascata: aumento dos combustíveis encarece ainda mais alimentação em Belém
O setor supermercadista diz que está sofrendo pressão com os aumentos de preços de produtos, muito em reflexo à alta também da energia elétrica

A frequente alta no preço dos combustíveis – na última segunda-feira (25), a Petrobrás anunciou mais um reajuste, de 7,04% – tem provocado um efeito cascata na economia brasileira e um dos setores mais impactados foi o da alimentação. Segundo o economista Valfredo de Farias, além do frete dos itens da cesta básica e outros, esse incremento impacta no aumento das passagens aéreas, das embarcações, o que provoca ainda o aumento dos custos de produção.
“Na verdade, esse aumento dos combustíveis impacta a economia como um todo. Quando aumenta não é só a gasolina, aumenta combustível de maneira geral, álcool, querosene, e desencadeia uma onda de aumentos. Impacta, inclusive, no custo de manutenção de operações de unidades fabris, de produção. Estamos vivendo um aumento generalizado de tudo. O câmbio também impacta porque alguns alimentos são importados. Os grãos que importamos, por exemplo, são utilizados na alimentação do gado, de suíno, de aves, e isso impacta no custo da produção”, afirmou Valfredo.
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O preço médio de venda da gasolina passou de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro. O Boletim Focus divulgado na segunda-feira elevou a previsão de alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país, de 8,69% para 8,96%. O economista diz ainda que o fato do real valer tão pouco fora do Brasil acaba trazendo para o mercado a lei da oferta e da demanda.
“Como o nosso dinheiro está barato lá fora, aumenta a exportação de produtos brasileiros, como grãos, milho, soja, carnes, isso causa uma escassez dentro do mercado interno, porque tem muito indo para fora. Quando tem isso, a lei da oferta e da demanda trabalha”, finaliza Valfredo.
De acordo com o dono de uma rede de supermercados de Belém, Mauro Correa, o setor supermercadista está sofrendo pressão com os aumentos de preços de produtos, muito em reflexo à alta também da energia elétrica.
“Estão ocorrendo aumentos desses dois serviços com muita frequência, então existe uma pressão absurda. Nós, do Grupo, temos algumas estratégias para não termos repasse total dos preços para os consumidores, temos feito muitas promoções, temos dias especiais dos preços dos produtos vendidos com preço bem acessível, como a Terça do Pescado, Super Quarta e a Quinta da Carne, aí tentamos repassar de forma escalonada, e não todo o percentual repassado pelos fornecedores, para que o consumidor não tenha tanto problema nas suas economias”, ressaltou.
Já a Ceasa/PA afirma que a alta nos preços de alguns produtos hortifruigrangeiros comercializados no local se dá por vários fatores, sejam eles climáticos como estiagens, baixas temperaturas ou geadas, assim como fatores logísticos, dentre eles o frete. “Levando em consideração o atual cenário na elevação dos preços dos combustíveis, que segundo o IPCA já acumula alta de 65,3 % no preço do diesel para o ano de 2021, acabou gerando como consequência a elevação do frete e também a elevação no preço dos produtos hortifrutigranjeiros, caracterizando desta forma, um efeito cascata na cadeia produtiva”, foi relatado, em nota enviada ao Grupo Liberal.
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