Comércio de Belém sente queda nas vendas em julho, embora pesquisa indique maior intenção de compra
Lojistas apostam em promoções, marketing digital e ambientações criativas para tentar atrair consumidores, mas enfrentam desafios com férias escolares e deslocamento da população para o interior.
Apesar da pesquisa da Fecomércio-PA apontar que mais da metade dos consumidores belenenses pretende comprar mais neste mês de julho do que no mesmo período do ano passado, lojistas do centro comercial de Belém enfrentam um início de mês abaixo das expectativas. A combinação entre férias escolares, antecipação do veraneio e mudança no calendário escolar devido à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) tem impactado o movimento e forçado o comércio a buscar estratégias criativas para manter as vendas.
Quedas localizadas, criatividade em alta
Lojas varejistas de eletrodomésticos e móveis, como a gerenciada por Edson Corrêa, já sentiram uma retração de cerca de 15% nas vendas nos primeiros dias de julho em relação ao mesmo período de 2024. Segundo ele, o baixo fluxo na cidade, especialmente às segundas e quintas-feiras, e o movimento mais fraco aos sábados, devido à saída das famílias para praias e balneários, têm afetado o faturamento.
“Estamos tentando reagir com promoções, decoração temática e ações de marketing direto, como chamadas em rádio, redes sociais e locução em frente à loja”, explica Edson.
O foco tem sido a venda de produtos sazonais, como ventiladores e centrais de ar, típicos do verão amazônico.
Na área da moda, a situação não é muito diferente. Cléia Rocha, vendedora em uma loja de moda íntima e praia no centro comercial, relata oscilação nas vendas e uma queda em relação ao ano anterior, conforme relatos de colegas de loja.
“Tem dias que vendemos bem, outros não. Não dá pra prever. A gente faz o possível, oferece descontos e aposta na experimentação de peças para atrair clientes”, afirma.
Pesquisa mostra intenção, mas resultados não são homogêneos
De acordo com Eduardo Yamamoto, presidente do Sindilojas Belém (Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Belém), a pesquisa da Intenção de Consumo das Famílias (ICF), feita em parceria com a CNC, indicou que 56% dos consumidores belenenses pretendem comprar mais neste julho, enquanto 22,3% esperam gastar menos e 17,3% manter os mesmos hábitos de consumo.
Apesar do otimismo da pesquisa, Yamamoto alerta que os efeitos não são percebidos de maneira uniforme no comércio.
“Os setores mais beneficiados são os ligados às férias, como moda praia, lazer e itens escolares, por conta da antecipação do retorno às aulas devido à COP 30. O impacto é setorial, não generalizado”, explicou.
O sindicato tem recomendado aos lojistas que intensifiquem promoções sazonais, explorem o marketing digital e adaptem seus estoques às novas demandas do período. Também há incentivo à criação de parcerias com comerciantes de cidades turísticas para aproveitar o fluxo de consumidores do interior.
Julho é mês de turismo e oportunidades no interior do estado
Edson Nogueira Souza, gerente de marketing da CDL Belém (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belém), observa que o comércio não sofre exatamente uma perda nas vendas, mas sim uma redistribuição do consumo.
“Há um movimento constante até o dia 15 de julho, com consumidores comprando para viagens: roupas, itens de higiene, alimentação. O dinheiro das férias é gasto de forma planejada”, explicou.
Souza destaca a criatividade do comércio local para driblar o momento: performances nas portas das lojas, ambientações temáticas, vitrines decoradas e promoções específicas. “Tem lojista colocando tecladista, palhaço e manequins vestidos com temas de verão, tentando gerar experiência para o consumidor”, conta.
Expectativa é de retomada em agosto
Com o retorno gradual das atividades escolares previsto ainda em julho, e a normalização do calendário comercial a partir de agosto, os lojistas esperam uma recuperação.
“Agosto é um mês importante. O pessoal volta do interior, as aulas recomeçam, e o comércio tende a recuperar parte do que foi perdido”, acredita Cléia Rocha.
Enquanto isso, o comércio de Belém segue se adaptando às particularidades do verão amazônico, às transformações no comportamento do consumidor e às oportunidades geradas por grandes eventos, como a COP 30, que promete movimentar a capital nos próximos meses.
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