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Dívidas podem estar levando paraenses a retirar dinheiro da poupança

Especialistas orientam investidores a quitar pendências com renda extra e a aplicar dinheiro em produtos com rentabilidade maior

Elisa Vaz

Os saques da caderneta de poupança têm sido realizados em volumes cada vez maiores. Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira (6), R$ 7,4 bilhões foram sacados a mais do que o valor dos depósitos em novembro, sendo que essa saída foi a segunda maior retirada para meses de novembro desde 1995. A reportagem entrou em contato com o órgão e solicitou informações sobre o Pará, mas o BC informou que não possui dados regionalizados.

Para o economista Genardo Oliveira, a escalada da inflação e dos juros no Brasil, dentro de um cenário de endividamento familiar, é capaz de limitar a capacidade real de renda da população e, consequentemente, seu consumo. Com isso, há uma estagnação financeira, afetando "toda uma cadeia econômica complexa, que está conectada a várias áreas e tem um número de pessoas significativo". O resultado, segundo ele, é o aumento da inadimplência. De acordo com dados divulgados pela Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA) e já noticiados pelo Grupo Liberal, mais de 61% das famílias paraenses estavam endividadas no mês passado, e quase 25% inadimplentes.

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Com mais dívidas, quem tem dinheiro guardado, seja na poupança ou em outros investimentos, acaba recorrendo ao recurso para resolver o problema e voltar para o "azul". A dica do economista é que os consumidores utilizem recursos extras para quitar dívidas ou qualquer outra necessidade, como o décimo terceiro salário. Outra orientação é evitar o uso do cartão de crédito neste momento. "Pagar juros compostos honrando as datas de vencimentos já serão sacrificantes para o bolso. No caso de não honrá-las, irá somente piorar a situação familiar do paraense", enfatiza.

Investimentos

Especialistas dizem também que a população pode estar retirando dinheiro da poupança para investir em produtos mais rentáveis. "Acredito que a diminuição do poder de compra e a incapacidade de acompanhar os preços geraram dívidas familiares que fizeram essas mudanças mais significativas no comportamento", avalia o economista. Para quem tem mais controle financeiro, Genardo indica retirar 3% e depois, regularmente, separar apenas esses 3% da renda líquida mensal para aplicações de renda fixa mais rentáveis e significativas, ou seja, aplicações que ofereçam rendimentos anuais superiores à atual inflação de dois dígitos.

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Sócio e chefe da mesa de operações de um escritório de investimentos de Belém, o assessor Idean Alves diz que, como tudo está ficando mais caro e a poupança rende muito pouco se comparada a outras aplicações mais vantajosas em renda fixa, não vale a pena deixar o dinheiro parado na caderneta.

"Por conta da lei nº 12.703, de 7 de agosto de 2012, toda vez que a Selic (taxa básica de juros) estiver acima de 8,5% ao ano, como é o cenário atual, que está em 13,75%, a poupança rende 6% ao ano mais a taxa referencial (TR), que é praticamente zero, o que faz o investidor ganhar 0,5% ao mês. Em contrapartida, temos aplicações de renda fixa como CDBs [Certificados de Depósito Bancário], LCIs [Letras de Crédito Imobiliário] e LCAs [Letras de Crédito do Agronegócio], em que é possível ganhar 1,2% por mês, com baixo risco, e podendo resgatar a qualquer momento, assim como na poupança. Por isso também muitos investidores estão migrando para retornos mais atrativos", afirma.

Renda fixa

Os investimentos em renda fixa, ou seja, quando o investidor já sabe, ao aplicar, quanto seu dinheiro vai render sem correr riscos, estão em alta, segundo Idean, justamente pelo percentual da Selic de hoje, que ajuda na rentabilidade de títulos atrelados a ela, garantido ao investidor o chamado "ganho real", quando ele lucra acima da inflação. Ele diz que alguns títulos de renda fixa pagam hoje cerca de 16% ao ano - com prazo de resgate curto, é "um momento de céu de brigadeiro" para o investidor mais conservador que gosta de renda fixa, nas palavras do especialista.

Para quem também quer retirar o dinheiro da poupança e investir em modalidades mais atrativas, as opções mais acessíveis, seguras e familiares aos investidores são Tesouro e dívida bancária (como os já citados CDB, LCI, e LCA), em que é possível ganhar praticamente a Selic do período ou mais. "No caso do Tesouro, tem-se hoje o emissor de dívida mais robusto do país: o governo. Além da segurança, tem bastante liquidez (facilidade de negociação).

O investidor deve buscar o melhor retorno de renda fixa respeitando o prazo no qual pode precisar do dinheiro. Quanto mais tempo deixar aplicado, mais juros vai receber do mercado financeiro. O momento atual é uma janela de oportunidade que o investidor de renda fixa deve aproveitar", ressalta Idean Alves.

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