Dia do Cachorro-quente: o lanche que o Brasil reinventou
Em Belém, hotdog e cachorro-quente são alimentos distintos no cardápio

Hoje, 9 de setembro, é o dia do Cachorro-Quente, um dos lanches de rua mais queridos dos brasileiros. A receita, que surgiu nos Estados Unidos no fim do século XIX, ganhou uma versão única por aqui. Ao chegar ao Brasil, o hot dog passou por transformações, incorporando novos temperos e substituições que o tornaram ainda mais popular. Uma das mudanças mais marcantes foi a troca da tradicional salsicha pela carne moída ou picadinho, além do acréscimo de acompanhamentos como maionese, ketchup, milho, batata palha e outros ingredientes, sempre servido em um pão macio.
Em Belém, hotdog e cachorro-quente são alimentos distintos no cardápio: o primeiro é o clássico com salsicha, já o segundo é um sanduíche que leva carne moída. O senhor Mário Gonçalves de Lima, 81, vende cachorro-quente há 50 anos, na travessa Vileta, no bairro do Marco, um negócio que começou da vontade de empreender e após anos segue ativo ao lado dos filhos e outros familiares na condução do ponto de lanche, mantendo uma tradição que movimenta o comércio de rua da capital paraense.
“O segredo está no nosso produto, na carne, sempre oferecemos carne de qualidade, além da salada de repolho, cheiro verde, feito com cuidado. Fico feliz que vem gente de longe consumir o nosso cachorro-quente que é dos carros chefes.”
O estabelecimento consegue fechar com um faturamento de R$7 a R$8 mil reais por mês com a venda dos alimentos. (Cláudio Pinheiro / O Liberal)
O sucesso também se reflete nos números, segundo Mário, o estabelecimento consegue fechar com um faturamento de R$7 a R$8 mil reais por mês com a venda dos alimentos. No cardápio, o hot dog sai por R$13,00 e o cachorro-quente a R$22.
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Marinaldo Barbosa de Lima é filho do fundador e conta da emoção que é ajudar a seguir honrando o legado do pai no ramo de venda de alimentos e destaca a grande procura do público pelos sanduíches. “São 50 anos mantendo o mesmo padrão de atendimento, hoje atendemos os netos dos nossos primeiros clientes, então é uma felicidade enorme. Temos uma clientela fiel, antes mesmo de abrir já tem gente nos procurando, dizendo que estão com saudade do nosso cachorro-quente.”
Mais do que um lanche rápido, o cachorro-quente se consolidou como parte da memória afetiva de muitas famílias brasileiras, presente em festas escolares, praças e barracas de rua. O sindicalista Charles Souza conta que frequenta o espaço há anos e acredita na existência de algum segredo na receita que torna o cachorro-quente tão especial. “Um dos diferenciais está no pão e no picadinho, eu acho muito mais saboroso que o hotdog, fica um sabor especial, mas acho que tem algum segredo aqui, não é possível tanto sabor.”
O sindicalista Charles Souza conta que frequenta o espaço há anos (Cláudio Pinheiro / O Liberal)
Se antes o cachorro-quente era parte do lanche antes da faculdade, agora está presente na rotina como professor. Os anos passaram, mas o amor de Florentino Brito pelo sanduíche segue intacto. “Eu era aluno de educação física e saímos a noite da faculdade e vínhamos para cá comer, bater papo, virou um ponto nosso desde 1978. É impressionante que comemos um cachorro-quente e já queremos comer outro, deve ser algum segredo que eles guardam”, brinca.
Essa versatilidade explica o sucesso do cachorro-quente. Ele é democrático, acessível e adaptável a todos os gostos e bolsos. Pode ser consumido em pé na calçada, como um lanche rápido, ou em família, durante encontros informais.
O policial militar Fábio Rayol acredita que o cachorro-quente é mais adequado para o consumo e que o tempero brasileiro faz toda a diferença.“Eu já frequento o cachorro-quente do Mário há 30 anos, um amigo me apresentou o espaço e desde então não troquei mais. O cachorro-quente tem um tempero especial, lá nos Estados Unidos é o hotdog como uma salsicha, um alimento ultraprocessado, aqui não, é a nossa carne moída que tem um sabor muito melhor.”
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