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Desvalorização do vale-refeição preocupa empregadores e trabalhadores do Pará

Levantamento aponta que o trabalhador no Brasil precisa usar salário para completar a refeição

Abílio Dantas/ O Liberal
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Desde a chegada da pandemia, em 2020, até junho deste ano, a duração média do vale-refeição do trabalhador no Brasil tem sido de apenas 13 dias, o que significa que não dura nem até a segunda metade do mês. Em 2019, o benefício fornecido por empresas para garantir a alimentação de seus funcionários durava, em média, 18 dias. Os dados são de uma pesquisa realizada pela empresa Sodexo Benefícios e Incentivos, que considerou o valor médio mensal de R$ 40,64, da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). A pesquisa leva em conta a concessão do vale-refeição por 22 dias, que é o período útil de trabalho dos funcionários.

No Pará, os dirigentes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil- seção Pará (CTB-Pará) e do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas Belém) têm consenso de que o benefício deve ser justo, cumprindo o objetivo que o nome anuncia: valer as refeições diárias dos empregados.

Na região Norte, de acordo com o levantamento nacional, o preço das refeições fora de casa teve alta de 18,6% entre 2013 e 2022. No primeiro ano considerado, o prato custava R$ 30,45, enquanto neste ano passou a custar R$ 36,14. A variação foi a menor entre as regiões do País. No ranking nacional, a região Nordeste teve a maior alta, com aumento médio de R$ 23,74 para R$ 40,28 – o que representa crescimento de 69,6%.

Lojistas de Belém

O Diretor de relacionamento com os lojistas do Sindilojas Belém, Muzaffar Douraid Said, afirma que “a grande escalada da inflação no setor de alimentos” é o principal motivo para a alta do custo das refeições fora do lar. “Mas, mesmo assim, quando sentamos para negociar com os trabalhadores, na convenção coletiva, o que é concedido ao vale-refeição sempre é maior que a inflação. O que queremos é sempre o maior possível para que o trabalhador possa se alimentar. No caso do Sindilojas, em termos médios dos valores praticados, o vale é de R$ 13 por dia, o que achamos que é mais ou menos bom, embora a gente saiba que sempre pode melhorar”, pondera.

O dirigente do Sindilojas reitera que a entidade paga o equivalente a R$ 338 reais por mês. “Isso representa 25% do salário do trabalhador. O que significa que o Sindilojas se preocupa com a questão. Pagando mais do que o valor médio apontado na pesquisa, de R$ 40,64”, destaca.

Sindicatos de trabalhadores

O presidente Cleber Rezende, da CTB Pará, seção da central sindical que possui representação em todo o País, afirma que a crise econômica atual é a causa da desvalorização do poder real de compra do vale-refeição no Brasil. “Vivemos a combinação de Produto Interno Bruto (PIB) baixo, inflação alta, carestia dos alimentos, combustíveis, energia e serviços”, detalha.

“A Constituição de 1988 concebe a valorização de trabalho como uma fonte e uma finalidade do desenvolvimento nacional que deveria orientar a ordem econômica-social. Por esta razão estabelece que o valor do salário mínimo deve ser suficiente para manter uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças, que equivalem a um adulto). O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que em junho este valor seria de R$ 6.527,67, ou 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212,00 vigente”, argumenta Cleber Rezende.

Refeições fora de casa

O valor médio gasto em refeições fora de casa cresceu 48,3% nos últimos 10 anos. Em 2013, segundo a empresa Ticket, comer fora custava cerca de R$ 27,40, e em 2022 esse valor passou para a média de R$ 40,64.

De acordo com os dados da empresa, o avanço do preço médio das refeições poderia estar ainda maior, já que está abaixo das correções inflacionárias.  O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aponta que o valor acumulado no período analisado foi de 73,8%. Se corrigido de acordo com a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a refeição completa estaria custando em média R$ 47,62 para os trabalhadores do País.

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