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Custo da construção civil sobe no Pará, puxado por mão de obra e material

Consumidor conta que teve gastos excessivos ao reformar sua casa em 2021 e 2022

Elisa Vaz

O custo da construção civil subiu 0,37% em julho no Pará, segundo o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado como medida oficial para os preços do setor. Em junho, a variação das taxas neste segmento foi de 1,04%. Na comparação com julho de 2021, o resultado deste ano também foi menor – na época, ficou em 1,14%. Quanto ao acumulado de 2022, o percentual de julho ficou em 5,91% no Pará, e em 15,67% nos últimos doze meses.

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon), Alex Carvalho diz que a variação de julho ser menor que o índice apresentado um mês antes tem uma explicação. “Nós entendemos que, como grande parte dos Estados, as negociações salariais são feitas em maio, por meio das Convenções Coletivas de Trabalho (CCT), e essa componente da mão de obra tem um peso bastante significativo neste mês”, afirma.

A própria pesquisa mostra que, no componente mão-de-obra, o custo ficou em R$ 570,96 por metro quadrado, enquanto no componente material, a média foi de R$ 773,53 por metro quadrado. É exatamente essa segunda alta que prejudica o setor, na opinião de Alex. “Ainda persiste uma pressão inflacionária mais acentuada sobre os insumos utilizados pelo nosso setor. Em função do número de empregos que deixam de ser gerados por conta dos aumentos excessivos nos preços do material de construção, lamentamos demais e continuamos tentando buscar alternativas que possam frear essa escalada de preços”, adianta o presidente do Sinduscon.

Alta de material foi puxada pelos combustíveis

Na opinião do empresário Jorge Valente, dono de uma loja de material de construção civil, o principal motivo que puxou os preços dos itens para cima foi a alta do combustível. Ele explica que a maioria dos produtos vendidos em Belém vem do Sul do país, então o frete impacta diretamente no preço final, deixando o produto mais caro para o cliente. Outro fator é a tributação, que teve mudanças no início de julho – em vez de pagar o na hora da venda, hoje ele é pago na compra, segundo o empresário.

“Provavelmente, isso mexeu no caixa das empresas e acaba que alguns lojistas estão repassando esse impacto para o cliente. Mas, no âmbito geral, eu acredito que está estabilizado o preço do material”, afirma. O empresário acredita que o segmento é promissor e, mesmo com as altas de preços, as construções não param, principalmente porque o verão belenense proporciona as melhores condições climáticas para construir. Até o final do ano, Jorge aponta crescimento para o setor.

Consumidor relata gastos excessivos

Quem enfrentou dificuldades com a compra de material de construção foi o assistente social Jair Gomes, de 64 anos. No ano passado, ele fez uma parte da obra em sua casa, com reforma de cômodos como a suíte master, sacada, sala e gabinete, e neste ano concluiu com a reforma de dois banheiros de suítes e a cozinha. Entre uma etapa e outra, ele diz que o preço ficou “assustador”, com acréscimo “muito grande” nos valores.

A segunda fase da obra levou quase um semestre, de fevereiro a julho deste ano. Mesmo sem grandes intervalos entre as compras de material, Jair notou altas de preços. “Se eu comprava um metro de material por R$ 100, duas semanas depois já estava 10% ou 20% mais caro. Os dois banheiros têm a mesma metragem e comprei os mesmos produtos, mas, como fiz separado, para não tirar todo mundo do seu quarto, notei esse percentual de reajuste”, conta.

O que ficou mais caro, na observação do consumidor, foi o material elétrico, além do rejunte, que, durante a obra, chegou a dobrar de preço. Outra dificuldade que Jair teve foi a falta de material de construção civil no primeiro semestre, como fios e cabos elétricos, que não tinham cores no mesmo padrão. Na hora do revestimento, o consumidor também não encontrava material adequado por conta da escassez.

“Enquanto consumidor, a dica que dou é ter em mãos a relação de materiais de que vai precisar. Em segundo, fazer uma pesquisa longa e demorada em várias lojas, não só as maiores, mas as menores também, mais afastadas. Em terceiro, faça o cálculo correto, não compre a mais, tente ser preciso para não gastar à toa, até porque depois não tem onde colocar. E, por último, ter consciência de que esses preços são reajustados muito rápido”, orienta o assistente social.

Nacional

No Brasil, o Índice Nacional da Construção Civil ficou em 1,48% no mês de julho, caindo 0,17 ponto percentual em relação à taxa do mês anterior (1,65%) e iniciando o segundo semestre com o terceiro maior índice do ano. O acumulado nos últimos doze meses foi a 14,07%, resultado abaixo dos 14,53% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. De janeiro a julho, o acumulado fechou em 9,11%. Já em julho de 2021, o índice foi de 1,89%.

Custo da construção civil no Pará

Julho/2022: 0,37%

Junho/2022: 1,04%

Julho/2021: 1,14%

Janeiro a julho/2022: 5,91%

Julho/2021 a julho/2022: 15,67%

Componente mão-de-obra: R$ 570,96 por m²

Componente material: R$ 773,53 por m²

Fonte: IBGE

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Economia
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