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Crianças em tratamento contra o câncer customizam sacolas sustentáveis

Atividade é desenvolvida pelo Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, referência no tratamento de crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos

Redação Integrada

Com discussões sobre sustentabilidade cada vez mais frequentes – e após lei obrigar os supermercados a suspenderem o fornecimento de sacolas plásticas aos seus clientes –, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, referência no tratamento de crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos com câncer, em Belém, está desenvolvendo uma atividade de reciclagem e produzindo sacolas sustentáveis de tecido, customizadas com pinturas feitas por crianças que recebem tratamento contra o câncer.

Na primeira etapa do projeto, que tem parceria com voluntários e começou em fevereiro, foram confeccionadas 90 unidades, a partir de mais de 21 quilos de lençóis. Já a segunda fase rendeu a produção de outras 80 sacolas, após terem sido disponibilizados 36 quilos de tecido para a elaboração dos materiais. Depois da customização, as sacolas serão entregues ao Núcleo de Gestão de Pessoas, que disponibilizará os produtos para novos colaboradores do hospital.

A ideia de desenvolver a iniciativa surgiu do que seria um possível problema e que passou a ser uma oportunidade de demonstração de atitude sustentável, segundo a analista de sustentabilidade do Oncológico Infantil, Beatriz Garcia.

“O hospital tinha de fazer o descarte de lençóis que estavam com pequenas avarias. Esses materiais foram esterilizados, estavam segregados e não voltariam ao uso, já que ficam em um estoque inativo. Foi quando acendeu aquela 'luzinha' de que poderíamos produzir as sacolas”, conta. Ela ainda diz que a produção de sacolas faz parte de uma cadeia reversa do resíduo, gerando valor ao material e ao seu ciclo produtivo.

Mulheres auxiliam na confecção

Como as atividades de produção de sacolas sustentáveis são voluntárias, toda ajuda é bem-vinda. A técnica de enfermagem Maria de Lurdes Lima da Silva, é uma das mulheres que dedicam seu tempo colaborando com a produção das primeiras bolsas. Moradora do bairro Tenoné, em Belém, Maria conta que, há 15 anos, ela tem um forte envolvimento com a prática do voluntariado, e a maioria dos seus trabalhos desenvolvidos são ações voltadas à promoção humana em diversas instituições. Há dois anos ela resolveu usar parte de seu tempo para contribuir com o trabalho direcionado ao Oncológico Infantil.

“O voluntariado, para mim, é dar de graça aquilo que a gente recebe diariamente de graça de Deus. É um ato de gratidão e amor ao próximo”, diz Lurdes.

Maria Antonilda Martins, de 33 anos, também acompanha esse trabalho, na etapa de pintura. Ela mora no município de Mocajuba, região nordeste do Pará, e vem a Belém para acompanhar a filha Estefane Martin Cardoso, de 8 anos de idade, que, há três meses, recebe atendimento no hospital.

“Minha filha faz tratamento lá e teve uma hora que ela estava pintando, entrou uma moça e convidou ela para pintar as bolsas. Achei ótimo porque incentivou minha filha. Ela ainda está no começo do tratamento, não entende muito, mas estava pra baixo, com medo do que ia acontecer, e com a pintura ela ficou mais à vontade, está levando de uma forma mais leve. Ela ia para o tratamento com o rostinho triste, não queria passar por isso, agora ela já vai gostando de ir para pintar”, comenta a mãe.

Maria está desempregada porque dedica seu tempo a cuidar da filha doente e também de seu filho de três anos de idade. Somente em fevereiro, ela precisou vir à capital quatro vezes, e vai precisar retornar no dia 12 de abril. Sobre a doença, Maria explicou que a filha tem um tumor no cérebro, mas que não pode ser operada porque é muito nova e o tumor está se desenvolvendo junto com seu cérebro. Se os médicos fizessem uma cirurgia para retirá-lo, Estefane poderia ter sequelas.

“Agora eles querem ver o ponto que o tumor vai ficar, depois vão fazer uma cirurgia. Ainda está no começo do tratamento, que é muito forte, não tem uma data certa de duração. Eu continuo sem acreditar, fiquei muito abalada”, afirma.

A área de sustentabilidade conta com a parceria do setor de humanização do Oncológico, para garantir que o trabalho tenha uma identidade socioeducativa. É este setor que está conduzindo o trabalho de customização das sacolas. As crianças que recebem os atendimentos ambulatoriais e algumas que estão internadas no hospital participam da atividade.

Para o diretor hospitalar do Oncológico Infantil, Fábio Machado, a ação tem uma contrapartida muito vantajosa para a instituição. “As práticas de reciclagem têm um potencial transformador que podem garantir retorno econômico, contribuir para a conservação do meio ambiente e ainda ter uma finalidade socioeducativa. Essa nossa experiência é um indicativo de que estamos no caminho da prática sustentável”, comentou o diretor. Novas sacolas serão pintadas na próxima segunda-feira (15).

Ateliê com materiais artesanais sustentáveis será inaugurado

Outra novidade do hospital é a inauguração, nesta sexta-feira (12), de modo virtual, do Ateliê Gaia – Gerando amor, ideias e artes, um espaço de produção de materiais artesanais sustentáveis, como brindes e itens institucionais em geral. De acordo com a analista de sustentabilidade Beatriz Garcia, o ateliê é um investimento que atende à política de sustentabilidade da entidade. Nesse espaço, serão produzidos diversos materiais artesanais oriundos de resíduos recicláveis, como garrafas de álcool, rolos de papel-toalha, papel rascunho, filtro de café, dentre outros.

“A proposta do espaço é permitir a ressignificação dos materiais reutilizados, contribuindo, assim, com a minimização do impacto ambiental-financeiro. O Ateliê Gaia é um espaço que será usado pelos pacientes e seus acompanhantes, estendendo-se aos nossos colaboradores. Na verdade, é um espaço de economia criativa, que deverá contribuir para o processo de conscientização socioambiental”, finaliza a responsável.

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