Correios ainda precisam de R$ 8 bi para fechar contas, diz chefe da estatal

Na última sexta-feira, 26, a estatal assinou um contrato de empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco bancos

Estadão Conteúdo
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O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, anunciou nesta segunda-feira, 29, que o plano de reestruturação da companhia requer a captação de R$ 20 bilhões. Deste total, R$ 8 bilhões ainda precisam ser obtidos, com a possibilidade de um aporte do Tesouro Nacional.

Na sexta-feira anterior, 26, a estatal já havia assinado um contrato de empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco bancos. A nova captação, segundo Rondon, ainda não está em negociação, mas seguirá o mesmo rito. O objetivo é aumentar a receita operacional da empresa de R$ 18 bilhões para R$ 21 bilhões até 2027.

Como parte do plano, o Programa de Demissão Voluntária (PDV) tem previsão de gerar uma economia anual de R$ 2,1 bilhões a partir de 2028. O programa, com abertura em janeiro de 2026, pode alcançar 15 mil adesões até 2027, e prevê o fechamento de mil agências deficitárias.

Programa de Demissão Voluntária e Economias

Para a implementação do PDV, será necessário um investimento de R$ 1,1 bilhão. Esta medida visa a redução de 18% nos gastos com a folha de pagamento, com uma expectativa de economia anual de R$ 1,4 bilhão, conforme informado por Rondon.

Emmanoel Rondon destacou que a natureza voluntária do programa evita a "esterilização da força de trabalho" e reduz a judicialização. Ele ressaltou que o PDV pode ser programado "dentro da dinâmica de necessidade da empresa".

As iniciativas para redução de despesas somarão R$ 5 bilhões até 2028. A alienação de imóveis sem uso operacional deve gerar R$ 1,5 bilhão em receitas extraordinárias. Os Correios projetam resultados positivos para o plano de reestruturação a partir de 2027.

Revisão do Plano de Saúde

O presidente Rondon afirmou que o plano de saúde da empresa, o Postal Saúde, precisa ser "completamente revisto". A medida visa economizar entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões anuais a partir de 2027, devido à alta oneração atual.

Uma reportagem do Estadão indicou que a crise financeira da estatal afeta o plano de saúde. A dívida dos Correios com o Postal Saúde alcançou R$ 740 milhões em setembro, valor que mais que dobrou em relação aos R$ 348 milhões registrados em dezembro de 2024.

Fases da Reestruturação e Previsões

A primeira fase da reestruturação dos Correios visa recuperar o caixa até março de 2026. Segundo Rondon, sem as intervenções planejadas, o prejuízo da estatal atingiria R$ 23 bilhões em 2026, indicando a necessidade de uma "correção de rota" urgente.

O plano de Rondon abrange a revisão da governança, o estabelecimento de metas para funcionários e o reconhecimento por desempenho. O empréstimo de R$ 12 bilhões, assinado com Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, garantirá adimplência e a retomada da confiança na operação.

Nos anos de 2026 e 2027, a fase de reorganização será implementada. Ela incluirá revisão de pessoal, parcerias, redesenho de operações e gestão de ativos. Esta etapa tem previsão de gerar um impacto positivo de R$ 7,4 bilhões.

Os Correios acumularam um prejuízo superior a R$ 6 bilhões de janeiro a setembro. A empresa registra déficits recorrentes desde 2022, que somam mais de R$ 10 bilhões. A previsão é de uma piora nos resultados em 2026, antes de uma melhora efetiva em 2027.

Os R$ 12 bilhões captados com os cinco bancos terão pagamento mensal após um período de carência de três anos. A liquidez de 2025 será resolvida pelo desembolso atual, e a de 2026, por este e uma nova captação futura.

Desafios da Universalização

A empresa lida com um déficit estrutural anual superior a R$ 4 bilhões, decorrente da universalização do serviço postal em áreas remotas. As despesas da estatal são 90% fixas, e a folha de pagamento representa 62% do total.

Em 2016, ocorreu um "ponto de inflexão" no modelo tradicional dos correios, com as encomendas superando as cartas como principal fonte de receita, um movimento global, segundo Rondon.

Acompanhamento do Tesouro Nacional

Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, confirmou que o órgão monitorará de perto o plano de reestruturação dos Correios. Os R$ 8 bilhões adicionais podem vir de um aporte do Tesouro, que, segundo Ceron, não geraria dependência da estatal.

O Tesouro Nacional prevê que os Correios necessitem de algum aporte ou operação complementar até 2027. Esta notícia foi veiculada originalmente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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