Casos de "vaca louca" no Brasil não vão afetar mercado paraense

Especialistas garantem que mercado não sofrerá qualquer impacto, já que a defesa sanitária atua em totalidade e nunca foi identificada situação parecida aqui

Elisa Vaz

A suspensão das exportações brasileiras de carne bovina para a China, no último fim de semana, após casos da “vaca louca” serem detectados no país, não vai impactar o mercado paraense para empresas nem consumidores, segundo especialistas do setor. A doença foi confirmada pelo Ministério da Agricultura em dois frigoríficos: um de Nova Canaã do Norte (MT) e outro em Belo Horizonte (MG). Embora na balança comercial do Pará a carne bovina tenha grande representatividade – US$ 223.922.555 milhões exportados no primeiro semestre deste ano – não haverá mudanças econômicas por conta dos casos detectados.

O médico veterinário Jamir Macedo, que também é diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), explica que a doença da “vaca louca”, nome popular para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), acontece de duas formas: atípica e clássica. A primeira ocorre por fatores do próprio organismo do animal, enquanto a segunda é causada por proteínas presentes em alimentos e produtos de origem animal.

“Por ser uma doença de notificação obrigatória, a gente já realiza ações para o combate e prevenção dessa doença no Pará. É proibida a utilização de ração ou outro produto com proteína animal na sua fórmula, não é permitido administrar esse tipo de ração para bovinos e bubalinos. Neste caso foi comunicado, o Brasil adotou as medidas necessárias, mas a China suspendeu a compra da carne até que sejam demonstradas todas as ações. Por não ter risco à saúde isso vai ser contido rápido; se fosse a clássica seria mais sério e complexo”, comenta. No caso de quem utiliza essas rações proibidas, são utilizadas as sanções cabíveis em frigoríficos e na atividade rural.

Nesta segunda-feira (6), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) publicou os informes de notificação imediata referentes aos dois casos da doença, e foi concluído que eles não representam risco para a cadeia de produção bovina do país. Os informes foram apresentados pelo Serviço Veterinário Oficial do Brasil.

A última vez em que essa suspensão protocolar foi acionada foi em 2019, quando a paralisação durou cerca de 15 dias, de acordo com os especialistas. A medida de agora também deve ser de curto prazo, por isso há uma recuperação nos preços do boi gordo e das ações de empresas de proteína.

No mercado, o diretor-geral da Adepará diz que a economia não será afetada – pelo menos não a longo prazo. “Pode ter algum tipo de influência a curto prazo, mas nada grave e rapidamente vai voltar. A única forma de prevenir é não administrar a proteína animal para bovinos e bubalinos, para evitar ocorrência, e intensificando as ações”, afirma.

O zootecnista Guilherme Minssen, da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), diz que o mercado não sofrerá qualquer impacto, principalmente porque a defesa sanitária atua em totalidade e nunca foi identificada situação parecida por aqui. “Em outras ocasiões já passamos ilesos, quando ocorreram identificações semelhantes no sudeste do país. O mercado consumidor pode ficar tranquilo quanto à qualidade e, principalmente, o abastecimento de carne nas prateleiras. O Pará continua tendo as carnes bovina e bubalina mais baratas do país, e o Brasil a carne comercial mais barata no mercado mundial”, aponta.

Ele ainda diz que esses casos (atípicos e não transmissíveis) somente são detectados em países que têm a melhor inspeção sanitária e a mais competente tecnologia de informação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reforçou, em nota, que o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos.

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