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Carne e produtos derivados do trigo devem aumentar de preço em consequência à guerra na Ucrânia

Associação Paraense de Supermercados já constatou os aumentos do trigo e do óleo, além de prever outros reajustes em outras matérias-primas

Natália Mello
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O consumidor do Pará deve pagar mais caro pela carne e produtos derivados do trigo em breve, como uma das consequências da guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia no último dia 24 de fevereiro. Os dois países são grandes produtores dessa matéria-prima e de outras, e ainda de grãos, como a soja e o milho, que já registraram alguns aumentos. De acordo com os presidentes do Sindicato da Carne (Sindicarne/PA), Daniel Freire; do Sindicato da Indústria da Panificação e da Confeitaria (Sindipan/PA), André Carvalho; e da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, os reajustes nos preços dos alimentos serão inevitáveis, e o cenário é observado com preocupação.

Jorge Portugal ressalta que esse reflexo já é constatado no aumento de 30% do trigo. Outro ponto que ele afirma ser preocupante é a especulação sobre a alta no preço do barril de petróleo, que já estaria disparando. O presidente da Aspas também explica que o setor vem acompanhando os noticiários e analisando até mesmo o cenário e os impactos desde as indústrias.

“Isso tudo vai afetar diretamente aqui, principalmente nós que temos a importação via rodoviária. O aumento do combustível reflete no aumento do preço do transporte, que vai influenciar no preço final do produto. O que temos ouvido muito falar é sobre o aumento do trigo e outras commodities, que com certeza vão aumentar. Ontem tivemos uma informação que o óleo de soja já disparou de novo, a gente estava comprando a caixa de 20 unidades a R$ 162 e já foi para R$ 196. Então esse aumento já é esperado com certeza absoluta”, declarou Jorge Portugal.

À frente do Sindicarne, Daniel Freie diz que é cedo para falar com precisão sobre percentuais de aumento, mas já antecipa que os custos de produção aumentaram e tendem a aumentar ainda mais, sempre dependendo das proporções do conflito. “Itens como adubo, sais minerais e grãos para alimentação de animais já estão mais caros. As proteínas em geral estão pressionadas, principalmente, frango, suínos e até ovos, pois a base da alimentação deles são os grãos. A carne bovina não será diferente, mas depende de vários fatores, como o consumo interno, taxa de câmbio e oferta de animais terminados para abate”, avaliou.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou, nesta quarta-feira (2), que o preço dos alimentos em geral deverão ter uma alta, mas o impacto real no valor final desses produtos depende do andamento do conflito entre Ucrânia e Rússia. O presidente do Sindipan, André Carvalho, pontua que ainda não foram passados os reajustes do trigo para os panificadores, já que os moinhos trabalham com estoque, que, segundo ele, devem trabalhar esse valor até mesmo pela concorrência entre eles, que também deve absorver parte desse reajuste.

“Porque o mercado consumidor não irá suportar na integralidade esse reajuste. O setor da panificação está apreensivo quanto ao cenário, pois já trabalhamos com uma margem apertada, pois sempre absorvemos parte desses reajustes e encontramos uma economia instável que contribui muito para esse cenário de apreensão”, finalizou.

Aumentos

O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estados do Pará e Amapá (CORECON PA/AP), Nélio Bordalo, avaliou a situação e comentou algumas das razões para esses reajustes. Para ele, a questão principal para os possíveis aumentos é a elevação de preços do petróleo no mercado internacional. As cadeias produtivas e logísticas de transportes que dependem de combustíveis para suas operações terão custos operacionais mais elevados, resultando na alta de produtos alimentícios para os consumidores finais.

“Lembrando que a maior parte do transporte de itens de alimentação, quer vindos do agronegócio (campo), ou das indústrias alimentícias, são realizadas por caminhões. O exemplo dessa situação é o Pará, que importa de outros estados produtores do Brasil – em torno de 85% do que são comercializados em feiras livres, supermercados e atacadistas. Portanto, com aumento dos combustíveis, o frete no transporte sofre reajustes também. Não temos indicativo de percentuais de aumento, mas quando mais tempo durar o conflito entre Rússia x Ucrânia, maior serão os impactos nos preços dos produtos. Essa situação implica em elevação da inflação no Brasil”, detalhou Bordalo.

Outro detalhe reforçado por Bordalo é que todos os alimentos que sejam provenientes de importação do mercado internacional, tais como trigo, serão afetados, como o pão. O economista diz que a tendência é que os aumentos continuem com o conflito. “O milho, grão fundamental para a alimentação animal, é outro que afetará a inflação no mundo todo, e o produto está com cotações muito elevadas no mercado internacional. Qualquer aumento adicional vai pressionar ainda mais os custos dos produtores de carne, bovina, suína e do frango. A Ucrânia é responsável por cerca de 16% das exportações mundiais de milho. Também há o impacto nos fertilizantes, o que irá contribuir com elevação de preços dos produtos advindos do agronegócio”, concluiu.

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