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Cai número de imóveis vendidos, mas cresce taxa de lançamentos

Pesquisa feita pelo Sinduscon aponta que unidades de padrão não econômico foram as mais vendidas entre abril e junho deste ano

Elisa Vaz
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A venda de imóveis em Belém e Ananindeua caiu no segundo trimestre deste ano. No total, foram 612 unidades residenciais - verticais e horizontais - vendidas nas duas cidades que compõem a Região Metropolitana, mas o número representa uma queda de 22,5% em relação ao primeiro trimestre, quando 790 foram vendidas, e de 47,6% em relação ao segundo trimestre do ano passado, que teve 1.170 emplacamentos. Os dados são de uma pesquisa sobre mercado imobiliário feita pelo Sindicato da Construção Civil do Estado do Pará (Sinduscon-PA), em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

O presidente do Sinduscon, Alex Carvalho, diz que não é correto afirmar que o mercado imobiliário passa por um momento ruim na capital e região. O que existe, segundo ele, é uma instabilidade mundial na economia, que tem gerado fortes aumentos no custo de vida das pessoas. “Na construção civil não é diferente, nós temos aumentos colossais dos principais insumos necessários na construção de imóveis, isso faz com que percamos a possibilidade de crescer muito mais do que estamos. Os números da empregabilidade no setor traduzem exatamente esse cenário. Temos números positivos na geração de empregos, mas poderíamos estar com patamares muito além do que temos até então”, afirma.

Historicamente, o volume de vendas no mercado imobiliário fica mais aquecido no segundo semestre, segundo o especialista, o que pode ser atribuído à sazonalidade: período de menor incidência de chuvas e vários avanços de obras. Para ele, é natural que haja um aquecimento no mercado na velocidade de lançamentos, de conclusões de obras e mais efervescência no mercado. Justamente por conta disso Alex espera que, no segundo semestre, os números sejam mais expressivos na comercialização dos imóveis na Região Metropolitana de Belém.

Mesmo com a venda menor de um ano para o outro, no entanto, o número de imóveis lançados cresceu, passando de 252 em 2021 para 460 em 2022, ambos no segundo trimestre. Como o nome diz, esses são os imóveis que serão lançados em breve e já estão em fase de venda, também conhecidos como "imóveis na planta". 

Em relação ao tipo de imóvel, o Sinduscon mostra que as unidades de padrão não econômico foram as mais vendidas entre abril e junho deste ano - 266, contra as 252 do padrão econômico, segundo a pesquisa. Este é um comportamento padrão, pelo que indica o levantamento, já que nos trimestres anteriores as econômicas também eram menos vendidas. Já a faixa de preço mais vendida fica entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão.

Segundo o presidente do Sinduscon, este tema tem sido objeto de discussão não apenas internamente, dentro do sindicato, mas em todas as interfaces, principalmente junto a entidades governamentais, de modo que fica cada vez mais visível, de acordo com Alex, a falta de oportunidade que se tem para o mercado de baixa renda em Belém.

“Ananindeua é um exemplo disso e tende a adotar estratégias que favorecem mais a oferta de produtos desse padrão. Lamentavelmente, não é o que se repete em Belém. Temos um regramento excessivo, não há políticas públicas de estímulo à produção de habitação com interesse social e pelo alto custo dos terrenos na maioria dos bairros de Belém pela falta até então de regularização fundiária. Isso tem sido os principais motivos pela escassez de oferta de produtos econômicos dentro de Belém”, pontua.

Corretor nota queda

Profissional do mercado há muitos anos, o corretor Edmilson Moraes diz que a queda no número de imóveis vendidos já foi notada, mas em percentuais ainda maiores do que aponta a pesquisa. Tanto que, ultimamente, ele mais tem alugado imóveis do que vendido.

“Antes, quem comprava imóveis usados tinha capital para fazer uma mobilização de compra sem atingir a sua poupança, mas devido à questão da economia, que foi abalada por muitos motivos, há uma insegurança muito grande. Teve uma alta muito grande de locação de imóveis residenciais, apartamentos, imóveis urbanos, eu particularmente alugo muito imóvel. As pessoas têm a poupança para comprar, mas acham que não é o momento de se investir na casa própria”, opina.

A maior parte dos lançamentos de imóveis na planta, segundo Edmilson, tem sido para consumidores com mais poder aquisitivo, de classe média para alta, de no mínimo R$ 350 mil. “Houve uma queda muito grande desses imóveis populares na planta, e há mais os de alto padrão, que vão até R$ 2 milhões, estão sendo muito vendidos. Porém, o que eu tenho observado desses imóveis que foram lançados há três ou quatro anos, de alto padrão, é que as pessoas que fizeram o investimento não conseguem nem vender e nem alugar. A crise veio para empresários e eles estão tentando recuperar aquele dinheiro que investiram”, pontua o corretor. Edmilson completa dizendo que, nos últimos anos, houve uma valorização de cerca de 50% no valor do bem que foi comprado na planta.

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Economia
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