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Cacau paraense em Tóquio; chocolate feito com amêndoas de Tomé-açu recebe selo das Olimpíadas

Maior produtor de cacau do Brasil, o Pará é o único estado que possui um cooperativa que exporta as amêndoas para o Japão. Quase 100 produtores estão cadastrados

O Liberal
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Uma linha de chocolate produzida no Japão que utiliza 100% das amêndoas importadas do município paraense de Tomé-Açu, recebeu selo comemorativo das Olimpíadas de Tóquio. De acordo com informações divulgadas pelo Sebrae, a Meiji, empresa que comercializa as amêndoas paraenses, utiliza como bandeira de qualidade o fato de se tratar do primeiro produto a receber o selo de Indicação Geográfica (IG) no Pará, concedido pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. O selo é usado para produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação e identidade própria, além de os distinguir de seus similares no mercado. 

“O nosso cacau conseguiu Indicação geográfica justamente por ser um cacau fino, diferenciado, isso fica claro quando exportamos para países que possuem critérios rigorosos de exportação”, explica Fabiano Andrade, analista do Sebrae na região. Maior produtor de cacau do Brasil, o Pará é o único estado que possui um cooperativa que exporta as amêndoas para o Japão: a CAMTA - Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu. Atualmente, são quase 100 produtores cadastrados na cooperativa e o limite para a exportação são 500 toneladas anuais, o que está se tentando aumentar.

“Temos hoje 4 milhões de pés de cacau em Tomé-Açu, desses, 1 milhão é dos cooperados da CAMTA, cuja  produção é de 800 toneladas/ano, porém, desse total, nem tudo passa pelo crivo padrão da amêndoa exportada, que precisa ser acima de 1 grama, e taxa de germinação indicada”, explica Alberto Oppata, presidente da CAMTA. Desse total, ele diz que passa 400 ou 450 toneladas dentro do padrão. É uma limitação que existe e que esperam resolver em breve com os jardins clonais que estão sendo cultivados. Nos Jardins clonais são cultivadas  espécies de cacau melhorado, propícios para exportação e que são produzidos com melhoramento genético por meio de enxertias. Os três jardins clonais da cooperativa são mantidos em parceria com a Ceplac, Universidade de Agricultura de Tóquio e Meiji. Com isso, o objetivo é reduzir o custo de produção e melhorar a produtividade.

Segundo Sílvio Shibata, presidente da ACTA - Associação Cultural e de Fomento Agrícola de Tomé Açu, o Sebrae tem sido parceiro por oferecer profissionais especializados para a conquista da IG. “O Sebrae nos forneceu uma assessoria que, sem a qual, seria muito mais trabalhoso obter essa conquista” afirma. O Pará possui a terceira maior colônia japonesa do Brasil, sendo que em Tomé-Açu se concentra a maior comunidade. 

O Sebrae trabalha com um processo de governança dentro da Indicação Geográfica e levou consultorias especializadas em IG para a execução do processo. “Hoje trabalhamos a popularização da marca, deixar o brasão, sinal da IG, conhecido regional, nacional e internacionalmente, para trazer esse ganho ao produtor final”, diz Fabiano, ao destacar a parceria com o Governo do Estado na união de esforços para consolidar uma agroindústria de amêndoas, trabalhar o processo de rastreabilidade do produto, gerar um QR Code, além de contar a história dos produtores e expandir o produto.

Exportação

O primeiro lote de amêndoas de cacau com o selo de Indicação Geográfica de Tomé-Açu foi enviado para o Japão em julho do ano passado e foi um marco na importante conquista dos produtores da região. Na ocasição, foram enviadas 25 toneladas, o que rendeu cerca de 35 mil dólares para a cooperativa.

O grande diferencial do cacau de Tomé-Açu está em seu cultivo ambientalmente responsável, que simula o ambiente de uma floresta nativa: trata-se da tecnologia Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu, um modelo exclusivo na Amazônia, desenvolvido pela comunidade nipo-brasileira. “O mercado japonês gosta de saber de onde vem o produto, para nós é a maior alegria e orgulho representar o estado do Pará”, diz Alberto Oppata.

O Sebrae atuou no processo por meio de diagnóstico, consultorias e preparo dos produtores, potencializando os negócios. “Atuamos desde o processo de articulação da governança para a obtenção da IG, além de montar estratégias para o momento pós indicação geográfica, tais como acesso a novos mercados, rastreabilidade dos produtos, estudos de mercado, entre outros”, conta Fabiano ao lembrar que, após a conquista da IG, os produtores se sentiram mais valorizados e o mercado passou a solicitar os produtos com certificado de origem. “Após a implantação da rastreabilidade da IG de Tomé-açu, o chocolate consumido no Japão traz as informações do produtor, sua forma de beneficiamento e produção realizados.

O chocolate comemorativo das Olimpíadas é do tipo Bean To Bar - chocolates artesanais fabricados a partir dos grãos de cacau (amêndoas) da melhor qualidade, em uma produção mais natural, que aproveita melhor as propriedades desse insumo. Isso os diferenciam dos chocolates industrializados, que são produzidos, na maioria das vezes, a partir da massa de cacau ou da remoldagem de chocolates já prontos.

Para Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, o fato de o talento e o conhecimento dos produtores de Tomé-Açu chegarem a terras tão distantes, é a prova incontestável da qualidade da amêndoa produzida no estado. “Isso nos dá muito orgulho e sentimento de conquista e gratidão. Ao oferecer um produto de qualidade que vai ter um nível internacional de exposição, só gera contentamento e inspiração para que o trabalho continue e seja cada vez melhor. Tomé-Açu é um grande exemplo de que a perseverança, cautela e aprendizado são grandes ferramentas para grandes conquistas”, finalizou.

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