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Belém pode ganhar 20 km de transporte público de alta capacidade até 2054, aponta estudo do BNDES

Expansão da rede deve beneficiar mais de 580 mil pessoas por dia e ampliar cobertura de transporte sustentável na Região Metropolitana

Bianca Virgolino | Especial O Liberal

A Região Metropolitana de Belém poderá mais que dobrar a extensão de sua rede de transporte público de média e alta capacidade (TPC-MAC) nos próximos 30 anos. De acordo com o Boletim Informativo nº 4 do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Ministério das Cidades, há potencial para ampliar de 30 para 50 km o sistema de transporte coletivo da capital paraense até 2054.

A projeção representa um salto expressivo na capacidade de atendimento à população: o número diário de passageiros saltaria dos atuais 298,7 mil para cerca de 581 mil, o que equivale a quase o dobro de pessoas utilizando os corredores exclusivos de ônibus ou sistemas sobre trilhos, como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

O estudo também estima impacto direto em um dos principais indicadores de mobilidade urbana: o PNT (People Near Transit). Em Belém, o percentual da população que vive a até 1 km de estações de transporte público passaria de 17,1% para 29%, com a chamada Rede Futura – conjunto de projetos que inclui a expansão de BRTs e VLTs. O PNT foi criado pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) e é um dos parâmetros globais para medir o acesso da população ao transporte coletivo.

"Os números refletem o potencial de desenvolvimento de Belém. Nosso compromisso é melhorar a vida em comunidade, facilitando a mobilidade das pessoas com um transporte moderno, sustentável e seguro", destacou o ministro das Cidades, Jader Filho.

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Eficiência e sustentabilidade 

A expansão da malha de transporte também está alinhada a políticas públicas de inclusão e desenvolvimento urbano. Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o investimento em infraestrutura é estratégico para impulsionar a economia, reduzir desigualdades e melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades.

“Na Região Metropolitana de Belém, essa ampliação representa um crescimento de 65% sobre a rede atual, com potencial para reduzir acidentes, emissões de poluentes e otimizar o uso do espaço público”, afirmou Mercadante.

O levantamento mostra ainda que, com a implantação total da Rede Futura, Belém poderia elevar seu índice RTR (Trânsito Rápido para Residente) de 13 para 18 – nível próximo ao de cidades como Lisboa (15,3) e Bogotá (14,3). Esse indicador relaciona a densidade populacional urbana com a extensão das linhas de transporte público estruturado, permitindo avaliar se o crescimento da infraestrutura acompanha o avanço demográfico.

Expansão nacional 

Belém é uma entre as 21 regiões metropolitanas avaliadas pelo estudo, que projetam juntas uma expansão de 2.500 km de redes de transporte estruturado até 2054. O plano inclui a construção de 323 km de metrôs, 96 km de trens urbanos, 1.930 km de BRTs, VLTs ou monotrilhos e 157 km de corredores exclusivos de ônibus.

Atualmente, essas regiões – que incluem São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Recife, entre outras – contam com uma rede total de 2.007 km de TPC-MAC. A expectativa é que, com a implantação dos projetos propostos, mais de 80% das regiões metropolitanas atinjam pelo menos 30% da população vivendo próximas às estações, sendo que sete delas superariam 40%.

Próximos passos 

A quinta edição do boletim do ENMU, prevista para o período entre junho e agosto, terá como foco a elaboração do Banco de Projetos, com detalhamento técnico, econômico e financeiro dos quase 200 projetos que compõem a Rede Futura. A ideia é consolidar as estimativas de investimento, receitas, custos operacionais e benefícios sociais, servindo como instrumento de planejamento para estados e municípios.

Ao todo, cerca de 400 propostas foram analisadas, sendo quase metade considerada viável e com demanda suficiente para transformar o cenário da mobilidade urbana no Brasil ao longo das próximas décadas.

O Boletim Informativo nº 4 do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana está disponível no site do BNDES: www.bndes.gov.br/enmu.