Globo vai usar efeitos visuais para simular beijos no retorno das gravações

A Globo vai usar efeitos visuais para levar ao ar cenas com beijo na boca e abraços na retomada das novelas. A emissora, que se prepara para voltar a gravar “Amor de Mãe” em 27 de julho, encomendou aos seus técnicos de efeitos de efeitos soluções para sequências que até pouco tempo atrás eram fáceis de produzir, mas que ficaram inviáveis com a pandemia do novo coronavírus.

“A gente está estudando todas as possibilidades para ajudar a viabilizar as novelas”, diz Uno de Oliveira, supervisor de efeitos da emissora, responsável técnico e artístico pelos produtos de teledramaturgia. “A gente vai trabalhar com coisas muito simples, como um beijo, um toque, mas isso não é simples de fazer. Tem que ser um efeito invisível, as pessoas não podem perceber que é um efeito gráfico”.

A Globo já usa bastante efeitos visuais. No começo de “Salve-se Quem Puder”, superproduziu em seus estúdios, no Rio de Janeiro, cenas de perseguição durante um furacão devastador em Cancún, no México, misturando computação gráfica (imagens desenhadas em computador) e gravações em uma piscina com máquinas para produzir vento e chuva.

O departamento de efeitos visuais terá agora que se dedicar a produções bem mais modestas, e em escala muito maior. Como o protocolo de segurança elaborado pela emissora proíbe gravações externas, imagens de Lurdes (Regina Casé) em ruas movimentadas do subúrbio carioca ou mesmo na praia, por exemplo, serão feitas com a participação dos profissionais de VFX (de visual effects).

“Estamos estudando formas de trazer as externas para dentro do estúdio. Uma solução é mandar uma equipe pequena à praia para gravar a base. A mesma coisa com carros, vamos ter que trazê-los para os estúdios”, explica Uno de Oliveira. Base, a grosso modo, são as imagens de fundo que são intercaladas com outras imagens produzidas em ambiente controlado ou em computador.

Segundo Oliveira, o departamento de efeitos especiais tende a dobrar de tamanho nos próximos anos, porque a demanda será “gigantesca”. O novo modo de produção adaptado à pandemia vai sair mais caro e tomará muito mais tempo. Cenas simples, como duas pessoas conversando de perto, terão de ser feitas em duas etapas, uma com um ator de um lado e outra com o outro ator do outro lado.