Tapajazz realiza terceira edição do festival em Belém; confira programação

Ingressos com apelo social e pode ser trocado por 1kg de alimento não perecível; as doações arrecadadas serão destinadas a instituições de caridade

Emanuele Corrêa

15.09.22 8h00

Trio Lobita, formado por Paulinho Moura (violão de 7 cordas), Tiago Amaral (clarinete), Andréa Pinheiro (voz ) e André Souza (músico convidado - pandeiro). Há 13 anos, o grupo celebra a produção e execução do choro no Pará. (Reprodução / Walda Marques)

O Tapajazz Festival Mostra Belém está em sua terceira edição e, entre os dias 15 e 17 de setembro, reúne artistas nacionais e internacionais no palco do Teatro Margarida Schivasappa (Centur). As apresentações iniciam sempre às 19h. Os interessados podem adquirir um ingresso em troca de 1kg de alimento não perecível, a partir das 14h de cada dia, na bilheteria do evento. Os alimentos serão destinados à instituições de caridade.

O diretor e produtor Guilherme Taré, é o idealizador do Tapajazz, que começou como festival em Alter do Chão, há nove anos. Revelou que a ideia era realizar um festival parecido com a Feira Literária de Paraty, só que um festival no meio da Amazônia. "Eu como músico achei que era possível e legal se a gente pudesse criar um festival no coração da Amazônia, em um lugar como Alter do Chão. Acabou dando muito certo isso. É um festival que apresenta artistas que circulam grandes festivais de música instrumental pelo mundo", disse.

"A nossa região, mais precisamente a cidade de Santarém e Belém tem um celeiro grande de grandes músicos. Tem muito talento reunido e tradição em orquestras, tradição em grandes músicos. Seria oportuno fazer essa fusão, troca de informação. Acaba que todo mundo aprende um pouco mais. Quem vem aqui, além de deixar a expertise leva muito aprendizado", disse ao destacar a Mostra em Belém e o Festival em Santarém.

A programação no Margarida Schivasappa traz atrações como: Nego Nelson (Belém), Zé Paulo Becker (Rio de Janeiro), Trio Lobita (Belém), Amaro de Freitas (Recife), Grupo Wakerê (franco-brasileiro); Delcley Machado (Belém), Jaques Morelebaum (Rio de Janeiro); Jane Duboc e Amazônia Jazz Band.

"E nós temos esse ano uma atração internacional, porque é um trabalho de pessoas do Amapá, mas que contempla também os músicos da Guiana com aquela pegada latina, afro latina. Com músicos franceses, da região de Paris e que moram na Guiana. São professores de música, fazem um trabalho fantástico dentro da área de educação musical na Guiana. Conseguiram fazer uma união desse desses trabalhos, dentro da questão rítmica. Pegando esses tambores daqui da região amazônica e caribenha, né? Temos quatro estrangeiros no Tapa Jazz", arguiu Taré.

O Trio Lobita é um grupo de samba e choro convidado para abrir a segunda noite de programação. Formado por Paulinho Moura (violão de 7 cordas), Tiago Amaral (clarinete), Andréa Pinheiro (voz ) e André Souza (músico convidado - pandeiro), há 13 anos, o grupo celebra a produção e execução do choro no Pará.

A cantora Andréa Pinheiro conta sobre as influências do grupo e o que o público pode esperar do show, ao falar das composições autorais. "Nosso repertório é formado por composições autorais, compositores paraenses e por grandes nomes da música brasileira. Cantado e instrumental. E é isso o que vamos apresentar no Tapajazz: música brasileira cantada e instrumental, autoral e de outros compositores do cenário nacional", declarou.

Questionada sobre o cenário musical em Belém e a importância de festivais e mostras, Andrea destacou que a capital paraense tem uma produção musical intensa. "É uma cidade de muitos 'cenários'. O Jazz é um segmento que sempre se fez muito presente, assim como o choro que tem uma forte tradição na capital. E existe uma relação muito estreita entre os dois gêneros na forma como são apresentados", lembrou.

"Os músicos são convidados a subir ao palco para improvisar, sem ensaio prévio. Essa é uma característica desses dois gêneros musicais. Por isso esses festivais são tão importantes: porque levam ao público, diferentes artistas e sua forma singular de tocar um instrumento. Estamos muito felizes em poder representar o choro e o samba nessa Mostra", complementou.

Nesta edição a Mostra conta nos três dias com transmissão pelo canal de Youtube do Tapajazz. No entanto, o organizador Guilherme Taré reforça o convite ao público para prestigiar os artistas na plateia do teatro e lembrou que será um momento importante e que não poderiam deixar de lembrar o instrumentista Sebastião Tapajós, que faleceu em outubro de 2021.

"Queria agradecer ao povo de Belém que nos recebeu, recebeu o festival com muito carinho, sempre de braços abertos, nós agradecemos isso imensamente. Vai ser importante mais uma vez estar aqui em Belém apresentando o top jazz eh pra gente é uma grande honra poder contar com a casa cheia... Não queria fechar, essa entrevista falando de algo triste, mas vai ser a primeira vez que a gente vai estar sem o nosso Sebastião Tapajós no palco do Tapajazz. Ano passado foi o último espetáculo que ele participou da vida, foi aqui no palco do Tapajazz, no Margarida Schivasappa, no mesmo espaço", finalizou.