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'Sempre Um Papo': autores e público se encontram em Belém para falar sobre artes e Amazônia

Evento contará com a participação de 8 escritores falando sobre seus trabalhos e temáticas diversas com o público nos dias 7 e 8

Eduardo Rocha
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Trocar ideias com autores e especialistas sobre a Amazônia, que está na pauta do dia, pelo fato de que a um ano, em novembro de 2025, Belém sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (30 COP), e ainda sobre diversos temas relacionados à região, como a economia e as artes, é a proposta do projeto "Sempre Um Papo". Ele ocorrerá no Hangar Convenções & Feiras da Amazônia, nesta quinta-feira, dia 7, e na sexta-feira, dia 8, com entrada gratuita, e faz parte da "Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias" apresentada pela Vale, com apoio do Governo do Pará e participação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

Oito autores vão interagir com o público no "Sempre Um Papo". Nesta quinta, dia 7, às 19h, a conversa será com Airton Souza, Carla Madeira, Itamar Vieira Junior e Sérgio Abranches. Já na sexta-feira, dia 8, às 14h, a conversa é com o escritor português Valter Hugo Mãe e mais Eduardo Góes Neves, Trudruá Dorrico e Zeca Camargo.

"Sempre Um Papo" é um projeto de incentivo, criado e 1986 pelo gestor cultural Afonso Borges, de incentivo à leitura e está às vésperas de completar 40 anos de atividades. Retorna, agora, a Belém com um grupo seleto de convidados.

Após as mesas, os autores vão autografar seus livros. A entrada do público se dará mediante inscrição antecipada no site do evento: https://ibram-eventos.com.br/enrollment/F/sempre-um-papo-na-conferencia-da-amazonia/93. O projeto esteve no Pará nos anos de 2007 e 2008, levando a Belém e outras cidades, personalidades como Maurício Kubrusly, Zuenir Ventura, Ziraldo e Cacá Carvalho.

Amazônia lida e escrita

Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o escritor português Valter Hugo Mãe adiantou um pouco os assuntos que deverá abordar com o público em Belém. Sobre o gesto de ler e escrever, Valter destacou: "Encaro a escrita como necessário encontro. Escrevemos e lemos porque somos um bicho de pluralidade. Temos de buscar o outro para consumar nossa própria humanidade. Então, escrevemos e lemos para sermos humanos".

Então, nesse contexto, o que move um escritor, segundo Mãe, é "a pura constatação de que a expressão é elementar humanidade e nenhuma expressão se torna mais madura do que a escrita". Valter Hugo Mãe tem um trabalho que mistura vários tipos de arte. Para ele, as artes acabam se encontrando sempre. "Já misturei arte plástica e música com a escrita. Nada tem de ter limite. No centro de nossa existência tudo é uno, como uma entidade só, uma pérola só gestada enquanto memória absoluta".

Acerca da problemática da preservação da Amazônia, Valter Hugo Mãe ressaltou: "Eu mesmo escrevi uma ficção que tem lugar na Amazónia. Uso minha voz em todo o mundo para defender a importância desse lugar gigante e fértil, como uso para defender seus povos e sua autodeterminação. A Literatura tem sempre a possibilidade de defender aquilo em que acreditamos e um livro só pode gerar uma empatia enorme num leitor. Leitores informados são normalmente leitores com respeito. O resto acontece por interesses nefastos. Por corrupção e maldade".

Desafio verde

o sociólogo e escritor Sérgio Abranches se manifestou acerca do desafio para governantes e população em geral, em escala mundial, de preservar a região amazônica. "A força política dos que contribuem para destruir a Amazônia tem sido preponderante. Cresceu no governo Bolsonaro. O governo Lula é um governo partido. Há um setor que luta para conter o desmatamento e conseguir levar adiante um projeto de restauração e um setor, nucleado pelo Ministério das Minas e Energia e Petrobras, que deseja retomar projetos hidrelétricos, estradas e explorar petróleo na costa da Amazônia. Ao mesmo tempo, desmatadores, grileiros e garimpeiros têm apoio de um forte grupo no Congresso, nucleado pela frente ruralista", afirma.

"Em escala mundial, o maior problema é ver que o esforço interno, quando existe, não é suficiente. Isso compromete a credibilidade e desincentiva o financiamento externo de ações de proteção e restauração. O próprio Lula é contrário à lei europeia que proíbe a importação de produtos associados ao desmatamento. Ainda assim, há países dispostos a financiar projetos de restauração florestal na Amazônia", pontua Abranches.

O sociólogo falou sobre a expectativa dele com relação à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (30ª COP) em Belém, no mês de novembro de 2025. "Há uma grande expectativa no Brasil e global pela COP 30. Ela terá como objetivo aumentar a ambição das metas dos países, buscando reduzir o chamado 'gap' de emissões. Cobri várias COPs, até a de Paris, quando fecharam o Acordo de Paris. As decisões são sempre pelo mínimo denominador comum, portanto insuficientes em relação ao que recomenda a ciência. Quando chegam a uma meta recomendada pela ciência, como a de não ultrapassar e tentar ficar abaixo de 1,5C de aquecimento médio global no Acordo de Paris, as contribuições que cada país oferece fica muito aquém do necessário. Aumentar as contribuições até o necessário é essencial. Espero que a COP30, em Belém faça isso, mas sou cético de que realmente aconteça no concreto", concluiu.

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