Público confere 'Amazônia Líquida - Especial COP 30' no Palacete Faciola até este domingo (3)
Será o último dia da exposição de trabalhos de Rose Maiorana e Tarso Sarraf neste espaço histórico e cultural da vida paraense e a entrada é gratuita

A Amazônia sempre deu bons frutos para quem vive nela. Durante o auge do Ciclo da Borracha (1879 a 1912), foi erguido um dos prédios mais expressivos e belo da história do Estado do Pará, o Palacete Faciola (construído em 1901), na esquina da avenida Nazaré, 138, com a travessa Dr. Moraes, no centro de Belém. Para isso, foram utilizados, entre outros itens, recursos naturais da flora regional em larga escala. Agora, desde o dia 29 de maio, o Centro Cultural Palacete Faciola abriga a exposição "Amazônia Líquida - Especial COP 30", da artista plástica Rose Maiorana, vice-presidente do Grupo Liberal, e do fotojornalista Tarso Sarraf, coordenador de Audiovisual e Fotografia do Grupo. Essa mostra pode ser visitada neste sábado (2) e no domingo (3), das 9h às 17h, e nela é abordada justamente a relação entre os seres humanos e os ecossistemas naturais dessa região, no intuito de chamar a atenção da sociedade em geral para a necessidade de preservação ambiental nesse bioma.
A fim de colocar em prática essa proposta, Rose Maiorana fez intervenções artísticas em fotos de Tarso Sarraf, tudo com foco na realidade amazônica. Resultado: a mostra teve sua estreia em São Paulo, no ano de 2023, e obteve repercussão internacional
ao integrar mostras coletivas em países como Bélgica, Portugal, Espanha e Emirados Árabes Unidos.
A circulação dos trabalhos é uma estratégia importante de seus autores pelo fato de os quadros funcionam como fonte de reflexão acerca da preservação e aproveitamento adequado das riquezas naturais da Amazônia e sobre os desafios macros dos povos da floresta e dos núcleos urbanos da região.
Identidade
Essa reflexão provocada pelos trabalhos de Rose e Tarso ganha uma dimensão ainda maior neste segundo semestre de 2025, porque em novembro próximo a Cidade de Belém sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), com previsão de cerca de 50 mil visitantes na capital do Pará. Na COP 30, dirigentes e representantes de países discutirão propostas para viabilizar o desenvolvimento sustentável e preservar a humanidade das agruras de mudanças climáticas avassaladoras em um futuro bem próximo.
"Amazônia Líquida - Especial COP 30", fundamenta-se no conceito de “modernidade líquida”, do filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, pelo qual tudo na sociedade contemporânea, entre relações, instituições e identidades, mostra-se fluido, volátil e dinâmico, em que nada é fixo e duradouro. Uma sociedade em que pontuam a incerteza, o individualismo exacerbado e o consumismo desenfreado, tornando cada vez mais frágeis os laços sociais e compromissos.
Desse modo, a mostra no Palacete Faciola faz pensar sobre esses aspectos da vida que se leva expostos pelo conceito de Bauman. Nas intervenções de Rose Maiorana em fotos de Tarso Sarraf, os visitantes da exposição encontram cenas únicas do cotidiano das populações amazônidas no contato com a natureza, ou seja, banhadas nos saberes ancestrais existentes na região. Nesses trabalhos, fica bem clara a necessidade de preservação do meio ambiente, inclusive, para a própria preservação dos seres humanos, sejam eles povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas ou moradores das cidades.
Sobre esse desafio existencial para os povos, foco da mostra, Rose Maiorana comenta: “A exposição reflete expoentes da nossa Amazônia paraense. É um registro socioantropológico do estado que reverbera belezas e necessidades, principalmente a frágil relação do homem com o meio ambiente”.
Às vésperas da COP 30, como destaca Rose Maiorana, mostra-se mais urgente a abordagem da realidade da região, e, nesse sentido, "a característica fundamental deste projeto é conscientizar as pessoas de sua responsabilidade com o planeta, ainda mais numa região tão importante quanto a Amazônia”. A artista plástica pontua que a Amazônia não se restringe à floresta e aos povos originários.
“Somos tudo isso, com orgulho, e muito mais para apresentar ao mundo. Somos cidade, tecnologia, inovação, uma população em constante e criativa transformação. Queremos ser vistos e ouvidos. E a arte tem o poder de sensibilizar e informar muito além dos estereótipos”, enfatiza.
A parceria com Rose Maiorana, como diz Tarso, ampliou os horizontes da fotografia documental. “Acho que isso mostra mais ainda que o projeto está ficando grande. Os visitantes poderão acompanhar dois tipos de obras: a fotografia e a intervenção artística”, salienta o fotojornalista.
Na avaliação de Armando Sobral, diretor do Sistema Integrado de Museus e Memoriais, do Governo do Estado, que promove um circuito de promoção da arte contemporânea da região, "a exposição ‘Amazônia Líquida' se insere nesse conjunto como uma ação importante para o fortalecimento da produção artística do nosso estado. Nosso objetivo é justamente esse: fomentar e dar visibilidade à arte feita aqui, por artistas que dialogam diretamente com o território amazônico”, afirmou.
Serviço:
Exposição “Amazônia Líquida – Especial COP 30”
De Rose Maiorana e Tarso Sarraf
Local: Centro Cultural Palacete Faciola, avenida Nazaré, 138 - Nazaré, Belém
Visitação: Neste sábado (2) e no domingo (3), de 9h as 17h;
Entrada gratuita
Em cartaz até dia 3 de agosto.
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