Projetos ajudam crianças a se deliciarem com a literatura infantil

"BombomLer” se trata de uma Biblioteca Comunitária Itinerante no bairro da Marambaia

Bruna Lima
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A literatura é uma arte e, como toda arte, precisa ser, antes de tudo, deleite, encantamento e que precisa “mundiar” leitoras e leitores, diz Janete Borges, que é professora de português e atua no projeto “Bombomler”. Neste 18 de abril, dia nacional da literatura infantil, é importante se deliciar e conhecer iniciativas que incentivam o hábito da leitura para crianças e adolescentes.

E o projeto “BombomLer” é um destes trabalhos. Se trata de uma Biblioteca Comunitária Itinerante no bairro da Marambaia que nasceu de um carrinho de bombons, por isso o nome remete a essa guloseima, que pode ser comparada com a delícia que é a leitura, “ler é bombomdemais”, diz o lema do projeto.

O objetivo é de promover a leitura para “almas crianças de todas as idades”, como diz Rita Melém que, junto com Cris Rodrigues, criaram a biblioteca. O projeto também defende a leitura como direito humano, visto que ela é essencial à vida, todo mundo deve ter acesso ao livro, principalmente de literatura. Inclusive, no próximo dia 26 a BombomLer completa cinco anos, que serão comemorados com uma ação no dia 1º de maio.

No início, as ações aconteciam uma vez por mês na praça D. Alberto Ramos, no mesmo bairro da biblioteca, levando no carrinho de bombons: livros, contações de histórias, escritoras e escritores paraenses e muita ludicidade. A maior dificuldade no início foi a arrecadação de livros, que hoje já foi superada.

“Nossas ações acontecem prioritariamente no bairro da Marambaia atendendo escolas públicas e comunidades do bairro por meio de alguns projetos como: o “Toda vez que eu leio um livro, o mundo sai do lugar”, “Bom é ler de porta em porta” e “BombomLer na praça”, dentre outros”, explica Janete. 

Como se trata de uma biblioteca itinerante, as ações acontecem direto nas escolas e nas comunidades, mas existe um espaço de apoio, no qual o projeto recebe as escolas para algumas ações tanto com crianças quanto com adultos. “As crianças têm gostos diversos, depende da idade e da fluência leitora em que estão”, pontua Janete.

Diante do contato direto com o público infanto-juvenil, Janete faz uma avaliação com relação ao conteúdo para este público e ela explica que há uma diversidade de obras que atendem todas as idades, mas, ela pontua que, infelizmente, ainda é bem delicado para que uma obra seja publicada.

“Aqui em Belém temos muitas obras que estão ainda nas gavetas, pois não é barato publicar e o incentivo dos órgãos públicos e privados é pouco, quando não há esse incentivo, isso dificulta muito o mercado editorial local. Basicamente são as autoras e os autores quem pagam pelas suas publicações, além desse fator, a maioria também distribui, ou seja, fica a seu critério fazer o que poderia ser feito pelo mercado editorial”, lamenta.

Em se tratando das mudanças nas publicações ditas infantis (há algumas discussões importantes sobre essa nomenclatura), hoje o mercado editorial tem um olhar um pouco mais sensível para a literatura enquanto uma linguagem artística, antigamente, sem essa sensibilidade, muito livros estavam carregados de instruções e moralismos. 

Sobre a importância da literatura, Janete destaca que ela precisa mexer com a nossa sensibilidade, com nossas emoções e nos levar a olhar o mundo ao nosso redor de uma outra maneira, “como nos ensina Manoel de Barros: nos levar a ‘transver’. Por isso ela é tão importante na vida das crianças, e quanto mais cedo elas têm acesso ao texto literários, seja pela escrita ou pela oralidade (através das contações de histórias), mais sensíveis, mais questionadoras, mais inteligente e, usando a fala de Paul Zumthor, mais bonitas, serão. Desta forma teremos ser humanos que poderão fazer toda a diferença em nossa sociedade exatamente por tornar-se mais humano a partir do literatura”, avalia.

Outra iniciativa tão importante quanto a “Bombomler” é o espaço cultural “Gueto Hub”, localizado no bairro do Jurunas, mais uma iniciativa que visa democratizar a cultura dentro de uma comunidade periférica de Belém.

Juliana Evangelista, que é moradora do Jurunas e trabalha no espaço, fala da importância e do prazer de ver o contato das crianças com a literatura. “As crianças e os adolescentes da periferia têm interesse pela leitura e por conhecimento, mas o que falta é mais incentivo. Por meio do espaço vejo o quanto eles gostam e se interessam por esse mundo fantástico”, destaca a jovem.

Ela acrescenta que o interesse pelos gêneros são variados, mas há uma grande procura pelos livros em quadrinhos.

O projeto nasceu em 2021 por Jean Ferreira, mas antes disso ele atuava com o Sebo do Gueto. Com o Gueto Hub ele ampliou o projeto incluindo outras atividades dentro do espaço como coworking, oficinas, exposições e uma biblioteca comunitária.

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