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'Ópera Profano' discute temas delicados no Margarida Schivasappa

Espetáculo sobre homofobia, transfobia, religiosidade e abandono familiar terá única apresentação neste sábado

Vito Gemaque
fonte

Imagine se a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré fosse roubada em plena Trasladação. Este é o ponto de partida para o espetáculo “Ópera Profano”, que será apresentado neste sábado, dia 2, no Theatro Margarida Schivasappa, no Centur, a partir das 20h. “Ópera Profano” é definido um espetáculo perturbador, que tem como cenário o cinema de sexo explícito mais antigo de Belém: Cine Ópera. Com faixa etária indicativa do espetáculo de 18 anos, o texto de Carlos Correia Santos fala sobre temas como homofobia, transfobia, religiosidade e abandono familiar.

A história envolve temas delicados na sociedade e se passa em um sábado de Trasladação, quando em meio aos preparativos da segunda mais importante procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a imagem peregrina da padroeira dos paraenses é roubada. A cidade em comoção se pergunta onde foi parar a imagem da santa.

Próximo de toda a confusão, em um cinema sujo, quase esquecido, a travesti Tota assume. "Eu roubei a Nazinha! Eu fui lá e fiz", diz. Este é o início da peça. A travesti rouba a santa para tentar acalentar a amiga Baby. Outra travesti que enfrenta complicações causadas pelo HIV e que vê em Nossa Senhora a chance perfeita para ser redimida.

"Escrevi Ópera Profano em 2005 para discutir homofobia, intolerância social, opressão religiosa. Jamais imaginei que 15 anos depois o texto fosse estar ainda mais agudo e atual que naquela época da escrita. Infelizmente as coisas desabaram para trás nesse país. E penso que a peça hoje é muito mais provocadora de debates que há 15 anos", explica o autor da peça, Carlos Correia Santos.

Com 12 atores, o espetáculo tem direção de Danilo Monteiro e Tiago de Pinho. Ambos já dividiram em outras montagens o mesmo papel do garoto Ângelo, um jovem de classe média que frequenta o Ópera. "Voltar como um dos diretores do espetáculo é uma imensa responsabilidade, pois é um texto provocador e imensamente importante na minha vida artística", explica Danilo.

Diferentemente de 2010, quando o espetáculo foi montado pela primeira vez, agora o clima de animosidade no Brasil foi sentido pelo elenco. Segundo o diretor Tiago de Pinho, as reações negativas à história foram bem mais fortes

“Em 2010, tivemos alguns problemas recorrentes, como comentários e algo a mais. Dessa vez, os seguidores da escola de teatro que temos na cidade deram unfollow, diziam que era um desrespeito uma travesti estar com a santa, que não se brinca com o que é religioso, outras pessoas dizendo que não vão, até parentes de atores dizendo que não vão assistir o espetáculo. As pessoas estão julgando antes de conhecer. A Nazica é amor e está ali sendo reverenciada o tempo todo, ela é uma grande mãe no espetáculo”, detalha.

A companhia ainda planeja para este ano os espetáculos ‘Cats da Brodway’, com um elenco de atores de musical, a peça espírita ‘A Viagem’, o infantil ‘Aladdin’, e a adaptação para o teatro da novela ‘Chocolate com Pimenta’.

Agende-se

Espetáculo Ópera Profano
Data: sábado, 2/11, às 20h
Local: Theatro Margarida Schivasappa
Ingressos: R$ 25

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