'O Auto da Compadecida', que vai ganhar filme de sequência, também é sucesso no teatro de Belém

Após 25 anos, o filme O Auto da Compadecida, baseado na obra teatral de Ariano Suassuna, terá uma continuidade nos cinemas. Vamos relembrar as principais frase e trechos do filme que viralizaram e escutar artistas de teatro que já montaram o espetáculo. Vamos falar com os artistas para fazermos um ensaio fotográfico.

“O Auto da Compadecida”, peça teatral de 1955, de Ariano Suassuna, que narra as estripulias dos pobres João Grilo e Chicó, continua conquistando o público no teatro, no cinema e na literatura. Recentemente, após quase 23 anos de lançamento do filme da obra, os atores Selton Melo e Matheus Nachtergaele, que interpretaram os personagens célebres, anunciaram o filme de sequência do longa. Em Belém, os grupos de teatro costumam abrir temporadas do espetáculo sempre com a casa cheia.

'O Auto da Compadecida', elenco do grupo Atores em Cena. (Bruno Moutinho/ Divulgação)

O Auto da Compadecida é reconhecido como uma obra emblemática do teatro brasileiro. O grupo Atores em Cena, de Belém, fez uma adaptação no ano de 2020, assinada pelo diretor Gê Souza, que voltou em cartaz em dezembro passado e já vai repetir no próximo fim de semana, 1 e 2 de abril, no Teatro de Bolso, como é chamado o espaço de apresentação da companhia. Nessa adaptação, a obra clássica de Suassuna é preservada ao máximo, especialmente nos figurinos e no texto. “As pessoas já conhecem e buscam as cenas clássicas, mantivemos a essência”, conta Gê Souza. A peça da Atores em Cena traz 17 atores no palco, com Hilson Costa e Luan Gaiaço nos papéis principais.

Apesar de ser ambientada na região Nordeste, a crítica social é abordada em formato de comédia gerando identificação no público. “O Auto fala de assuntos fundamentais de uma forma leve”. “As pessoas se identificam com a simplicidade de Chicó e João Grilo, com a devoção do padre com o bispo, com a energia do padeiro e da mulher, com a serenidade da Compadecida, o comportamento explosivo do diabo... é um espetáculo que, num mesmo enredo, mexe com uma quantidade grande de personalidades. Através do riso, os espetáculo leva o público a refletir sobre as próprias atitudes”, avalia Souza.

'O Auto da Compadecida', elenco do grupo Atores em Cena. (Bruno Moutinho/ Divulgação)

Diálogos fortes

Já o diretor e dramaturgo de Belém, Tiago de Pinho, da Casa de Artes Tiago de Pinho, assina outra adaptação dessa obra. “A nossa versão estreou em 2017, protagonizada pelos atores Alle Peixoto e Andrey Moura. Foram três dias no Teatro Margarida Schivasappa com grande sucesso de público”, recorda.

Os diálogos trazem mensagens fortes na boca de personagens humildes, como esses apontados por Tiago: 

_“Vivem querendo que pobre não tenha defeito. (…) É tanta qualidade que exigem pra dar emprego que eu não conheço um patrão com condição de ser empregado”.  Ou nesse: “Mas eu posso? Me diga mesmo se eu posso! Bife passado na manteiga para o cachorro e fome para João Grilo. É demais” - João Grilo.

_“Por que foi que Vossa Reverendíssima me chamou de safado?” – diz João Grilo. – “Porque você é um amarelo muito safado. – afirma o padre. _ “Pois se esqueceram de botar isso na minha certidão de idade!” – completa o protagonista.

“O grande desafio foi transpor a dramaturgia do Ariano Suassuna para os palcos, para os atores paraenses, para realidade do nosso teatro. É um texto muito difícil de se adaptar porque é rico e com características muito próprias. Trabalhar esse texto foi enriquecedor demais para mim como diretor e para o elenco”, recorda Tiago.

Agende-se:

Dias e horários: Sábado, 1 de abril, às 19h; e domingo, 2, às 16h e às 19h

Local: Teatro de Bolso Atores em Cena (Av Nazaré, 435, quase esquina com a Tv Benjamin Constant, bairro de Nazaré)

Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada) à venda pelo Whatsapp (91) 98430-4157