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Nazaré Pereira faz show em Belém e mostra conexões da Amazônia com o mundo

Será no dia 5, na Cervejaria Cabôca, e cantora convida o público para um passeio sonoro em 47 anos de carreira de sons da região

Eduardo Rocha
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Muito mais forte e decisiva que a das redes sociais mostra-se a conexão do lugar em se nasceu e onde se vive. Isso fica claro na trajetória da cantora Nazaré Pereira, nascida em Xapuri, no Acrem, que morou no Pará, onde passou a se destacar no cenário artístico, e há tempos reside em Paris, na França, como uma verdadeira embaixatriz da cultura amazônida. Por isso, o show “Xapuri-Pará-Paris” que ela vai apresentar no próximo dia 5 de junho, a partir das 20h, na Cervejaria Cabôca, no centro de Belém, vai possibilitar aos fãs de carteirinha e aos novos admiradores do trabalho da artista passear pelas sonoridades e imagens da Amazônia, ponto de partida e de chegada da obra de Nazaré.

Essa artista mantém uma relação umbilical com a realidade amazônica, de uma beleza pujante e desafios ambientais estratégicos para o mundo, e simultaneamente um  relacionamento afetuoso com o cenário europeu, a partir da França onde mora, também marcado pela tensão relacionada a guerras,  crise econômica mundial e questões climáticas. Atenta ao que ocorre no mundo, Nazaré Pereira mantém uma carreira admirada por gerações. E isso se vê  na disposição dessa artista que nunca se intimida em  cruzar fronteiras para mostrar os sons da região amazônica e saudar a vida.

No clima de preparação desse novo show, Nazaré não esconde o entusiasmo em poder reencontrar o público de Belém. Ela conta que o título do show se baseia em música composta por ela e Aurélia Moura, pelo fato de Nazaré ter nascido na Cidade de Xapuri (AC) e crescido em Icoaraci, distrito de Belém do Pará. Um conexão em todo os sons e sentidos.

“Vai ser um show animado. Eu preparei um repertório com as  músicas que o pessoal gosta, meu povo do Pará gosta, como 'Lá vou eu’ e outras. ‘Xapuri do Amazonas’, que não pode faltar, e muito carimbó, como ‘Ilha do Marajó’, “Boju pra Você’, ‘Nasci para Bailar’ e outras. Vai ser uma festa animada”, garante Nazaré.

Som de raízes

No palco, ela vai estar em ótima companhia: Davi Amorim, no violão; Príamo Brandão, no contrabaixo; Márcio Jardim, na percussão, e William Jardim, na  guitarra. Mas, como plus para a plateia, o som regional e poético de Márcio Macedo. Márcio e Nazaré vão se encontrar em dado momento do show para realçar a festa do público que não abre mão de suas raízes regionais.

E por falar em raízes, Nazaré Pereira revela que a cantora “sempre existiu desde pequenininha”, sempre em contato direto com os igarapés e outros elementos naturais da região. Na época de estudante em Belém, ela ia muito na Rádio Marajoara, de vez que nessa emissora havia os tradicionais programas de calouro.  ‘E eu ia lá, e levava gongo todo tempo (era reprovada no programa). Não era a minha profissão. A minha profissão foi o teatro. Eu terminei o curso de professora na Escola Normal em Belém e entrei na Escola de Teatro . Fiz o primeiro em Belém, com o Cláudio Barradas, e outros e outros, depois, eu fui para o Rio (Rio de Janeiro), terminei o curso completo no conservatório de teatro. De lá, eu fui para a Europa”, relata a cantora.

Na Europa, ela continuou no teatro, na Cidade de Nancy. Nazaré chegou a ser premiada com a Medalha de Arte de Letras pelo trabalho que desenvolvia com foco na Amazônia. “A  música veio profissionalmente em 1978, quando eu gravei ‘Carolina’. Daí, eu tive que parar todas as outras coisas para me dedicar à música, porque, graças a Deus, a primeira música que eu fiz já estourou e aí eu posso me considerar uma grande vedete dos anos 80 e 90, porque eu viajava tanto para várias cidades do mundo que os outros trabalhos tive que deixar de lado. A partir daí, eu me considero cantora e comecei a compor, fiz ‘Xapuri do Amazonas’, em homenagem a minha mãe morena , dona Maria que nasceu na Cidade do Jari e foi para o Acre, lá onde eu nasci”, diz a artista.

Essa acreana-paraense, como Nazaré se considera, entende-se prioritariamente como uma mulher amazônida.  No caminhar dessa artista, a carreira foi se consolidando gradativamente entre os públicos de diferentes cidades brasileiras. Isso porque, diferente da difusão simultânea do trabalho de um artista hoje em dia, a partir de um leque de recursos tecnológicos, em anos anteriores um cantor ou cantora era conhecido em uma cidade, mas em outra, não. Nazaré entende como salutar artistas paraenses levarem, hoje em dia, a sua produção para outros centros do país e vice-versa, em um intercâmbio cultural permanente. 

“A única coisa que eu gostaria é que a juventude paraense não se esqueça das coisas nossas. Não se pode esquecer o Waldemar Henrique (maestro Waldemar Henrique-1, inclusive, eu canto as músicas dele, como, por exemplo, ‘O Uirapuru’ “, enfatiza Nazaré Pereira.

Amor das pessoas

Sem dúvida, o amor das pessoas configura-se como a principal motivação de Nazaré Pereira para cantar. “O olhar das pessoas. O fato de eu ter feito teatro me ajuda muito nessa função, porque quando eu subo no palco, na França, eu  canto só em português, com exceção para algumas músicas em francês, e o público gosta que seja assim”, frisa a artista. 

E nesse ofício de cantar, Nazaré sabe muito bem o que significa ter um canto focado na Amazônia, área verde por excelência não apenas do Brasil, mas de toda a humanidade. Ela ressalta que cantar as coisas da Amazônia, ou seja, falar das matas, dos povos, dos desafios da região fundamenta-s no fato de Nazaré ser essencialmente uma pessoa da região.

“Eu fui nascida na floresta, nasci embaixo das mangueiras, das jaqueiras, no meio das coisas nossas, sobretudo no Acre que era o lugar com grande movimentação, da borracha. Depois, a floresta é vida, eu não posso imaginar a floresta sem os nossos pássaros, os nossos indígenas, os nossos amigos, os nossos sons, os nossos igarapés, as nossas coisas. Isso só tem nessa região maravilhosa, e eu brigo mesmo para evitar que toquem fogo, machuquem, ”, destaca. Uma das músicas sobre essa temática que Nazaré tem interpretado é “Queimadas”, de Lourival Igarapé. Essa e outras canções fazem parte do universo dessa cantora cujo canto enaltece a vida que brota na Amazônia e se espalha pelo mundo, como um rio que nunca retrocede em seu curso.

 

Serviço:

Show ‘Xapuri-Pará-Paris’

Com Nazaré Pereira e banda

Dia 5 de junho de 2025

A partir das 20h

Na Cervejaria Cabôca,

no Boulevard Castilhos França, 550

Bairro da Campina, Belém (PA)

Informações: (91) 98287-4107 e 

(91) 99137-6118

 

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