CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Nanan Falcão apresenta 'As histórias que meu guarda roupa guarda'

A dramaturgia costura pesquisa, memórias e provocações sobre as roupas com leveza e humor.

Enize Vidigal

"As histórias que meu guarda roupa guarda" é o espetáculo cênico que Nanan Falcão apresenta on-line nesta terça-feira, 8, e novamente no próximo dia 17 de junho. A atriz e figurinista também assina a dramaturgia que costura a pesquisa sobre a evolução da roupa com a ancestralidade e as memórias afetivas pessoais. O monólogo recebeu o Prêmio Aldir Blanc de Teatro, da Secretaria de Cultura do Estado do Pará (Secult). Nas duas exibições, a transmissão ao vivo inicia às 19 horas, pelo Instagram @guardo.historias.e.roupa.

O espetáculo é resultado de um processo de pesquisa realizada ao longo da vida, conforme descreve Nanan. “Ele (espetáculo) tomou forma entre 2017 e 2018 quando entrei na Escola de Teatro e Dança da UFPA para fazer o curso técnico de figurino cênico, após quase 15 anos que eu já fazia teatro como atriz e figurino. Dentro da academia, veio essa vontade de falar sobre figurino e costura, trazer isso para a cena e também valorizar esse lugar do trabalho da costura que é muito feminino e também muito explorada e muito pouco valorizada”.

O amor pelo teatro e pela costura foram influenciadas desde a infância pela mãe de Nanan, Ila Falcão, que é atriz, figurinista e arte-educadora, do grupo de teatro Palha, e também assina o figurino de "As histórias que meu guarda roupa guarda" ao lado de Maurício Franco. “Eu a acompanho nesse processo a vida inteira. Desde criança eu circulo pelos ateliês, coxias e faço teatro e participo, costuro pra mim e pra boneca. Cresci no teatro e a na costura. As minhas avós também costuravam. E, hoje, eu trago a minha filha de quatro anos (para os ambientes de costura e teatro) comigo”, conta.

“Nessa brincadeira de onde vem a roupa, veio do guarda-roupa. A peça fala um pouco dessa ancestralidade e nesse processo criativo mergulhei na minha ancestralidade na costura, na arte e no feminino e mergulhei na ancestralidade da roupa também, sobre a pesquisa mais no campo científico sobre as primeiras ferramentas usadas”, reforça Nanan.

O espetáculo dirigido por Aníbal Pacha também envereda pelas provocações com leveza e humor sobre a ditadura da moda, o capitalismo e a importância da mão de obra feminina na indústria da roupa. “As histórias que meu guarda roupa guarda” também possui um caráter educativo ao valorizar o ofício da costura como um trabalho criativo feito por mulheres.

Nas pesquisas que embasam o projeto da artista estão os livros “A Psicologia Da Roupa”, de 1930, de J.C. Fluguel, um apanhado de estudos sobre a psicologia da indumentária e o desenvolvimento da produção da roupa; e a “A História Mundial Da Roupa”, do Senac, uma enciclopédia de roupa de povos originários de todos os continentes. 

"A herança maior não são as roupas que ficam ou o próprio guarda roupa, mas as histórias que eles contam. O processo criativo foi desenvolvido de modo muito intuitivo pela Nanan, já que essa pesquisa em figurino faz parte da vida dela”, diz o diretor, que acompanhou toda a construção do espetáculo.

Ele destaca que o guarda-roupa não chega a ser outro personagem, mas uma cenografia de importância dramatúrgica dentro da cena. “O guarda-roupa é um cenário super ativo dentro da dramaturgia e tem uma personalidade importante porque guarda a ancestralidade das roupas e da Nannan que conta essas histórias”.

image Nanan Falcão (Victoria Sampaio/ Divulgação)

A pandemia e os parceiros

O monólogo foi construído em meio ao isolamento social imposto pela pandemia pela Covid-19, no ambiente do Casarão do Boneco, em Belém, onde Nanan Falcão é uma das artistas residentes e atua como produtora criativa, atuando, bordando e costurando, desde 2015.

Ela formou-se pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (Etdufpa) como atriz e figurinista e, atualmente, faz pós-graduação em Dramaturgia. E nos ambientes da escola e do casarão, Nanan fortaleceu a parceria com Aníbal, que também é ator, cenógrafo e professor dela na Etdufpa. “Ele veio a ser meu diretor, meu consultor artístico de todo o processo. Ele me provoca, me traz outras informações e lugares para pesquisar, é meu guia”, elogia a atriz.

“No Casarão, somos um coletivo que divide o espaço criativo de produção. A gente trabalha muito, cuidando para ensaiar, revezar o uso da sala de ensaio e do ateliê sem aglomerar, mas, ao mesmo tempo, contaminando uns os trabalhos dos outros”.

Não à toa, a ficha técnica de "As histórias que meu guarda roupa guarda" envolve os residentes do Casarão: a iluminação e sonoplastia é assinada por Thiago Ferradaes; figurinos de Ila e Maurício Franco; registro fotográfico e audiovisual de Victoria Sampaio e Raoni Figueiredo; sendo que Maurício também assina a consultoria artística e Victoria, a arte do espetáculo.

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA