Poderoso Rubi completa 70 anos de criação

Conheça a história da aparelhagem que é a cara do Pará

O Liberal
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O amor pela música foi o ponto de partida para a criação de uma das mais antigas aparelhagens do Pará. A Esplêndido Rubi nasceu em 13 de agosto de 1951, data que marcou para sempre a tradição de montar equipamentos de sons já potentes para a época, incrementados com luzes, numa engrenagem dirigida por um controlador e que tinha como único fim embalar as festas com os ritmos românticos e dançantes, em casas de espetáculos ou mesmo nas ruas, no terreiros.

Aos 70 anos, o Rubi, o “Todo Poderoso Peso Pesado” está em silêncio por conta da pandemia, ainda não tem um retorno programado. A expectativa é que a pausa logo acabe e a nave de som volte renovada para o cenário musical paraense.

A história da aparelhagem se confunde com a história de vida do DJ Gilmar Santos, filho de Orlando Santos, criador do Rubi. Apaixonado por música, seu Orlando era motorista do Ministério da Agricultura, lotado no Instituto de Pesquisa Agropecuária do Norte, mas aos finais de semana costumava se apresentar com um grupo musical regional de amigos, estilo Demônios da Garoa.

Dessa forma, a música estava presente em todos os ambientes da casa. Fazia parte da família e Gilmar vivenciou isso desde pequeno. “Quando o conjunto musical acabou, ele ficou com vontade de fazer música. Um dia, um compadre dele técnico em eletrônica deu a ideia de montar um sonoro, como chamava na época. E assim foi feito. Compraram o material todo e montaram a nossa primeira aparelhagem”, conta.

 

 

Com a aparelhagem montada, inicialmente vez por outra surgia uma oportunidade de mostrá-la em festa. Gilmar recorda ter ficado encantado com o sonoro. “Comecei desde pequenininho a acompanhar meu pai. Ficava olhando e prestando atenção em tudo. Em casa, quando ele saía para trabalhar, eu aproveitava para mexer nos botões. Até que um dia ele chegou e sentiu cheiro de queimado em casa. Descobriu que eu tinha queimado o amplificador. Peguei uma surra e ele me fez prometer que não iria mais mexer. Prometi, mas não cumpri”, relembra.

Sem conseguir conter a curiosidade do filho diante do equipamento, seu Orlando resolveu deixar o filho “passar o som” antes das festas. “Foi assim que aprendi eu comecei a tocar nas festas, aos 13 anos, em 1972”, diz.

De lá para cá, não parou mais. Depois que o pai deixou a aparelhagem, ele assumiu a nave, hoje uma empresa com 16 carregadores que fazem parte da montagem, produção de iluminação e telão, dois motoristas, um técnico de som e quatro DJs, equipe que já foi muito maior, mas precisou ser reduzida por conta da pandemia.

Da época do pai e mesmo de quando começou, o DJ avalia uma mudança gigante não apenas nas estruturas da aparelhagem e em toda a engrenagem que a cerca, mas também na própria função do DJ.

“Nesse aspecto existe muita diferença. Tudo era mais rústico na minha época, era mais difícil operar o som, controlar. Não existiam os recursos de hoje. Não tinha escuta, nem mixador, era chave de seletora. Tinha que ter uns detalhes para pegar a música bem no começo. Tinha que conhecer mesmo a música, o disco para equalizar o som. Por isso havia tantos botões. Hoje é muito moderno, tudo digital. O DJ tem controladora, tem escuta, tem computador e tem muitos recursos. Só precisa se preocupar com o volume”, compara.

O conhecimento quase que nato em aparelhagem de som, fez Gilmar implementar várias novidades no Rubi. Uma delas foi a criação da primeira nave de som.  Já não era mais uma aparelhagem, era uma nave que só faltava mesmo voar.

Com a inovação, o DJ que antes precisava ficar de costas para o público, passou a comandar o som de frente para ele. “A ideia surgiu porque eu sonhava em ser piloto de avião. Cheguei até a tentar uns cursos, mas o trabalho na aparelhagem era muito intenso, não tinha como parar. Mas continuava a pesquisar, estudar sozinho quando dava, via filmes. Um dia pensando nessa história do DJ ficar de costas para o público, surgiu a ideia de pedir para um amigo projetista fazer um desenho mudando a posição. O resultado ficou parecido com uma espécie de nave e foi assim que nasceu a nave do som, em 2001”, recorda.

Com a evolução, em pouco tempo o Rubi já era “A Espaçonave do Som”, com toneladas de iluminação, som digital de alta qualidade, moldado para qualquer ambiente. Mas as inovações não pararam. Pouco depois, o Rubi foi transformado em um “Portal Intergálactico”, inaugurando um sistema chamado Flay Pea, mais potente, com qualidade de som total, tecnologia de ponta, onde cinco Djs se revezaravam, inclusive uma das primeira DJ mulheres, a Dani Cabrita.

“Realmente a aparelhagem cresceu muito, chegando a ficar até desproporcional porque as casas de show não acompanharam essa evolução. Crescemos na qualidade e também na estrutura, sendo necessário duas carretas e um caminhão para carregar toda essa estrutura, que não deve em nada para shows nacionais apresentados na cidade”, comenta o DJ.

A pandemia, no entanto, acabou abalando em cheio toda essa estrutura. “A aparelhagem está parada. Achei complicado retornar agora. Vamos aguardar mais um pouco”, diz. Por conta disso, o som do Poderoso Rubi ficou mudo em seu aniversário de 70 anos. “Ainda não houve uma comemoração. Mas pretendemos fazer ainda com os nossos DJs representando a aparelhagem. Isso está realmente em nossos projetos, porque essa data não pode passar em branco”, garante.

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