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'Batucada' da banda Lauvaite Penoso quer levar os sons da periferia de Belém para o mundo

Musicalidade vem dos ritmos que compõem o cotidiano de um jovem da baixada de Belém, como o carimbó, o tecnobrega, o hip hop e o rock

Caio Oliveira
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Mesmo na era da música digital, o batuque se mantém como uma das bases mais presentes no fazer musical, sendo encontrado desde o ancestral Carimbó de Pau e Corda até o trap, subgênero do rap que se originou na década de 2000 nos Estados Unidos. Para celebrar esse jeito primordial de fazer música, a banda Lauvaite Penoso lançou nas plataformas digitais o single "Batucada", fazendo uma ponte entre o velho e o novo e trazendo na mistura de influências a manutenção e propagação de ritmos genuinamente amazônicos, com uma pegada moderna.

A música é o terceiro single do projeto “Capital Baixada”, e fala sobre as mudanças que Belém sofreu nas últimas décadas com a especulação imobiliária, e como essas transformações desordenadas afetaram a vida das crianças e jovens paraenses. “A gente é uma banda que sofre influência de diversos movimentos da música, e essa canção é pra celebrar a cultura popular mesmo. Ela tem uma base eletrônica com um refrão de carimbó, e é uma música que fala da nossa realidade, nas rodas de batuque da Praça da República, dos movimentos culturais do Guamá", disse Rodrigo Ethnos, que assume o vocal e a percussão do Lauvaite Penoso.

Para o músico, os tambores foram uma das primeiras tecnologias de comunicação, presentes desde as primeiras tribos africanas e em nossa cultura amazônica. "A batucada é como se fosse uma coisa universal: em qualquer lugar do mundo vai ter um tipo de brinquedo, instrumento, ou uma manifestação que envolva tambores. Aqui em Belém, isso ainda é muito forte, com as rodas de samba, carimbó, capoeira e o boi-bumbá, aqui do Guamá. Então nossa música é isso, a gente mistura esses tambores tradicionais com os beats eletrônicos", explicou Rodrigo, artista formado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e que teve contato no Guamá com a inspiração que a periferia de uma capital como Belém pode oferecer.

Ainda falando sobre essa "baixada" que dá nome ao álbum, Rodrigo explica que, para ele, Belém é uma grande periferia, e dar visibilidade para a cultura e para as pessoas que a compõem é um dos objetivos da música da banda. Em suas letras, o álbum também funciona como uma denúncia, um alerta para as altas taxas de violência sofrida pelas populações periféricas, sobretudo as população negras. A musicalidade vem dos ritmos que compõem o cotidiano de um jovem da baixada de Belém, como o carimbó, o tecnobrega, o hip hop e o rock.

"Escolhemos esse nome, 'Capital Baixada' porque sugere muita coisa. Eu fiquei sabendo por meio de uma pesquisa que 70% da zona metropolitana de Belém é periferia; então, o que é o centro? Tem Nazaré, Cidade Velha, Batista Campos, mas ao redor, tudo é periferia. Nesse sentido, toda Belém é uma baixada! E quantos jovens vivem nesse meio? Esse é um dos sentidos do álbum, falar de 'capital' como Belém, mas também desse capital, esse dinheiro, que a gente quer ver circulando na periferia. O jovem tendo acesso a trabalho, educação, cultura, para que esses gênios que estão por aí não se percam. Enfim, dá uma tese de doutorado", finaliza Rodrigo.

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