Marapanim recebe o 1º Festival da Canção do Carimbó; o grupo vencedor irá gravar um CD

O município de Marapanim, na região nordeste paraense, além das belezas naturais é conhecido pelas suas raízes e legado do carimbó, repassado por mestres e mestras da cultura popular paraense às novas gerações. Hoje, 29, e amanhã, 30, para celebrar o ritmo, será realizado o 1° Festival da Canção do carimbó marapaniense, realizado pelo Instituto Cultural Professora Minervina Trindade, na sede do Marapanim Esporte Clube (MEC), na rua Diniz Botelho.

Marcilene Cristina Vilar Sampaio, é técnica de enfermagem montou um coletivo de pessoas que se empenharam para a realização do festival, que é independente. Ela contou que são pessoas com profissões variadas, entre engenheiro eletricistas, assistente social, professora e taxista, que se uniram com o objetivo de fortalecer e ser tornar um espaço de visibilidade ao carimbó.

A importância para o município é cultural, mas também é socioeconômica, declarou Marcilene. "É uma fonte de renda para algumas famílias, se destaca no Folclore Estadual e Nacional. Caracteriza o município como a 'Terra do Carimbó', deixando um forte traço cultural na sua população", disse.

O concurso tem premiações: 1° lugar troféu e a premiação em dinheiro no valor de R $2.000; 2° troféu mais R $1.500; 3° troféu mais R $1.000. A festividade contemplará as melhores músicas e, além do valor em dinheiro, os vencedores irão gravar um CD que será entregue aos participantes. O encerramento no sábado, 30, fica por conta da banda local "Bregaço".

A coordenadora informou, ainda, que a abertura da programação será feita pelo grupo de dança Muiraquitã, que contará a origem do ritmo no município. O Festival também fará uma homenagem póstuma ao mestre Evaristo Melo. "O mestre foi de grande importância para nossa cultura popular... Entrega de comendas de Responsabilidade Social aos patrocinadores e certificado de participação e troféus para os conjuntos que se apresentarem no festival. A entrada é franca, haverá vendas de comidas e artesanatos", explicou.

A programação reúne 20 artistas participantes, com uma média de oito integrantes por grupo. A expectativa da organização do evento é que os munícipes participem e para quem ainda deseja se inscrever no festival, pode fazê-las até hoje. "O Festival se propõe a fortalecer o legítimo carimbó raiz e o estilizado, além de revelar novos talentos musicais, assim como manter a tradição e hegemonia do ritmo no âmbito estadual, pois dessa forma o ritmo será mantido vivo no seio da população'', finalizou.

Playlist com o melhor do Carimbó de Marapanim e região

O carimbó, enquanto manifestação artística, foi reconhecido em 2014 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A pesquisadora musical, jornalista e carimbozeira Roberta Brandão, preparou uma playlist para ouvir as melhores músicas de carimbó de Marapanim e região, e explicou mais sobre o ritmo no Pará. A playlist contém grupos da região do Salgado, Marapanim, Algodoal e Fortalezinha. E também Icoaraci, afirma Roberta, que tem uma ligação especial com o distrito.

Roberta explicou que há várias perspectivas que abordam o surgimento do carimbó, citando outro jornalista - Marcelo Gabay - ela diz que foi em um tesouro descoberto no baixo rio Amazonas (1767), que o jesuíta Frei João Daniel descreveu os Tupinambás que cantavam e dançavam ao som de um instrumento produzido com madeira oca e couro de animal, ao qual chamavam de curimbó. Já em outras pesquisas de Tony Leão da Costa - citando Rosário, 1974 - e Vicente salles, ela relembra que eles dizem que o carimbó vem das tradições africanas. "O debate em torno do carimbó incide diretamente sobre a história da composição étnico-racial da Amazônia, o que explica a perseguição das autoridades e policiais no sentido de inibir as rodas de carimbó e seus tambores, que atravessa a linha histórica e se mantém até os dias atuais", explicou.

"Eu, particularmente, acredito que o carimbó venha da insurgência caboca, mas com predominância africana. O que retrata muito quem nós somos. Se tu olhares para os rostos das nossas periferias e interiores do estado", complementou.

Os festivais de carimbó colaboram com a manutenção e a salvaguarda do ritmo no Estado, diz a jornalista. "O mais interessante é que eles existem e se mantêm em formatos que às vezes ignoram o que nós conhecemos, como a grande garantia de divulgação, que é a internet. O Festival das Sereias do grupo Sereia do Mar. Lá em Vila Silva, Marapanim, não tem internet e mesmo assim o festival lota. Elas conseguem articular muita gente através da venda de bingo em outros festivais. Existe um calendário de festivais pela região do salgado que acontecem através da articulação da comunidade", declarou.

Confira a playlist:

1. Sereia do Mar - Moro em Vila Silva
2. Sereia do Mar - Agricultora com amor
3. Uirapuru Mirim - No canto do meu carimbó
4. Uirapuru Mirim - Namoradinha
5. Mestre Lucindo - Isto é Carimbó!! Conjunto Carimbó Canarinho de Marapanim 1974
6. Filhos de Maiandeua - A lenda de Maiandeua
7. Nativus do Canal - Sou pescador
8. Chico Braga e os Nativos do Canal - Carimbó de Algodoal
9. Lourival Igarapé- Álbum Queimadas
10. Batucada Misteriosa - Chalé do Moreno
11. Mestre Ney Lima Pela Paz & Bruno Jataí - No Olhar
 

Agende-se

Evento: 1º Festival da Canção de Marapanim

Local: Sede do Marapanim Esporte Clube (MEC), na rua Diniz Botelho.
Data: 29 e 30 de julho de 2022
Hora: 20h

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