Lenine lança ‘EITA’ com faixas inéditas e participações de diferentes gerações da música brasileira
Álbum homenageia referências nordestinas e chega ao público com audiovisual que dialoga diretamente com as canções
Dez anos após o último disco de estúdio, o cantor e compositor pernambucano Lenine lança nesta sexta-feira (28) o álbum “EITA”, que chega às plataformas acompanhado de um audiovisual em formato de média-metragem no YouTube. O projeto reúne 11 faixas inéditas e traz participações especiais de artistas brasileiros consagrado e queridos pelo público.
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O lançamento marca o retorno do artista ao estúdio com uma obra concebida integralmente sob sua direção criativa. Segundo Lenine, o novo álbum surge como uma síntese de suas origens, trajetória e das parcerias que o acompanham. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, ele contou que o processo criativo partiu de um mergulho completo na própria obra. “O disco nasce desse entendimento e reúne todos esses esforços. Eu me envolvi de fato em cada etapa do processo e isso garantiu que fosse um projeto profundamente íntimo e pessoal”, afirmou. A direção artística do disco é do próprio Lenine, com produção musical de Bruno Giorgi, seu filho.
Dedicado ao Nordeste, região de origem e imaginação de Lenine, o álbum é uma homenagem a Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Letieres Leite e Naná Vasconcelos - nomes decisivos na formação musical de Lenine. Para ele, todas essas referências são natural e determinante. “O Nordeste está presente em tudo que faço porque foi o que me formou. Vivi em Recife até os 20, 21 anos, e é nesse período que a gente é moldado”, explicou.
O disco reúne compositores de diferentes gerações, entre eles Carlos Posada, Gabriel Ventura, Arnaldo Antunes, Dudu Falcão, João Cavalcanti, Lula Queiroga e Siba. O álbum também presta homenagem ao Terreiro Xambá com a participação da família Bongar, que incorpora toques, loas e danças ao repertório.
Símbolos
“Eita” é uma interjeição popular usada para expressar surpresa, espanto, admiração ou até mesmo susto. A palavra, tão presente no cotidiano brasileiro, especialmente no Nordeste, dá nome também ao novo trabalho de Lenine. Ao falar sobre o conceito visual do disco, o cantor explicou que a proposta surgiu ainda nas primeiras etapas de criação. Segundo ele, essa construção inicial abriu caminho para que a identidade estética do projeto se desenhasse de forma natural, acompanhando o espírito do álbum desde o começo.
A capa foi assinada pela artista pernambucana Luiza Morgado, concebida em linogravura e fotografada por Flora Pimentel. A escolha do estilo gráfico foi pensada para reforçar a ideia de espelhamento e ancestralidade. “Sabia que queria trabalhar com a lógica da xilogravura, esse espelhamento em que você entalha o negativo para que a impressão revele a imagem ‘desespelhada’”, explicou o músico sobre o processo.
‘O disco que se vê e o filme que se ouve’
Além do álbum, Lenine lança simultaneamente um média-metragem de cerca de 30 minutos que acompanha o universo sonoro do disco. O audiovisual, dirigido por ele ao lado de Kabé Pinheiro e Laís Branco, tem roteiro de George Moura e João Moura e direção artística de Bruno Giorgi.
O projeto percorre Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, criando uma narrativa visual que dialoga diretamente com as faixas do álbum. Produzido em tecnologia Dolby Atmos, o material mistura cenas reais e imaginárias que compõem o repertório afetivo do artista. “Um álbum não é simplesmente um ajuntamento de canções; é um romance sonoro que você cria por capítulos. Pensar um filme que se ouve veio dessa intenção de propor uma imersão de 30 minutos”, explicou.
Para Lenine, retomar o trabalho visual marcou um reencontro com a criação. “Depois de fazer as pazes com a música e com o ato de criar, eu me impus uma regra simples: trabalhar apenas com quem eu gosto muito, com quem admiro, com quem compartilha afinidades comigo. Isso guiou tudo”, relatou.
Parcerias e encontros
As participações no álbum seguem a lógica de afetos que o artista descreve como fundamental neste processo. Maria Bethânia interpreta “Foto de Família”, de Lenine e João Cavalcanti; Maria Gadú canta em “O Rumo do Fogo”, parceria com Lula Queiroga; Siba participa de “Malassombro”; e Gabriel Ventura divide a faixa “Beira”.
Lenine afirma que cada escolha foi orientada pela relação construída ao longo dos anos. “As pessoas que estão comigo nesse projeto são realmente próximas, amigos, parceiros de longa data ou artistas que me atravessam de verdade. Foi isso que definiu as participações”, comentou.
Passagem por Belém
O cantor esteve na capital paraense no último dia 21 de novembro para um show beneficente, em formate intimista de voz e violão, promovido pelo SOS Pantanal, realizado no palco do Theatro da Paz. A apresentação integrou a programação cultural de encerramento da Conferência Climática. A abertura ficou por conta de Éric Terena, DJ e ativista indígena do Pantanal e embaixador do SOS Pantanal.
Durante a passagem por Belém, Lenine destacou seu compromisso com pautas socioambientais e a importância de contribuir para discussões que tratam da urgência climática. O artista também comentou sobre sua relação com a cidade.
“Me sinto honrado e orgulhoso de estar em Belém, podendo reencontrar e me aproximar de quem acompanha meu trabalho. O Theatro da Paz é um clássico, uma referência. Já toquei lá antes, conheço o espaço e sei o quanto é especial”, disse anteriormente.
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