Jornalistas de O Liberal elegem discos mais marcantes da década
Profissionais responsáveis pelas notícias que lemos todos os dias compartilham álbuns mais legais que ouviram nos últimos dez anos

Nó na orelha, de Criolo (2011) e Dirty Computer, de Janelle Monae (2018)
"Difícil escolher uma entre tantas coisas que essa última década nos trouxe para resumir em um álbum ou algumas músicas, mas, duas boas revelações com as quais ela [década] nos presenteou foram Criolo e o álbum "Nó na orelha", na cena nacional, e Janelle Monae, com o seu indefectível "Dirty Computer". Os dois álbuns falam do mundo e das perspectivas de duas figuras que, na minha opinião, expressam bem os antagonismos e inquietudes da realidade de cada um, e ambos, sabemos, são figuras atuantes em lutas necessárias, como o combate ao racismo e às desigualdades" - Adna Figueira
Todos os cantos, de Marília Mendonça (2019)
"O meu disco favorito da década foi "Todos os Cantos”, da Marília Mendonça. O álbum foi gravado pelo Brasil e tem várias músicas legais, para todos os momentos, como Graveto, Apaixonadinha, Casa da Mãe Joana, Ciumeira, que foi gravada aqui em Belém, Todo mundo vai sofrer, entre outras" - Andreia do Espírito Santo
Let Them Talk, de Hugh Laurie (2011)
Nesta difícil escolha optei para que todos conheçam o álbum de estreia de Hugh Laurie. O "Doutor House" é um artista multitalentoso com um domínio técnico no piano e um refinamento musical que merece ser ouvido por todos os amantes da música. Quem gosta de rock, blues e jazz é obrigatório conhecer. Além dele, se puderem ouçam também “21” de Adele, “AmarElo” de Emicida e “Banzeiro” de Dona Onete. Todos ótimos e relevantes trabalhos - Vito Gemaque
Várias Queixas, de Os Gilsons (2019)
"Um EP que escutei bastante esse ano foi Várias Queixas, do grupo Os Gilsons, da família Gil. O material foi lançado no ano retrasado e desde aí gostei bastante, as músicas têm uma sonoridade bem agradável aos ouvidos e também traz uma atmosfera positiva e pra cima" - Bruna Lima
Ninguém explica Deus, de Clóvis Pinho (2016)
"Nascido na ilha de Itaparica, Bahia, Clovis Pinho desde 2001 foi uma das principais vozes do Renascer Praise, grupo que o cantor fazia parte. No final de 2015 fez grande sucesso com o projeto Preto no Branco. O álbum Ninguém Explica Deus é todo de sua autoria, primeiro projeto solo da carreira" - Carlos Fellip
A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares (2015)
"Uma década que teve “Blunderbuss”, com a guitarra selvagem de Jack White em "Sixteen Saltines", e “Pure Heroine” (Lorde), com a sua icônica “Royals”, terá que dar lugar para a brasileira Elza Soares, que surpreendeu o mundo (ainda há surpresa?) com uma obra que é um passeio, um grito, um lamento, uma facada, um beijo, uma dança. Sofisticado, raiz, brasileiro, internacional, atual e atemporal. Elza diz: “Me deixem cantar até o fim”. Quem ousaria pará-la? É um disco pra f**"- Hamilton Braga
Reputation, de Taylor Swift (2017)
"Taylor Swift teve nesta década um álbum mais bem sucedido que este (1989) e outros dois que empataram na opinião da crítica como as obras primas de sua carreira (Folklore e Evermore). Em Reputation, porém, ela abandona de vez o estereótipo da compositora de voz e violão e aposta em uma estética sonora suja, pós-apocalíptica e carregada de ódio. As letras nos forçam a pensar se as críticas são para algum affair romântico ou para um conglomerado empresarial. Taylor estava com raiva dos homens, do capitalismo e da imprensa. Desconfio que ela já fez as pazes com todos. Mas que valeu a pena, valeu" - Eduardo Laviano
Boleros Malditos e Outras Maldições, de Jack Nilson (2017)
O Stereoscope foi um respiro de lirismo e sofisticação na música pop paraense nos primeiros anos do século XXI. Gravaram três álbuns entre 2003 e 2010 e deixaram registrado um punhado de canções que os que não viveram a efervescência cultural de Belém à época deveriam conferir. Após o fim do grupo, Jack Nilson, uma das cabeças do quarteto, passou sete anos compondo, arranjando e gravando praticamente sozinho “Os Boleros Malditos e Outras Maldições”. Lançado em 2017 apenas nos serviços de streaming, o álbum é uma viagem de 38 minutos e 37 segundos pelas mais profundas influências musicais e literárias do cantor/compositor. O sujeito que na década anterior se lambuzava nas manhas lennon/maccartianas/jovemguardistas abre espaço para o artista que conecta Paulo Diniz a Brian Wilson como se a distância entre Pesqueira, no interior de Pernambuco, e Inglewood, na Califórnia, fosse de apenas um quarteirão e meio. Não bastasse, da primeira (“200 cigarros”) à última faixa (“Bendita”) há um painel lírico composto de estórias e personagens pouco afeitos aos ditames neoliberalescos de produtividade 24/7 e "sucesso"; figuras que ganham forma para registrar a inadequação, o olhar miúdo, a esperança em dias melhores apesar da realidade. Um álbum para lembrar que a música segue eficaz na missão de captar o espírito do tempo e oferecer resistência. Sem clichês. Apenas com talento e poesia. Ouça com fones - Elvis Rocha
E o seu disco favorito da década? Não esquece de contar nos comentários.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA