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Festival Mana 2.0 enaltece mulheres da música paraense com programação virtual

Homenageando Dona Onete, evento conta com shows gratuitos das paraenses Nic Dias, Keila, Suraras do Tapajós e ainda, Tulipa Ruiz e MC Tha, de São Paulo

Caio Oliveira
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Mais de 40 mulheres da Amazônia e de todo o Brasil tomam a internet no Festival MANA 2.0, levando o protagonismo feminino na música para um outro nível em um projeto inovador que ocorre esse ano na forma de um evento online e gratuito. Esta é a segunda edição do MANA, que começou em 2017 em Belém, e agora, cresceu ainda mais em ambiente virtual, com shows, debates, oficinas, videoclipes e projeções mapeadas. Para fazer justiça à toda a dimensão do projeto, que será realizado de 12 a 19 de dezembro, o MANA escolheu uma mulher incrível para ser a homenageada da edição 2020: Dona Onete.

“Não tinha essa categoria em nossa primeira edição, em 2017, e quando retomamos o projeto, a gente pensou que seria legal ter uma homenageada que fosse essa cara do Pará, do Norte, da Amazônia, e era óbvio que o maior nome era a Dona Onete. Uma mulher que começou a carreira depois dos 60 anos, e agora aos 81, tem três discos lançados, com turnês internacionais onde leva a Região Norte [do Brasil] pro mundo”, disse Aíla, cantora paraense e curadora do festival que, ao lado de Roberta Carvalho, artista visual, assina a direção artística e idealização do evento. “O festival abre com uma entrevista muito especial que fiz com ela, contando um pouco da história dela, dos planos para o futuro, e alguns spoilers”, promete a idealizadora do MANA.

Aíla explica que o objetivo do festival é conectar o Pará com o Brasil criando diálogos e conexões necessárias para esse fortalecimento. “Nosso intuito é abrir caminhos para que nós, mulheres da música, consigamos nos capacitar cada vez mais, e ocupar espaços significativos e diversos neste mercado, que ainda resiste em visibilizar as mulheres, sobretudo as do Norte”, diz a cantora. O projeto tem patrocínio da Oi e apoio do Oi Futuro via Lei de Incentivo à Cultura Semear, do Governo do Estado do Pará e Fundação Cultural do Pará.

image Dona Onete é conhecida como a Rainha do Carimbó Chamegado (Bruno Carachesti/ Divulgação)

Nessa conexão Amazônia-Brasil, o MANA 2.0 traz a cultura de Alter do Chão, do Baixo Amazonas, com o show das Suraras do Tapajós, primeiro grupo de carimbó formado por mulheres indígenas. A programação promove ainda dois encontros musicais inéditos: a convite do festival, a multi-instrumentista Jade Guilhon criou o "Chorinho das Manas", que vai reunir mulheres do choro. A programação traz também o show "As Brabas do Norte", encontro das rappers paraenses Bruna BG e Nic Dias. Ainda na música paraense, o line up traz Keila, grande nome do tecnobrega, ritmo surgido na periferia de Belém que é sucesso no Brasil.

Nos destaques nacionais, o MANA 2.0 conta com as participações de Tulipa Ruiz e MC Tha, de São Paulo, que se apresentam em um show exclusivo para o festival, em formato intimista. Na área do audiovisual, o festival apresenta obras dirigidas e co-dirigidas por mulheres na mostra de videoclipes, que vai exibir os vídeos online e também projetá-los em prédios nos centros urbanos de Belém, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outros.

O Festival ainda promove três oficinas, voltadas para a capacitação de profissionais da música, e painéis de debate para a troca de experiências e o estímulo à formação de uma rede entre mulheres. Por conta das restrições impostas pela pandemia, as oficinas serão pela internet e terão inscrições gratuitas abertas ao público via formulário, apenas para mulheres, sendo ministradas via plataforma Zoom. “A gente imaginou o lado ruim disso, sem a presença do público, mas no lado bom, pudemos ampliar a programação para pessoas de todo Brasil e do mundo”, diz Aíla. 

Do alto de sua sabedoria conquistada ao longo dos anos, a homenageada Dona Onete comenta sobre o que é ser uma pioneira na luta pelo espaço da mulher na música, e como é importante abrir o caminho para as outras manas. 

“Tem que persistir, buscar, ter força para chegar lá e impor suas propostas. É o que tá acontecendo agora. No carimbó, já não é só o homem. Nos outros ritmos, na guitarrada, não é só o homem. No samba, mulher já defende samba enredo, sai na rua cantando. Então aqui no Pará, as mulheres estão se impondo”, comenta a diva do carimbó chamegado, reforçando que mesmo ela tem um longo caminho a percorrer.  “O que falta pra gente é que apoiem. A gente ainda não tem aquele apoio total, mas eu insisti, eu busquei, eu me impus, discuti, e estou aqui. Não tô dizendo que venci toda batalha, mas eu já cheguei a mais da metade da estrada, e tô querendo que essas mulheres, que tem muitas que ainda precisam mostrar seu trabalho, cheguem junto”, declara.

E assim, o MANA 2.0 segue no melhor estilo “uma ajuda a outra”, com o feminismo e empoderamento da mulher amazônida servindo de exemplo para o mundo e para as futuras gerações, sendo inovador, mas ao mesmo tempo, contando com a sabedoria de quem passou por muita coisa para chegar onde está.  “Obrigada por isso, gente, mas sigam em frente que a gente ainda tem que fazer muita coisa. E eu estou aqui, pra dar uma ajuda”, encerra Dona Onete.

Serviço:

Festival MANA 2.0

De 12 a 19 de dezembro, na plataforma online: twitch.tv/festivalmana

Programação completa e inscrições para as oficinas no site oficial do Festival: festivalmana.com

 

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