Festival de humor busca valorizar as mulheres no cenário humorístico no Brasil

O Festival Internacional de Mulheres Cômicas do Pará - 1ª edição, chamado "Vem cá tua graça, vem!", será realizado de 01 a 05 de novembro, em diversos espaços da cidade: Teatro Waldemar Henrique, Escola de Teatro e Música da UFPA, além do Casarão dos Bonecos. A ideia do projeto é dialogar com outras mulheres fazedoras desta área de atuação no Brasil, principalmente as da região Norte e consequentemente da América Latina.

Segundo a atriz, palhaça, produtora cultural e executiva do projeto, Romana Melo, “lá em 2017 realizamos o I ‘Encontro de Mulheres Palhaças de Belém’ e montamos um coletivo de artistas e pesquisadoras na linguagem da Comicidade, assim surgiu o Preciosas Ridículas - Núcleo de Mulheres Cômicas de Belém. Trata-se de um coletivo independente de mulheres-artistas, sem fins lucrativos, que surge com o intuito de reconhecer e tornar visível a comicidade feminina como parte da cena cômica e o movimento da comicidade feminina em Belém, com encontros, treinamentos, trocas, diálogos e debates sobre a linguagem da palhaçaria, a atuação da mulher na comicidade e o olhar feminista para o corpo cômico. Temos, em nossas ações apresentações do cabaré chamado ‘Solas Palhaças’, números de diversas cenas, intervenções de rua, treinamentos corporais na prática da comicidade e pesquisas acerca da temática. O coletivo vem também buscando dialogar com nossos fazeres amazônicos e cultura popular, trazendo como mote a linguagem da matutagem, estreitando relações com as Matutas Cômicas presentes nos pássaros juninos”, afirmou.

Romana ressalta que será o primeiro evento deste porte no estado. “Trazer mulheres e comicidades em suas múltiplas possibilidades, tendo em conta as dimensões tanto estéticas quanto políticas é essencial. Pretendemos criar um espaço de trocas artísticas, diálogos, debates e partilha de vivências, fortalecendo e expandindo as nossas redes dando, assim, maior potência às nossas poéticas. Em 2017 fizemos o I Encontro de Mulheres Palhaças de Belém, agora a intenção é, além de continuar o trabalho de reconhecimento e visibilização, estabelecer diálogos com artistas e pesquisadoras de outras partes do Brasil e da América Latina, conversar com elas a partir deste nosso Norte, oferecer o que temos e o que conhecemos, receber o que nos tragam e nos ofereçam. Na dimensão convivial que desejamos promover, esperamos criar lugares de encontros fecundos, encruzilhadas de sensibilidades e de técnicas que inventem corpos cômicos de mulheres fortes e potentes”, explicou.

Romana deixou claro também que a presença das mulheres na comicidade sempre esteve presente na área artística, sendo muitas vezes invisibilizada pela estrutura sócio-histórico-cultural do patriarcado. “Mulher não podia ser palhaça; cômicas e atrizes eram taxadas de cortesãs, prostitutas. Rir não nos era permitido. Nos últimos anos o movimento da comicidade feminina, principalmente na linguagem da palhaçaria, vem se fortalecendo e ganhando diversas dimensões. No Pará temos um número relevante de mulheres artistas que atuam neste fazer, trazendo novas abordagens para a cena e possibilidades de trocas diálogos, debates e vivências na atuação da mulher cômica amazônida e no olhar feminista para o corpo cômico feminino”, concluiu a atriz, palhaça e produtora.