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Fafá de Belém estreia projeto 'Conversas de Varanda' com debate sobre Amazônia e ancestralidade

Cantora paraense reuniu com nomes que atuam diretamente com a temática Amazônia para uma conversa, transmitida ao vivo no canal do YouTube da Varanda de Nazaré

Gabriel Bentes | Especial para O Liberal
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Na noite desta quarta-feira (30), Fafá de Belém deu início ao projeto “Conversas de Varanda”, uma série de encontros virtuais transmitidos pelo YouTube que propõe diálogos afetivos e estratégicos sobre a Amazônia e seus diversos potenciais. A primeira live contou com a participação de nomes que atuam diretamente com moda, cultura e preservação da memória amazônida.

A conversa iniciou com o advogado e especialista em Amazônia Eugênio Pantoja, paraense natural do município Belterra. Ao lado de Fafá, ele destacou a importância de iniciativas como essa para ampliar o debate sobre a região. “É preciso a gente entender a importância da região. A gente não está falando de pequenos nichos, mas a gente tem um universo amazônico a ser explorado, no bom sentido, de conhecimento e intercambiar cada vez mais.”

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Na mesma linha, Fafá ressaltou o protagonismo das mulheres amazônidas na economia criativa, ao lembrar de uma produtora de mel do município de Capanema, no nordeste paraense, que começou produzindo apenas para uso próprio e acabou descobrindo uma fonte de renda

Moda na e da Amazônia

Um dos eixos centrais do bate-papo foi a moda produzida na Amazônia. A estilista e empresária Lenny Niemeyer esteve entre as convidadas, assim como Telma Azevedo, diretora de estilo e pesquisadora da área. Telma refletiu sobre a mudança de paradigma no consumo e na produção de moda no Brasil. “A gente está saindo de um modelo onde a gente saiu engolindo tudo de fora loucamente, inclusive na forma de se produzir, naquilo que a gente valorizava, e a gente tá olhando para dentro do Brasil, olhando para si. Acho que faltam conexões, profissionalização, porque mão de obra a gente tem.”

Fafá, por sua vez, fez um alerta sobre a necessidade de incentivar as novas gerações para que elas sigam os saberes tradicionais e não caiam no esquecimento.Telma reforçou: por Telma: “Se a gente não valoriza, é uma parte da cultura que vai se perdendo.”

A mediadora do evento falou sobre o sentimento de pertencimento e de potência quando a população da Amazônia é vista e possui a oportunidade de mostrarsua capacidade : “Nós amazônidas, nos sentimos isolados, e quando olham pra nós e dão oportunidade para entrar no mercado é grandioso.”

O bate-papo também contou com Lucas Van de Beuque, diretor do Museu do Pontal, no Rio de Janeiro. Neto do fundador da instituição, Lucas trabalha há 20 anos com pesquisa de territórios e aquisição de obras locais. Nos últimos anos, o foco de atuação se voltou para a região Norte do país e diz que "tem sido uma imersão de mudança".. "Sempre que eu vou [para a região Norte] parece que estou descobrindo algo totalmente novo, como se fosse um universo”, disse.

Natural do Rio de Janeiro, ele chama a experiência com a Amazônia de “mergulho sem volta”. “A gente nunca mais quer se afastar da região Norte porque é um mergulho que você mergulha um pouquinho e vê: ‘caraca, é muito mais fundo’.”.

Lucas também defendeu a presença de pessoas da região em todas as decisões e projetos voltados à Amazônia, pois envolve uma questão de propriedade naquilo que está sendo tratado: “Na hora que falar de Amazônia, tem que ter amazônidas na equipe.”

COP 30: um acerto para Belém

Com a Conferência do Clima da ONU (COP 30) marcada para novembro em Belém, o grupo refletiu sobre a escolha da capital paraense como cidade-sede. Fafá destacou o acolhimento dos paraenses, mesmo diante de limitações estruturais em comparação a centros como São Paulo e Rio de Janeiro. “Não temos as condições do Rio e São Paulo, mas tem uma rede atada, porque os amazônidas são sempre recepcionistas”, disse a cantora em tom humorado, arrancando risadas dos convidados.

Para Lucas, a escolha de Belém é simbólica e estratégica: “Belém é uma cosmopolita da Amazônia. Uma antena parabólica da Amazônia. Ali é a chegada [da Amazônia].” Ele completou: “Fazer [a COP 30] em Belém é um acerto.”

Ancestralidade e orgulho

Outro momento marcante da transmissão foi quando Fafá compartilhou uma conversa que teve com a filósofa Djamila Ribeiro sobre ancestralidade. Segundo ela, a comunicadora lhe explicou que o tema está na vivência diária. “A ancestralidade é tudo que você vai absorvendo sem que você perceba e de repente faz parte da tua pele. Então a menina que vê a avó fazendo crochê, aquilo ali é ancestralidade", disse. Ela pontuou também a necessidade de reforçar essa conexão: "Mas de repente são tantas influências que aquilo vai sendo afastado. 'Não é uma coisa pra se seguir porque aquilo não se usa mais'. Então, toda vez que você olha pra lá, você resgata nessa menina o orgulho do que é que é ancestral dela.”.

A transmissão teve cerca de uma hora e encerrou com um convite direto de Fafá ao público: “Venha nos conhecer, mergulhar na nossa cultura. Porque nós temos muito orgulho dela e precisamos que você olhe pra nós, que a gente cruze nossos olhares.”.

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