Exposição reúne em Vigia 30 imagens de santos e santas do acervo da Igreja Católica

Chamada de “Arte da Paixão - a fé popular”, a exposição foi aberta no domingo, 2, na sacristia da Igreja de Pedras,

O Liberal
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Faz quase meio século que no município de Vigia de Nazaré se viu uma exposição de arte sacra. Em 1974 e 1976, foi exposto um rico acervo de pratarias e imagens que a Igreja da Mãe de Deus abrigava até então. Dessa época, até hoje, a cidade viu esse patrimônio do século XVIII desaparecer. Mas isso não impediu que, nesta Semana Santa, se veja nessa cidade histórica do nordeste paraense, a 96 quilômetros distante de Belém, uma nova exposição, instalada na Igreja de Pedras.

A mostra, idealizada por um grupo de católicos que integram a Pastoral do Turismo da paróquia local, reúne 30 imagens de santos e santas, pertencentes ao acervo da matriz e da própria igreja de Pedras, objetos dos ritos da Igreja e imagens de devoção familiar.

Chamada de “Arte da Paixão - a fé popular”, a exposição foi aberta no domingo, 2, na sacristia da Igreja de Pedras, e ficará disponível para visitação até sábado, véspera da Páscoa. Nos dois primeiros dias, mais de 200 pessoas já visitaram a mostra, que pode ser entendida tanto no contexto religioso, quanto no espectro histórico, “implicando remeter o olhar ao século XVIII, quando na Vigia estiveram pelo menos duas ordens religiosas: a Companhia de Jesus, dos padres jesuítas, e dos Mercedários”, diz Leila Maria Silva da Silva, Coordenadora da Pastur-Vigia.

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Dos jesuítas, Vigia conserva a igreja da Mãe de Deus, que está em processo de reforma, e, provavelmente, de acordo com especialistas, a Igreja de Pedras. Dos padres Mercedários se diz na cidade que restou a imagem do Senhor dos Passos (ou Bom Jesus), que uma vez por ano sai às ruas na Procissão do Encontro, na Sexta-Feira Santa.

A própria sacristia da igreja, sem reboco, expondo a alvenaria de pedra e argamassa de sernambi, se transformou em espaço museológico, tal a estética rústica, que ainda conserva elementos decorativos, de mármore. “Sobre essa igreja ainda há de se fazer muita pesquisa para confirmar ou não se a obra foi mesmo dos jesuítas - conforme afirmam alguns historiadores, entre eles o respeitável jesuíta Serafim Leite, que visitou Vigia em 1940, pesquisando para a sua fabulosa obra ‘História da Companhia de Jesus no Brasil”, conta o jornalista Nélio Palheta, integrante da Pastur-Vigia. “Outras versões dizem que a igreja foi obra da Irmandade de Nossa Senhora de Nazaré, mas não se conhecem concretamente documentos, que são apenas citados por historiadores”, acrescenta o jornalista.

Sabe-se, com segurança, em Vigia, que devotos do Senhor dos Passos, em meados das décadas dos anos de 1930 ou 1940, aproveitaram as ruínas da obra inacabada e construíram a Capela do Bom Jesus, que hoje acolhe devoção da comunidade.

A Igreja de Pedras e a da Mãe de Deus são dois monumentos que se enquadram num contexto religioso e cultural consagrado do município, sendo obras únicas, de quase três séculos. Se há dúvidas sobre a origem da Capela, é fartamente documentado que a igreja da Matriz foi herdada da mais famosa organização de missionários que a Igreja Católica abrigou (até hoje) em todos os continentes, desde 1540, quando foi criada em Paris por um grupo de padres liderados por Inácio de Loyola.

Quem for a Vigia até sábado verá a singular exposição de imagens de santos, cujas datas não se sabe precisar com segurança, além de imagens de devoção familiar. A maioria são obras é dos século XVIII e XIX.

O evento chama atenção para a preservação desse patrimônio que, muitas vezes, passa despercebido; estimula o sentimento de preservação, inclusive no momento em que a prefeitura local toma as providências de restaurar um prédio do século XIX para abrigar o museu municipal e uma biblioteca.
A exposição fica aberta até sábado, 8, e poderá ser visitada no horário das 17h às 21 horas.

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