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Dulce Rocque lança livro autobiográfico em Belém pela defesa da liberdade e democracia

Lançamento será no Museu Judiciário Estadual, em Belém, nesta quarta (10), às 16h

Eduardo Rocha
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Construção. Essa palavra serve como fio condutor da vida de uma paraense que tem muitas histórias para contar. A construção não termina nunca ao longo da vida, como ela bem sabe. Porém, essa protagonista resolveu contar grande parte de suas histórias no livro que lança nesta quarta-feira dia 10, às 16h, no  Museu Judiciário Estadual, em Belém. Desse modo o público vai conhecer histórias muito interessantes e surpreendentes de Dulce Rosa de Bacelar Rocque no livro "Reminiscênias e Testemunhanças...de uma mulher de espírito cabano". Como a relação visceral entre liberdade e democracia.

“A liberdade faz parte da estrutura da democracia...Os direitos não são adquiridos  de forma definitiva. O meu sentimento é que ela, garantindo a dignidade das pessoas, não pode faltar numa democracia. Lógico, no respeito das leis”, diz Dulce em entrevista ao Grupo Liberal.

Esse relato autobiográfico de Dulce resgata a história dela em parte vivida na Itália e na então União Soviética, durante o período de clandestinidade do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da ditadura militar no Brasil. Nessa época, Dulce  apoiou personalidades e intelectuais da esquerda brasileira no exílio, como Luís Carlos Prestes, Salomão Malina, Oscar Niemeyr, Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder e muitos outros que estiveram na Europa para denunciar as arbitrariedades do regime no Brasil.

Dulce Rocque foi perseguida por Filinto Müller, o ex-chefe de Polícia de Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo, que depois se tornou parlamentar da Arena e árduo defensor da ditadura militar. Müller divulgou farta documentação sobre a atividade de Dulce Rocque no exterior, especialmente na condição de estudante na União Soviética, pouco antes de morrer em um acidente de avião na França, em 1973.  Por causa da denúncia de Müller, Dulce Rocque ficou impedida de retornar ao seu país.

Dulce nasceu em Belém em 10 de dezembro de 1943, é formada em Economia pela UFPA em 1967 e em Bolonha (Itália) em 1984; em Economia Política pelo Instituto de Ciências Sociais de Moscou (então URSS) em 1971.

Ela atuou na área do comércio exterior e na regulamentação da luta em defesa do meio ambiente. Também escreveu artigos sobre a Amazônia brasileira.

Foi casada com um italiano, com quem teve uma filha. Ao se separar, descobriu que não poderia voltar ao Brasil com a criança sem a autorização do pai, por causa da lei italiana: "Na Itália, os filhos eram dos pais, não eram filhos das mães", revela. A situação a obrigou a lutar contra o "pátrio poder". 

Dulce Rocque lutou pela anistia dos exilados pela ditadura brasileira, mas não pôde ela mesma retornar ao Brasil, por causa do impedimento de voltar com a filha. Acabou permanecendo por mais de 30 anos no exterior, vivendo experiências únicas agora reveladas no livro "Reminiscênias e Testemunhanças".

Sobre o título do livro, Dulce diz: “Ultimamente muitas ações e abusos, me lembram outras do passado...e eu não gostaria de reviver certos fatos, mesmo se não fui presa, mas  a insegurança, levando ao medo, transforma a vida das pessoas: é pervasiva…“.

Na luta

O ingresso de Dulce Rocque no PCB se deu alguns meses depois do golpe e a atividade política dela se desenvolveu quando esse partido já era clandestino. “Na verdade, pensei até que era brincadeira quando me disseram que já ‘estava dentro’, por ter as mesmas opiniões do pessoal do PCB”

“Eu saí do Brasil para estudar na URSS em agosto de 1969. Depois, em Moscou, conheci um italiano e, após o curso que durava dois anos, fui para a Itália casar...e a vida fez o resto. Casei em setembro de 1971 e, na Itália, comecei depois de uns dois meses a denunciar a ditadura. Me chamava atenção que nem na Itália tínhamos notícias do que acontecia, em surdina, no Brasil”, conta a autora.

Para Dulce Rocque, uma ditadura representa um retrocesso para um país. “É o aumento de prepotências e de atos  arbitrários. A falta de eleições já é um sinal negativo, além de tantas outras arbitrariedades que chegam até  a prisão sem julgamento e as torturas e os assassinatos”.

Como observa Dulce, o Brasil corre “um risco seríssimo” de passar por uma nova ditadura, “relativamente ao estado democrático que renasceu com a Constituição Cidadã de 88”. Nesse sentido, como ressalta nas eleições em 2026 o eleitor brasileiro deve estar atento às “pessoas pouco sérias, que muitas vezes, nem sabem o que dizem”. “Portanto, atenção às promessas e ao passado de certos candidatos”.  E quem fala, conhece de perto a luta pela liberdade e democracia.

 

Serviço:

Lançamento do livro ‘Reminiscênias e Testemunhanças...de uma mulher de espírito cabano’, de Dulce Rocque

LOCAL: Museu Judiciário Estadual, Avenida Nazaré, 582.

Horário: 16h.


 

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