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Dilson Trindade conta em livro autobiográfico a saga de ser amazônida

Engenheiro eletricista de 69 anos mostra como saiu de uma via de pescadores em Marapanim para estudar, ser um profissional no mercado e conhecer e morar em outros continentes

Eduardo Rocha
fonte

Nascer e crescer em uma comunidade pobre no interior de um município incrustado no vasto cenário amazônico com suas belezas e desafios continentais e partir para conquistas no Brasil e em outros países não é tarefa das mais fáceis. No entanto, como se diz que a Amazônia não é para amadores, e  o engenheiro eletricista aposentado Dilson Trindade, 69 anos, topou o desafio. Ele superou a correnteza contrária dos rios de dificuldades e contabiliza um acervo de proezas e histórias. Memórias que ele compartilha agora no livro “Contos Biográficos - baseados em histórias reais (Superação)”, pela Publiart Editora. O lançamento do livro será nesta sexta-feira (30), às 16h, no auditório da Sudam, no bairro do Marco, em Belém. 

Dilson conta que resolveu escrever e lançar o livro pelo fato de ter angariado um legado de vida “a partir da roça” na comunidade de Cipoteua,  no interior do município de Marapanim, no nordeste do Pará, que se estende até as ruas de Nova York (EUA), de Tóquio (Japão), Londres (Inglaterra) e Paris (França). Essa trajetória de vida, envolvendo persistência, vontade de aprender e observação contínua dos fatos e situações  para o crescimento pessoal e profissional. Ele conta que recebeu a sugestão de uma amiga de organizar um blog, mas acabou optando por um livro impresso. “Eu quis compartilhar com as pessoas o que vivi e aprendi com a vida nesses anos todos”, explica.

Todos os contos no livro de fato ocorreram  mesmo na vida de Dilson, como ele atesta. Por exemplo, o próprio nascimento do autor. A mãe de Dilson, a professora Minervina (casada com o pescador e agricultor Jandiá), teve antes dele quatro filhos, mas todos faleceram. O cenário era de preocupação na família e amigos. Mas, quando Dilson vinha como quinto filho, o vigário Edmundo Igreja ouviu da mãe o relato sobre os óbitos anteriores, e a tendência era se perder o próximo filho. Porém, o religioso descobriu que a genitora usava o mesmo enxoval do morto anterior para o seguinte, sem a devida higiene. Então, todas as providências foram tomadas para o nascimento seguro de Dilson. Assim, ele nasceu na sede de Marapanim e, depois de um ano, voltou para a roça, para Cipoteua.

Com o passar dos anos, Dilson dirigiu-se a Belém e formou-se em Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Pará (UFPA). Passou a atuar na antiga Celpa, onde trabalhou por 22 anos. Em sequência, viajou para a Europa, passando a estudar na Universidade de Manchester, na Inglaterra, onde obteve o diploma de pós-graduação. Dilson também fez estudos na Suíça.

Gostar da vida e das pessoas

Sobre as lições ao longo da vida, Dilson Trindade conta que chegou a atuar como ambulante. “Nós mudamos para Belém, eu fui trabalhar na feira.  Então,  o contato com o público em vender, vendia fruta, vendia ovos, vendia café, vendia tudo, era um marreteiro, ambulante. Eu aprendi que quando o público recusava um produto ele tinha as suas razões. Aprendi que a transparência é fundamental na tua formação, tem que ser transparente”, salienta Dilson.

Ele atuou como catequista na Igreja de Santa Cruz, no bairro do Marco. Nesse aprendizado, além da transparência, amorosidade e respeito às pessoas, Dilson assimilou a lição da persistência. “Na primeira vez que fiz o concurso público com 50 vagas em todo o Brasil para ir para a Inglaterra, promovido pelo Conselho Britânico para fazer a pós-graduação na Universidade de Manchester, fiquei na beira. Aí, o coordenador disse para eu não desistir, para eu tentar de novo porque cheguei bem perto de ser aprovado, para eu me preparar para o concurso do ano seguinte. Eu me preparei e passei”, relata. Ele também morou um tempo no Japão, acompanhando a mulher em mestrado nesse país. 

Para Dilson Trindade, nascer e crescer em uma comunidade pobre da Amazônia permanece sendo um “enorme desafio’, porque os recursos são mínimos, ou seja, a infraestrutura para o bem-estar de muitos cidadãos nessa região deixa muito a desejar. Ele pontua que ainda hoje se depara com o desvio de merenda escolar, em muitos casos a principal refeição de crianças de famílias em situação de vulnerabilidade social. “Então, tu tens que ser persistente, resiliente e ter muita dedicação. Eu tinha vontade de dar esse salto de qualidade”, dá a dica Dilson. 

 

Serviço:

Lançamento do livro “Contos Biográficos -

Baseados em histórias reais (Superação)

De Dilson Trindade

Em 30 de maio de 2025, às 16h

no Auditório da Sudam, 

na travessa Antônio Baena, 113

Bairro do Marco - Belém



 

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