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Desfile apresenta looks criados com peças de roupas que seriam incineradas

'O Pará virou moda' deu uma nova cara a uniformes de colaboradores da Equatoria Energia e ainda ajuda na inclusão de mulheres egressas do sistema penal ou em vulnerabilidade social

Enize Vidigal O Liberal
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Uniformes que seriam incinerados viraram peças de alta-costura no projeto “Pará virou moda”, do premiado estilista paraense Tony Palha. O projeto trabalha a inclusão de mulheres em condição de vulnerabilidade social, incluindo egressas do sistema penitenciário, com a realização de curso de corte e costura voltada para a criação de moda. Na segunda-feira, 22, a produção do projeto será exibida com exposição e desfile com looks exclusivos no Mangal das Garças, em Belém, a partir das 17 horas. A produção é de Tiago Gomes.

O desfile de moda investe nos conceitos de sustentabilidade e de customização (nova criação a partir de objetos usados ou que seriam descartados) para criar belas peças conceituais de moda. O projeto começou a ser desenvolvido junto à Fábrica Esperança, a partir da ideia de reaproveitamento de mais de 700 uniformes usados de prestadores de serviço da Equatorial Energia Pará que foram repassados pela concessionária de eletricidade para que fossem incinerados.

Tony Palha pediu a cessão dos uniformes para criar novas peças. Ele desenhou vestidos, calças,  saias, shorts, casaco longo e até fuxicos, dando novos conceitos aos tecidos, gerando 20 novos looks. As peças foram produzidas por 40 alunas durante a oficina de corte e costura. “O mercado está precisando de costureiras. É uma mão de obra escassa. As 20 melhores alunas dos cursos começaram a trabalhar na Fábrica Esperança”, conta.

A Equatorial tornou-se patrocinadora do projeto, por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura, do Governo do Estado, e conta com o apoio da Fábrica Esperança.

“Esse projeto surgiu da necessidade de dar oportunidade para as pessoas. Tudo começou com as egressas da Fábrica Esperança que precisavam de trabalho. Quando soubemos dos uniformes que seriam incinerados, identificamos um nicho para trabalhar”, conta Tony.

Moda paraense tem potencial e precisa expandir

image Estilista Tony Palha e o produtor Tiago Gomes. (Cristino Martins- O Liberal)

“O Pará virou moda” é mais do que um projeto social, é a constatação de um mercado potencial que merece atenção, ampliação e reconhecimento. Tony Palha é estilista desde os Anos 80 e sempre buscou inovar usando o conceito de reutilização e reciclagem para atender à pauta da moda internacional. Ele morou 20 anos na Itália e retornou a Belém na pandemia. O artesanato que produz acessórios e biojoias é um dos focos de interesse do artista, que busca casar esses elementos com peças de um guarda-roupa inovador.

Tony ficou famoso por fazer um vestido de noiva conceitual que teve a saia confeccionada com sacos de lixo tingidos com tinta spray branca. O vestido ecológico rendeu prêmios ao artista, que já expôs seu trabalho no African Fashion Show, na Suíça, desfile organizado pela Organização das Nação Unidas (ONU), em 2004. “Comecei a fazer a abordagem da sustentabilidade sobre a Amazônia. Em Milão, apresentei uma coleção com peças feitas de sacos de café de juta, que estavam carimbados com ‘made in Brasil’”, recorda.

De volta a Belém, o estilista paraense se uniu ao produtor cultural Tiago Gomes para desenvolverem juntos um projeto que pudesse apresentar a cultura e beleza das criações amazônicas de forma sustentável.

A coleção criada com os uniformes dos colaboradores da Equatorial Energia Pará ganharam aparências totalmente novas e exclusivas. Além de incentivar o reaproveitamento do vestuário, o desfile pretende impulsionar o trabalho das artesãs e fomentando a criação de novos produtos para a geração de renda a essas mulheres.

“Nossa preocupação é desempenhar um trabalho de estímulo à criatividade, raciocínio, formação de valores e atitudes éticas sociais. Utilizamos matéria-prima da natureza e materiais recicláveis convertendo-os em arte, demonstrando o cuidado com o meio ambiente e mostrando o Pará de uma maneira mais rica”, destaca Gomes.

O nome da coleção é “Energia”. “Esse é um projeto sobre renascimento e transformação. As mulheres que participam do projeto precisam de carinho e atenção. É uma moda em comportamento, uma moda de em cidadania e uma moda de oportunidade que estamos desenvolvendo”, define o estilista. Os 15 modelos que irão desfilar para a coleção Energia realizaram curso de passarela e de oratória, pois Tony também pretende aquecer o mercado de modelos.

Os planos não param por aí. O fashion stylist anunciou que levará a coleção Energia para um desfile em uma feira de artesanato, cultura e moda na cidade de Pisa, na Itália, no próximo dia 4 de dezembro, com o apoio do projeto na Europa Léa Ferreira, e também ao Anastácia Fashion Operaia Cascina, a convite da Associação Italiana Mãos Ativas.

Tony Palha quer realizar novas edições do “Pará virou moda” com olhar atento à diversidade, como afrodescendentes e pessoas com deficiência. “Precisamos ter um museu de moda, um templo de culturas, onde as pessoas possam aprender, expor e vender para gerar renda. A moda abre as nossas fronteiras, solicializa”.

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Cultura
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