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Curta paraense ‘Americana’ leva temática LGBTQIPNA+ ao Festival Olhar de Cinema, em Curitiba (PR)

Filme traz a figura emblemática de Leona Vingativa e, desde já, causa rebuliço na cena cultural em Belém

Eduardo Rocha
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O cotidiano de um grupo de mulheres trans na Cidade de Belém, precisamente no bairro da Marambaia, periferia da capital do Pará, serve de mote para o curta-metragem “Americana” que traz a abordagem das conquistas e desafios para esse público nas cidades brasileira. Dirigido pela artista multidisciplinar paraense Agarb Braga, esse trabalho será exibido no prestigiado Festival Internacional Olhar de Cinema, em Curitiba, nesta quinta (12). 

A produção reúne um elenco majoritariamente trans e mescla comédia e crítica social em uma narrativa sobre amizade, traição e identidade. A versão online do Festival será realizada entre os dias 20 de junho e 9 de julho na plataforma Itaú Cultural Play (itauculturalplay.com.br), com os curtas-metragens que concorrem na mostra competitiva brasileira. Co-produzido pela Grito Filmes e o coletivo Inovador Talvez Filmes, com apoio do Edital de Audiovisual Fomento Inciso I - Lei Paulo Gustavo (FUMBEL), o filme teve pré-estreia no Centro Cultural Tiradentes, na Marambaia, e agora inicia sua carreira nacional.

Como conta a diretora Agarb. a ideia do filme surgiu a partir da vivência dela na Marambaia, com as amigas. “Em 2018, uma situação pessoal me fez refletir sobre questões relacionadas à amizade e principalmente traição”, diz Agarb. Esses temas já apareciam no  primeiro filme dela, intitulado "Dorso" (2020), e ganharam nova perspectiva quando a cineasta passou a se reconhecer como pessoa trans. "Recriei o que viria a ser 'Americana' a partir dessa nova compreensão de mim mesma", acrescenta.

A busca por financiamento para esse projeto artístico terminou em 2023, por meio da Lei Paulo Gustavo. "É um orgulho enorme para mim e para toda equipe ver esse filme, que carrega tanto das nossas histórias, pronto e sendo reconhecido", comemora Braga.

'Muito dela em mim'

A protagonista/personagem-título de “Americana” é vivida pela multiartista paraense Leona Vingativa. Leona canta, dança, interpreta desde os seus 11 anos de idade e ainda é influencer, como diz. "Jogou trabalho no meu peito, eu tô pegando. É babado!", destaca.

image Leona Vingativa brilha em "Americana", um retrato sobre a vida de pessoas LGBTQIPNA+ em Belém (Foto: Divulgação)

Aos 29 anos, essa jurunense conta que já trabalhou em filmes antes. "Agora mesmo, o 'Salomé' em que eu interpreto uma modelo está rodando o mundo todo, ganhando diversos prêmios e isso me deixa muito feliz. Em 'Americana' eu sou uma das personagens principais, e esse é um projeto que me deixou muito agradecida por ter saído do papel, porque eu me conecto muito com a personagem, eu tenho muito dela em mim", revela Leona.

A atriz pontua estar muito agradecida "por terem me chamado pra brilhar nesse filme". "É de uma responsabilidade enorme, mas toda a equipe e atores com quem contracenei deixaram tudo muito leve e fácil de fazer", conta. Leona dá spoiler do filme, dizendo que as cinco amigas são detidas - o motivo fica para o público conferir no curta -- e "durante os depoimentos muuuitas revelações vêm à tona". "É babado! É lógico que a minha personagem Americana tá no meio desse fervo todo", completa.

O grupo do filme é composto na sua maioria por mulheres trans. Leona diz que são "pessoas incríveis com quem eu tive o prazer de trabalhar. Todos os créditos possíveis para a diretora maravilhosa Agarb Braga, que a partir das vivências dela na Marambaia com suas amigas conseguiu criar uma história tão incrível".

Arte na vida

Leona Vingativa reconhece o valor de "Americana" para a causa das pessoas LGBYQIPNA+. "É a de nós ocuparmos todos os lugares possíveis. Temos pessoas da comunidade talentosíssimas, temos muitas Leonas em bairros periféricos de Belém. Para mim, é muito importante que elas vejam a gente atuando e saibam que elas também podem fazer o que quiser. Seja atuar, seja cantar, seja ser influencers, elas podem tudo!".

Nesse sentido, a identificação de Leona Vingativa com a chamada Sétima Arte é um alicerce e tanto para esse trabalho que o público vai poder conferir em breve. Ela conta que começou a fazer seus vídeos com 11 anos de idade. "Quando ainda nem sequer existiam influencers, eu já criava vídeos com um celular pocket e sempre atuando, sempre entregando obras completas. Pra mim, é como se fosse a consolidação de tudo! E claro que só o começo porque vem muito mais por aí", afirma Leona, consciente do que seja estar em um filme participante de um festival internacional de cinema.

Feliz com o que acontece com "Americana', Leona Vingativa reconhece o valor da arte para a vida de uma pessoa, em especial para pessoas discriminadas e maltratadas na sociedade. "A arte salva! A arte me salvou, sabia? A arte me tirou das ruas, da prostituicao, que infelizmente é o lugar que muitas de nós, trans e travestis, que não são aceitas pelas famílias, não são aceitas no mercado de trabalho e são colocadas à margem da sociedade, são obrigadas a estar. Então, te digo com toda a certeza do mundo, a arte salva! Eu espero que assim como me salvou, e como salvou as meninas desse filme, possa salvar a muitos outros por aí!", finaliza.






 

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