Curta "Flor de Mururé", gravado em Icoaraci, é premiado em Festival de Cinema

O trabalho audiovisual foi premiado com menção honrosa na 29ª edição do Festival Mix Brasil - Cultura da Diversidade

Bruna Lima
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Os distritos de Icoaraci e Outeiro são os cenários do curta paraense "Flor de Mururé", dirigido por Marcos Corrêa e Priscila Duque. Além de já ter sido visto em todas as regiões do país e fora do Brasil, o trabalho audiovisual foi premiado com menção honrosa na 29ª edição do Festival Mix Brasil - Cultura da Diversidade, que aconteceu em São Paulo.

A artista e ativista Priscila Duque explicou que a produção deste trabalho começou desde quando iniciou o grupo de carimbó pau e corda "Cobra Venenosa", em 2016. Nessa época, ela começou a cantar "Flor de Mururé", uma canção composta por um coletivo de sete mulheres.

Ao longo de cinco anos a música foi ganhando cada vez mais significado e os diretores resolveram corre atrás de incentivo para realizar, de fato, a produção do trabalho. "No início da pandemia eu reecontrei o Marcos e no meio daquela tristeza toda de isolamento social iniciamos um processo de escrever projetos. Até que conseguimos o incentivo da lei Aldir Blanc", destacou Duque.

A cantora e diretora do filme disse que mesmo com um valor considerado pequeno para a produção de um filme foi possível realizar um trabalho bonito e com uma equipe com mais de 70 pessoas. "Eu fico toda arrepiada de falar da importância deste trabalho, pois mesmo com pouco recurso ele vem dando resultados maravilhosos e fazendo voos significativos", acrescentou a artista.

A narrativa do filme apresenta um episódio ficcional de violência, tendo como protagonista Gabriela Luz, atriz e travesti, que realizou, com a gravação de “Flor de Mururé”, seu primeiro trabalho após a transição de gênero. A trama, permeada pelo afrofuturismo amazônico, mistura elementos documentais e ficcionais com pitadas de surrealidade. As gravações aconteceram em Icoaraci e Outeiro. A produção, realizada pela Psica Produções, reuniu uma equipe majoritariamente feminina, LGBTQIA+, preta e periférica. 

Participaram das gravações, artistas da cena cultural independente de Belém, donas de casa, travestis, crianças, mulheres e homens cis e trans, mostrando que a luta por uma sociedade menos violenta é uma bandeira que precisa ser levantada por todos.

Também participaram das gravações, pessoas que moram em Icoaraci e Outeiro. “Nossa ideia foi reunir e valorizar principalmente as mulheres que moram nesses lugares. Sempre o que a gente vê nas gravações de filmes e novelas é utilizarem os espaços, mas trazem todo o elenco de fora. Não concordamos com esse formato. Quisemos mostrar as belezas naturais de Icoaraci e Outeiro e, também, a população que vive nesses lugares, para que se sentissem valorizados. Outro ponto foi que além de participar das gravações, as pessoas de Icoaraci também trabalharam no filme, estimulando a geração de renda”, afirma Marcos Corrêa.    

“Flor de Mururé” já conta com mais de 5 mil visualizações no youtube. O filme também foi disponibilizado gratuitamente nessa plataforma, com legendas em inglês e espanhol, para que pudesse alcançar públicos no exterior. “Nossa principal arma é a internet: por meio de divulgação gratuita, conseguimos alcançar espaços antes inimagináveis e pessoas de diferentes lugares. Já está mais do que na hora de a população preta e periférica ter visibilidade e voz, contando nossas próprias narrativas, alcançando premiações que antes nem conseguíamos concorrer. E que seja só o começo.”, conclui Marcos Corrêa.   

 

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