Coluna do Estadão: Moraes aponta 'atuação coordenada' de filhos de Bolsonaro em ordem de prisão
Por Eduardo Barretto, do Estadão
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou "atuação coordenada" de três filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro ao decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro nesta segunda-feira, 4. O magistrado apontou que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares por meio das redes sociais do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL).
O ministro determinou o confisco de quaisquer celulares de posse do ex-presidente. A Polícia Federal foi enviada à casa de Bolsonaro para cumprir a decisão, após Moraes concluir que Bolsonaro descumpriu as medidas cautelares impostas inicialmente.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mora nos Estados Unidos desde fevereiro para buscar sanções contra Moraes e é alvo de um inquérito no Supremo, foi mencionado na ordem de prisão preventiva do ex-presidente.
Para o ministro, as falas de Eduardo nas redes sociais dirigidas aos manifestantes "corroboram (reforçam) a atuação coordenada dos filhos de Jair Messias Bolsonaro a partir de mensagens de ataques ao STF com o evidente intuito de interferir" na ação penal do golpe.
Como mostrou o Estadão no último domingo, 3, durante a manifestação realizada na Avenida Paulista, o ex-presidente discursou por meio de um contato pelo telefone com o filho Flávio Bolsonaro, que publicou o discurso nas redes. Depois, o senador apagou o vídeo. Moraes havia determinado que Bolsonaro não poderia usar as redes, mesmo por meio de terceiros.
A decisão de Moraes citou Flávio Bolsonaro 14 vezes. O magistrado afirmou que o ex-presidente agiu "ilicitamente" ao se dirigir a manifestantes no Rio de Janeiro no domingo, 3, por meio de telefonema com o senador.
"Produzindo dolosa e conscientemente material pré fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o STF e obstruir a Justiça, tanto que o telefonema com o seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram".
Quanto ao vereador Carlos Bolsonaro, o ministro do STF reproduziu na decisão uma publicação do parlamentar com a foto do pai e o pedido para pedir Bolsonaro. O ex-presidente já estava proibido de usar redes sociais, tanto própria quanto de outras pessoas.
Carlos fez a postagem "tendo conhecimento das medidas cautelares, como a restrição ao uso de redes sociais, impostas ao seu pai", escreveu Moraes.
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