'Clima: O Novo Anormal' convida o público de Belém a refletir sobre as mudanças do planeta
Exposição imersiva criada por Fernando Meirelles e Cláudio Ângelo será aberta neste sábado (8), no Centro Cultural Banco da Amazônia, e segue até fevereiro de 2026, com entrada gratuita
As aparências enganam. Quando tudo parece estar tranquilo “até onde se vê”, o clima segue mudando, com efeitos cada vez mais impactantes sobre a vida no planeta. É calor, seca na Amazônia, enchentes no Rio Grande do Sul, desaparecimento de corais, povos em risco — e a lista continua. Diante disso, surge uma pergunta essencial: o que cada um dos 8,2 bilhões de habitantes da Terra, incluindo dirigentes de 195 países, pode fazer para combater as causas e mitigar os efeitos da crise climática?
Esse é o foco da exposição “Clima: O Novo Anormal”, que será aberta neste sábado (8), no Centro Cultural Banco da Amazônia (CCBA), no centro de Belém. A visitação é gratuita e segue até 8 de fevereiro de 2026, período que inclui a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), de 10 a 21 de novembro, também na capital paraense.
Em entrevista coletiva à imprensa, nesta quarta-feira (5), o roteirista da mostra, Cláudio Ângelo; a coordenadora de produção, Patrícia Galvão; o diretor de Crédito do Banco da Amazônia, Roberto Schwartz; a gerente instaladora do CCBA, Ana Amélia Fadul; e a gerente de Marketing e Comunicação do Banco, Ruth Lima, explicaram como será a experiência do público na exposição.
Imersão e reflexão
A mostra, na galeria 3 do CCBA, foi criada pelo cineasta Fernando Meirelles e por Cláudio Ângelo, reunindo experiências imersivas voltadas a públicos diversos, interessados em compreender os fundamentos dos debates climáticos no mundo — especialmente os que envolvem a Amazônia e a COP 30.
“Clima: O Novo Anormal” é uma versão brasileira da exposição “Urgence Climatique”, concebida pela Universcience, instituição pública francesa de divulgação da cultura científica, técnica e industrial, e exibida na Cité des Sciences et de l’Industrie, em Paris. Além de Belém, a mostra também está em cartaz em Brasília (DF), com apoio técnico-científico do Observatório do Clima.
Tecnologia, arte e dados ambientais
A exposição combina painéis, projeções, letreiros, filmes e instalações multimídia que provocam diferentes sensações e reflexões. Entre os destaques estão um globo digital suspenso, com quatro projetores que mostram o aumento das temperaturas e a elevação do nível dos oceanos — em resposta a comandos interativos dos visitantes.
Outros recursos incluem as “climate stripes”, que traduzem graficamente 150 anos de variação de temperatura em capitais brasileiras, como Belém; uma mesa interativa de hábitos alimentares, que mostra a pegada de carbono de cada tipo de alimento; e núcleos temáticos que abordam Efeito Estufa, Combustíveis Fósseis, Uso da Terra, Energias, Pontos de Não Retorno (Tipping Points), Consumo e Da Crise à Ação.
A mostra é trilíngue (português, inglês e francês) e, ao final, o material reciclável será doado a instituições para reaproveitamento.
Mensagens e compromissos
“Queremos deixar as pessoas com raiva”, afirmou Cláudio Ângelo. “Nossa escolha foi fazer uma apresentação crua da realidade do clima, abordando inclusive os impactos já irreversíveis. O público precisa entender que não há saída sem uma grande mobilização da sociedade para pressionar governos — e essa pressão começa na urna”, enfatizou.
Segundo o roteirista, a mostra aborda as duas principais causas da crise climática: o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento. “Trazemos essa discussão para o Brasil, que enfrenta um problema sério com o desmatamento”, completou.
A coordenadora de produção Patrícia Galvão destaca que a exposição “fala muito da Amazônia”. “Timelapses mostram o processo de desmatamento e também o Xingu preservado. Mostramos por que uma reserva indígena é essencial. É um alerta para que as pessoas mudem atitudes pessoais e adotem uma postura coletiva. Essa COP é muito importante, e essa exposição é perfeita para este momento e lugar”, disse.
Investimento e sustentabilidade
O diretor de Crédito do Banco da Amazônia, Roberto Schwartz, afirmou que investir em cultura é investir na forma de pensar. Ele lembrou que o banco destinou R$ 30 milhões ao Centro Cultural e que a variável ambiental tem papel fundamental na concessão de crédito, com incentivos às boas práticas de produção e menor impacto ambiental.
Durante o evento Global Citizen, o presidente do Banco da Amazônia, Luiz Cláudio Moreira Lessa, anunciou a criação de um fundo de R$ 600 milhões, previsto para 2026, voltado ao desenvolvimento sustentável. Já Ruth Lima, gerente de Marketing e Comunicação, destacou que “o momento indica a reinvenção da nossa forma de viver”.
Para o cineasta Fernando Meirelles, a mostra “reflete a missão do Observatório do Clima: apresentar os fatos como eles são”. Segundo ele, “não há solução mágica — apenas a necessidade de adaptação a uma crise em curso. Se há um caminho para a mudança, ele começa pelo voto: escolher líderes que levem o clima a sério”.
Serviço
Exposição: 'Clima – O Novo Anormal'
Abertura: 8 de novembro de 2025
Visitação: até 8 de fevereiro de 2026
Local: Centro Cultural Banco da Amazônia – Av. Presidente Vargas, 800, Belém (PA)
Apoio técnico-científico: Observatório do Clima
Instituição parceira: Universcience (França)
Site: www.climaonovoanormal.com
Instagram: @expoclimaonovoanormalbr
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