Autor une cabanagem com elementos da mitologia amazônica em livro

Revolta popular e social que ocorreu entre os anos de 1835 e 1840, a Cabanagem é um importante recorte da história da Região Norte. No contexto da Guerra dos Cabanos, o escritor e roteirista de quadrinhos Gian Danton, pseudônimo do professor Ivan Carlo, une a batalha histórica com elementos míticos da Amazônia no livro "Cabanagem" e lança uma campanha de financiamento coletivo no Catarse. As doações poder ser feitas até 1º de maio, neste link.

"A história se passa no período da Cabanagem, logo depois da revolta ser sufocada em Belém. A maioria das pessoas acha que a derrota em Belém deu fim à Cabanagem, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: a revolta se espalhou pela Amazônia. Os cabanos percorriam os igarapés agregando pessoas revoltadas com os portugueses. E atrás deles vinha a repressão. O meu livro se passa exatamente nesse período, com um grupo que está indo para o Amapá e sendo perseguido pelos soldados", pontua.

O autor ressalta ainda que não trata-se de uma narrativa de romance, mas  o que ele chama de "fantasia histórica" que dá espaço à mistura de fatos históricos com mitologia amazônica.

"Matinta Pereira, Juraupari, Mapinguari, cobra Norato, vários seres lendários aparecem na história, tomando partido de um lado ou do outro. O livro inclui também um tema que recorrente na minha obra: psicopatas. Na história, o governo contrata um assassino serial para liderar a caçada aos cabanos", detalha Gian Danton.

O trabalho como roteirista de quadrinhos, que desenvolve desde 1989, deu uma característica especial à publicação. "Chamei vários amigos quadrinistas para fazerem ilustrações para o livro. São caras mestres, como Otoniel Oliveira, Andrei Miralha, Antonio Eder, Laudo e Romahs. E nomes menos conhecidos, mas muito talentosos, como Roberto Mendes e Igum D´Jorge. E a capa incrível também é trabalho de um artista de quadrinhos, Chris Ciuffi", ressalta.

O livro 'Cabanagem' de Gian Danton terá ilustrações de vários artistas dos quadrinhos (Divulgação)

O autor comenta ainda que a publicação visa instigar que os nortistas reconheçam a própria história. "Muitos paraenses e amapaenses sabem mais sobre a Revolta Farroupilha do que sobre a Revolta Cabana. Foram mais de seis meses pesquisando em livros, matérias de revistas, teses e dissertações, artigos acadêmicos. Foi também o tempo para conseguir encaixar o que eu queria: uma trama que fosse não só histórica, mas também fantástica, ou de encantaria, como aqui no Norte se costuma dizer", conclui.

O livro deve ser lançado em setembro deste ano. Há, ainda, recompensa aos doadores: como o próprio livro e ilustrações originais, cards da capa autografados pelo desenhista e camisas.