Atriz Zezé Polessa chega a Belém com 'Nara' no Theatro da Paz; confira as datas
O espetáculo tem texto e direção de Miguel Falabella

Em 1982, a inesquecível Nara Leão (1942-1989) gravou "Nasci para Bailar", canção de João Donato e do paraense Paulo André Barata. Essa gravação só fez aumentar a admiração do público do Pará por essa que é uma das cantoras mais importantes e expressivas da música popular brasileira. Pois, neste final de semana, Belém recebe no palco do Theatro da Paz, nesta sexta (14), no sábado (15) e no domingo (16), o espetáculo "Nara", estrelado pela atriz Zezé Polessa, com texto e direção de Miguel Falabella. Com patrocínio exclusivo da Petrobras, "Nara" traz à tona a presença fulgurante e irrequieta dessa artista que marcou a música do Brasil nos anos 60, 70 e 80, por revelar uma postura à frente do seu tempo, política e liricamente. Em entrevista ao Grupo Liberal, Zezé Polessa conta alguns detalhes sobre Nara, que pretendia gravar um disco de músicas indígenas.
VEJA MAIS
"A Nara nasceu para brilhar. Ela foi uma criança muito tímida, era muito "caramujinho" como ela era chamada, o caramujo ou jacarezinho do pântano, aquele que fica mergulhado, só com os olhos para fora", conta Zezé. "É linda a música 'Nasci para Bailar'. Eu amo. A peça é um recorte sobre ela", destaca.
Descobertas
O espetáculo foi pensado com muito carinho para homenagear Nara Leão pelos amigos Zezé e Falabella, ele parceiro de Polessa em projetos teatrais desde 1979. Zezé partilhou com Miguel o desejo de reviver Nara nos palcos. A peça entra em turnê pelo país depois do enorme sucesso no Rio de Janeiro (por dois meses). O público confere, então, memórias, fatos e curiosidades sobre essa artista. Além das apresentações, haverá oficina com atores locais neste sábado (15), das 9h às 13h, na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Ainda na pandemia da covid-19, Zezé passou a ler uma das biografias da cantora - "Ninguém pode com Nara Leão", de Tom Cardoso. "Eu me apaixonei por ela. Eu conhecia a cantora, ouvia as músicas, conhecia um pouco do ativismo político dela, já tinha visto algumas entrevistas dela. Mas a partir desse livro eu fiquei muito impactada como as posturas, com a inteligência, com a sensibilidade, com a música, com a importância dela na música brasileira, na cultura brasileira. Então, eu criei essa oportunidade de interpretar a Nara", destaca a atriz.
Única
Zezé conta que o mais desafiador na preparação para interpretar Nara Leão foi se aproximar de um personagem forte que existiu. "Ela era uma pessoa muito única assim, ela se permitia, tinha muita liberdade de ser, inclusive, pela educação que ela teve com um pai bastante liberal. Então, eu tinha o cuidado de não destoar muito disso", conta.
O preparo para concretizar o espetáculo foi longo. Incluiu atenção com a seleção e interpretação das músicas. Zezé recebeu aulas com um professor de canto, até porque as músicas da Bossa Nova, sobretudo, têm melodias muito sofisticadas. "Já a pegada do samba de morro já era outra", como relata Zezé. Ainda existem as músicas nordestina e canções de protesto, as músicas do histórico show 'Opinião' e no 'Liberdade, Liberdade', no leque de estilos da cantora. "Ela também foi virando uma cantora. Ela dizia que não era cantora, nem queria ser cantora. Ela gostava era de mostrar aquelas músicas que ela foi descobrindo e que ela lindas e achava importante as pessoas saberem a qualidade e a beleza da música brasileira. Ela era muito indignada com o espaço da rádio para a música estrangeira. Enfim, era uma brasileira assim muito brava", destaca Zezé.
Zezé adianta que "Nara" está estruturado de forma interessante: graças ao privilégio do teatro, como diz Polessa, Nara está morta, mas pode estar presente novamente, por meio do trabalho da atriz, e, então, a cantora revive, se emociona novamente. Ela fala de uma teoria metafísica, tudo o que se viveu está gravado em torno do planeta e que se pode acessar isso, que são mais que lembranças, são vivências que voltam inesperadamente às vezes. Mas, na peça, é uma hora marcada em que ela disposta a reviver coisas da sua vida. "Então, o espetáculo não é documental, não é narrado, ele é vivo por ela, por intermédio de mim. Essa é a estrutura".
Identidade
Pela primeira vez trabalhando em Belém, Zezé Polessa tem toda uma carreira como atriz, carreira essa iniciada quando ela estudava na Aliança Francesa do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, e se formou um grupo de teatro na Aliança Francesa, de Copacabana. Ela foi para lá, e foi, então, a primeira peça em que ela atuou, apresentando na sexta, sábado e domingo na Sala Moliére, no porão da escola, com o restante da unidade escolar todo fechado. Os críticos foram assistir ao espetáculo, e Zezé ganhou um prêmio de atriz revelação em 1973. A peça era "Os Infortúnios de Mimi Boaventura", após ela ter atuado em "Drácula".
Agora, o público vai conferir Zezé interpretando ao vivo alguns dos sucessos de Nara Leão, como "A Banda", "Corcovado" e "Marcha da Quarta-feira de Cinzas". O espetáculo conta com a direção musical de Josimar Carneiro. "Nara" tem financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura, patrocínio exclusivo Petrobras | Programa Petrobras Cultural. A produção é assinada pela Quintal Produções. Em Belém, o espetáculo tem produção local da LM Produções.
SERVIÇO:
"Nara"
14/06, sexta-feira às 20h
15/06, sábado às 16h (sessão extra)
15/06, sábado às 20h
16/06, domingo às 19h
Oficina
15/06 - 9h às 12h na Escola de Teatro e Dança da UFPA, na Jerónimo Pimentel.
Ingressos na Bilheteria do Teatro ou pelo site www.ticketfacil.com.br
Classificação etária: livre
Duração: 80 minutos
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA