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Artistas criam alternativas para sobreviver diante do isolamento social

Cantores, compositores, músicos, técnicos e outros contam como fazem para enfrentar a crise

Bruna Lima

A mudança da rotina de vida imposta para o combate do novo corona vírus afetou todos os setores, mas pode-se dizer que o da classe artística é um dos mais prejudicados, uma vez que os profissionais como músicos, técnicos de som, roadie e entre outros trabalhadores que compõem a cadeia de produção estão impossibilitados de exercerem suas atividades e, consequentemente, de receberem dinheiro para o sustento.

O estudo da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos – ABRAPE aponta que  51,9% dos eventos programados para 2020 foram cancelados, adiados ou estão em situação incerta. Outro dado relevante aponta que 92% das empresas já sentem ‘no bolso’ o impacto e somam perdas que podem chegar a R$ 290 milhões, considerando-se apenas o universo das associadas.

Os resultados preocupantes inspiraram a entidade a iniciar uma campanha para que as pessoas não solicitem o estorno de pagamentos de ingressos. Um plano de ação também está em andamento para sensibilizar o Governo Federal sobre a necessidade de medidas urgentes para evitar o colapso do segmento.

Diante da nova realidade, artistas paraenses dizem que estão passando por um momento de dificuldade, mas também de reflexão, uma vez que ainda não sabem sobre quais medidas devem tomar para se restabelecerem financeiramente.  No caso do cantor Jeff Moraes, que costuma ter uma agenda de shows garantida nos finais de semana está sendo complicado, já que o artista vive apenas da música.

"Está sendo bem difícil mesmo para mim, pois meus shows todos foram cancelados e meus projetos foram adiados. Logo, isso não afetou apenas a minha rotina diária, mas sim a minha vida financeira. Tem muita gente dentro dessa cadeia artística que trabalha para garantir o almoço do dia seguinte. Imagina o que é isso?", reflete Jeff.

O trio Farofa Tropikal precisou desmembrar temporariamente até que a rotina de vida volte ao normal. A banda que já tem um público cativo às quartas-feiras no Espaço Cultural Apoena  precisou desmarcar os compromissos para atender a exigência da Organização Mundial  de Saúde. 

O guitarrista da banda, Lorran Bornmann, disse que não pensou duas vezes e viajou para Curitiba para passar esse período de quarentena ao lado da família, já que não teria como se manter em Belém sem o recebimento dos cachês.

"O momento é delicado para mim e para a maioria dos artistas, pois é algo que não tivemos a chance de nos preparar. Foi um baque muito grande, pois como já estávamos acostumados com uma serie de shows e compromisso ficou complicado. Quem trabalha na noite ganha para comer no outro dia", diz Lorran.

Economia criativa e colaborativa como uma das soluções

A produtora cultural Lorena Saavedra diz que está mais que na hora de os artistas entenderem que o trabalho coletivo e colaborativo é de grande importância. Pois os artistas são criativos no processo de composição, produção de peças e demais modalidades dentros da arte e isso dá potencia de fala necessário para o entendimento da sociedade.

Portanto, uma das soluções de acordo com Saavedra é de os artistas se mobilizaram e criarem formas de arrecadação de modo coletivo. “Sabe o modo de viver em comunidade, o modo de partilhar. É isso que estamos precisando neste momento. A comunicação e a união desses artistas como uma instituição única”, pontua Saavedra.

Outro ponto importante colocado pela produtora é com relação a mentalidade de os artistas se colocarem como profissionais de arte e também de ocorrer uma nova consciência por parte dos consumidores, já que em tempos de quarentena o que as pessoas mais estão consumindo são filmes, séries, aplicativos de música e entre outros produtos de entretenimento criados por artistas.

“É um processo de evolução tanto para os artistas que eu acredito que vão passar por esse momento e sair mais fortes e cheios de ideias e soluções importantes. E também para a sociedade como um todo, pois quem tiver um mínimo de sensibilidade vai saber da importância de valorizar os artistas”, destaca Saavedra.

A produção das lives no instagram foi a forma imediata que os artistas encontraram para não perderem o contato com o público, porém a maior parte deles não obtém uma recompensa financeira imediata para efetuarem o pagamento dos boletos do mês.

Apesar de ficar matutando por uma solução, Jeff disse que ainda não conseguiu pensar em algo imediato, mas gostaria de ter auxilio do governo, uma vez que é a primeira vez que o artista se depara em ficar impossibilitado de obter dinheiro para o sustento.

"Todo mundo correu para o universo online para fazer liveshow, mas até o momento não estamos tendo retorno financeiro. E a minha preocupação é que essa situação dure dois, três meses e, de fato, não sei o que vai acontecer", desabafa Jeff. 

Lorran também fala sobre o universo da internet, onde chegou a participar de algumas lives e ganhou permuta e algumas contribuições. Mas ele não enxerga, pelo menos nesse primeiro momento, como um espaço de retorno imediato. “Algumas pessoas estão colaborando, fazendo doações, mas fica complicado se manter dessa forma”, acrescenta Lorran.

Para os artistas que já tem visibilidade nacional esse modelo de liveshow funciona sem prejuízo, uma vez que serve de palco e de manter o publico próximo. O cantor Wesley Safadão depois do seu projeto WS em Casa, gravado em 2016, fará sua terceira live diretamente de sua casa no Ceará, onde gravará músicas inéditas para o seu novo trabalho, WS em Casa 2.

A Live acontecerá no próximo dia 18 de abril, às 20hs, através do canal do cantor no YouTube.

Quem fez história com a produção de live foi o sertanejo Gustavo Lima. Ao todo, a transmissão atingiu mais de 11 milhões de pessoas, sendo 750 mil acessos simultâneos que o fizeram superar os números da cantora Beyoncé, que liderava o ranking mundial no Youtube.

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Cultura
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